André Augusto, CEO da Hypper brands e Nicholas Acquaviva, fundador da Good Cop: a marca Good Cop será mantida após a fusão (divulgação/Divulgação)
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Publicado em 13 de novembro de 2025 às 11h39.
No Brasil, os donuts ainda não viraram o que é lá fora: uma sobremesa onipresente no cotidiano, como brigadeiro é aqui. A Hypper Brands, holding de franquias de alimentação fundada em 2023, quer mudar isso. E está apostando alto para ocupar esse espaço.
A empresa anunciou a fusão entre as marcas T.Donuts, de propriedade da holding, e Good Cop, rede fundada por Nicholas Acquaviva em 2019, que se popularizou pelas collabs com marcas como Barbie, Hello Kitty e Nickelodeon.
O resultado será a maior operação de donuts do país: 50 lojas ativas e projeção de alcançar 100 unidades até o fim do ano que vem. Uma das apostas para acelerar o crescimento da rede é a redução do investimento inicial para os novos franqueados, passando de R$250 mil para um valor entre R$150 mil e R$180 mil.
O movimento coroa a estratégia de consolidação liderada por André Augusto, CEO da Hypper Brands. Em 2022, ele teve a ideia de iniciar uma rede de franquias de crepes franceses, a Crepefy, depois de uma viagem a Paris. Menos de três anos depois, comprou cinco marcas, entre elas a rede Mr. Cheney.
“Queremos democratizar o donut no Brasil. A fusão com a Good Cop nos dá uma marca forte, conectada ao público jovem, com uma estética moderna e bom produto”, afirma o executivo.
O próximo passo é a expansão nacional e a transformação da Good Cop em um negócio mais escalável.
“Nosso objetivo é ser a referência brasileira em donuts, com uma marca nascida aqui, mas com qualidade e presença global”, afirma Nicholas Acquaviva, que segue como CEO da Good Cop dentro do grupo. “Foi um caminho solitário empreender sozinho até aqui. Com a Hypper, a estrutura vem para potencializar a criatividade”, completa.
Com a fusão, a marca única Good Cop será mantida, enquanto o rebranding das unidades T.Donuts deve ser finalizado nos próximos três meses.
A Hypper oferece suporte e compensações financeiras para os franqueados realizarem essa transição. “É uma mudança delicada, especialmente para quem acabou de abrir uma loja com a marca antiga. Mas a maioria entende que está entrando para uma rede mais forte, com presença nacional e apelo de marca”, explica André.
Nicholas Acquaviva entrou no setor em 2019 e comemora o que considera um feito da Good Cop: ensinar o brasileiro a gostar de donuts.
O nome da marca vem de um trocadilho com “Good Cop, Bad Cop” (bom policial, mau policial), referência da cultura pop americana. Mas o restante da inspiração é “brazuca”: os donuts contam com recheios de paçoca, Romeu e Julieta e sabores sazonais inspirados em festas brasileiras, como São João e Carnaval.
“Não queremos competir só pelo produto, mas pela experiência. O Brasil tem uma tendência de importar conceitos prontos dos Estados Unidos. A diferença é que o Good Cop é feito aqui, com um branding que conversa com o consumidor local”, diz Acquaviva.
A estética da marca, com lojas coloridas, mascote carismático (um panda dentro de um donut) e forte presença digital — atraiu um público jovem. Além disso, as colaborações com marcas globais e grandes influenciadores geraram buzz nas redes e ajudaram a construir a identidade do negócio.
“A Good Cop sempre foi democrática. A gente está em shopping de luxo e também em centro popular. A marca tem essa versatilidade, que agora vai ser fortalecida com estrutura”, comemora o fundador.
Entre os franqueados, a fusão foi recebida de forma positiva, mas trouxe desafios operacionais. O principal está na unificação de identidade entre a T.Donuts e a Good Cop.
Para a Hypper, unificar a marca traz ganho de escala, posicionamento mais forte e vantagem competitiva em um mercado que começa a ser disputado por players internacionais — como a chegada da Krispy Kreme, rede americana, no país.
Segundo os fundadores, o foco será manter o donut como carro-chefe, mas ampliar o cardápio com cafés, bebidas geladas e produtos mais saudáveis, de olho nas tendências globais.
“Não dá mais para ser monoproduto”, explica Acquaviva. “Nos Estados Unidos, o Dunkin’ Donuts virou só Dunkin’ e hoje vende mais café que donuts. Aqui, a ideia é a mesma: manter o donut como ícone, mas atrair o consumidor por outras razões também”, complementa.
Com essa estratégia, a Hypper Brands projeta alcançar mil lojas e R$ 1 bilhão em faturamento até 2029, apoiada em tecnologia e um modelo de franchising mais enxuto.
“Nosso papel é entregar um modelo de negócio lucrativo, com gestão profissional e suporte completo. E agora, com a Good Cop, temos uma marca brasileira forte para liderar esse movimento”, afirma André.