Santiago Gómez e Alejandro Casas: "Este ano, 40% do nosso crescimento virá do Brasil" (Simetrik/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 07h04.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2024 às 14h51.
A colombiana Simetrik mexe com um negócio complexo, o sistema de conciliação de contas - ou a gestão entre as saídas e entrada no fluxo de pagamentos. Os colombianos Santiago Gómez e Alejandro Casas descobriram a oportunidade de negócios enquanto prestavam consultoria para empresas como Rappi, startup também fundada no país.
Os dois, um da área de tecnologia e o outro com formação em administração de empresas, enveredaram neste mercado logo após decidirem ‘matar’ uma primeira startup, um e-commerce de roupas com o qual participaram da aceleração da Y Combinator.
Na transição, enquanto conversavam como CFOs, times de contabilidade e de operações financeiras, perceberam que poderiam criar uma solução para a principal dor dos clientes: o dinheiro que se perdia em meio a processos burocráticos.
“A nossa pergunta era: onde está a sua principal dor e a que te fará nos pagar dinheiro suficiente para saná-la”, afirma Casas. “Os clientes apontaram as conciliações transacionais, bancárias e operacionais”.
Assim nasceu o modelo de Simetrik, um software no-code, como uma espécie de lego, em que as equipes de contabilidade e de operações financeiras das empresas podem manusear a tecnologia a depender dos pagamentos e dos fluxos que gerem.
Com um formato de bloco de construção, o sistema pode ser modulado. “As pessoas podem fazer automatizações sem depender de equipe de desenvolvimento e profissionais técnicos. E, ao mesmo tempo, encontram todos os elementos que uma empresa grande precisa implementar em escala”, afirma Casas. Hoje, o sistema da Simetrik reúne 75 desses blocos de pagamento.
Em operação desde o começo de 2021, a Simetrik acaba de receber um aporte de US$ 55 milhões, o equivalente a R$ 271 milhões. Negociada por 4 meses, a rodada série B foi liderada pelo Goldman Sachs, a partir da área de Growth Equity.
A iniciativa foi acompanhada ainda pela fintech Collective, líder na série A de US$ 24 milhões, e pelos fundos: Cometa, Falabella Ventures, Endeavor Catalyst, Actyus, Moore Capital Management, Mercadolibre Fund, além dos cofundadores da Vtex.
Os novos recursos serão usados para estruturar o crescimento global. A startup opera em 35 países, mas a receita está concentrada na América Latina. O Brasil está entre os maiores mercados, atrás apenas de Argentina e Colômbia. Por aqui, empresas como Nubank, PagSeguro, Oxxo, Itaú e MadeiraMadeira usam as soluções. “Este ano, 40% do nosso crescimento virá do Brasil”, afirma Casas.
A transformação no mercado de pagamento com a entrada de novos serviços e produtos tem criado uma complexidade cada vez maior globalmente, o que abre, na perspectiva dos fundadores, novas oportunidades de avançar por outros mercados. No horizonte, estão mercados como Ásia, Europa e África.
“Essa inundação de produtos e serviços novos está complicando muito para as equipes. Eles têm que aprender e automatizar os processos para trabalhar com essas inovações”, afirma. “O PIX, no Brasil, é um exemplo. Os times tiveram que aprender a contabilizar as transações, como controlar o negócio e pagar os impostos e taxas”.
A startup irá destinar outra parte do aporte para investimentos em IA em busca de tornar os blocos inteligentes. A ideia é ampliar a eficiência das soluções, identificando eventuais riscos nas operações e otimizando os tempos de processamento.
Atualmente, circulam pela plataforma mais de 200 milhões de registros de pagamentos por dia. Em volume financeiro, a estimativa é de que, anualmente, a movimentação supere a casa de US$ 150 bilhões.