Brumadinho: após audiência nesta terça-feira, a Vale afirmou também que ainda não há definição de valores para um eventual acordo (Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Mariana Martucci
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 18h15.
Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 21h19.
O governo de Minas Gerais e instituições do sistema de Justiça não aceitaram nesta terça-feira proposta financeira da mineradora Vale para um acordo global relacionado a reparações pelo desastre de Brumadinho (MG).
Segundo comunicado divulgado pelo governo de Minas, a proposta feita pela Vale "não está em conformidade com as premissas que haviam sido acordadas".
O secretário-geral do Estado de Minas Gerais, Mateus Simões, afirmou em entrevista após a audiência que a mineradora propôs o pagamento de R$ 21 bilhões para encerrar o processo que pede a indenização de danos materiais e morais por conta do rompimento da barragem, em janeiro de 2019.
"Não estamos dispostos a permitir que Brumadinho se transforme numa segunda Mariana (onde houve o desastre da Samarco, em 2015). Esse acordo não vai ser feito para que não seja cumprido ou executado", afirmou Simões. O depoimento a jornalistas foi postado no Twitter.
Segundo o secretário, o valor apresentado não cobre sequer os danos materiais causados pelo acidente, calculados em R$ 26 bilhões pelo Estado de Minas. Além disso, ainda faltariam valores relativos a danos morais. Na petição encaminhada à Justiça o governo local, Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia-Geral da União pedem R$ 54,6 bilhões.
Ainda segundo a nota, a Vale solicitou prazo para análise das considerações feitas pelo Estado sobre o assunto. Uma nova audiência foi marcada para o dia 9 de dezembro.
Pouco antes, a Vale havia informado que segue mantendo um "diálogo construtivo" com o governo de Minas Gerais e instituições de Justiça visando um possível acordo global sobre Brumadinho (MG).
Após audiência nesta terça-feira, a Vale afirmou também que ainda não há definição de valores para um eventual acordo relacionado ao desastre com uma barragem de rejeitos de mineração que deixou cerca de 270 pessoas mortas, em janeiro de 2019.
A mineradora informou ainda que está agendada para 9 de dezembro uma nova audiência.
Na reunião desta terça-feira, no Cejusc, órgão de mediação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ficou acordado que a empresa estenderá um pagamento emergencial para o mês de dezembro, segundo a companhia.