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Goldman perde no Brasil para rivais que pagam em dinheiro

No quesito bonificações, Bradesco BBI e Itaú BB se destacam sobre os concorrentes estrangeiros por pagarem alguns banqueiros 100% em dinheiro


	Funcionário entra na sede do Goldman Sachs em Nova York: na instituição, todos os banqueiros de investimentos recebem parte das suas bonificações em ações
 (Getty Images)

Funcionário entra na sede do Goldman Sachs em Nova York: na instituição, todos os banqueiros de investimentos recebem parte das suas bonificações em ações (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2014 às 14h52.

São Paulo - O Goldman Sachs Group Inc. e o Credit Suisse Group AG usaram a temporada de bonificações no Brasil como uma oportunidade de reduzir o pessoal de investment banking, ainda que alguns rivais locais tenham registrado uma receita recorde após adicionar funcionários.

As bonificações foram completamente eliminadas para alguns banqueiros na Goldman Sachs, medida que contribuiu para a saída de cinco executivos no mês passado, segundo duas fontes do setor que disseram que a companhia eliminou empregos na área de investment banking de 45 há um ano para 25 posições hoje.

Cerca de dez banqueiros saíram da Credit Suisse após receberem bonificações menores que as do ano passado, disseram duas outras fontes. As fontes solicitaram o anonimato porque as saídas não foram anunciadas.

“Alguns bancos americanos e europeus relocaram seu foco para os mercados locais porque há mais atividade lá, e no Brasil temos uma cifra decrescente de remunerações”, disse Jean Marc Etlin, CEO de investment banking do Banco Itaú BBA SA, primeiro colocado no Brasil em honorários em 2013 segundo a empresa de pesquisa Dealogic, com sede em Londres.

O total do conjunto de honorários de investment banking do país caiu 12 por cento para US$ 831 milhões em 2013, mostram os dados da Dealogic, e poderia diminuir mais 20 por cento neste ano, segundo Guilherme Paes, diretor de investment banking do Grupo BTG Pactual.

O BTG, com sede em São Paulo, foi o segundo colocado nos rankings da Dealogic, que se baseiam em estimativas. O Goldman Sachs saiu dos primeiros dez lugares pela primeira vez em quatro anos, mostram os dados.


Copa do Mundo

A demanda por assessores de fusões e subscritores de ações e títulos poderia diminuir neste ano em meio às previsões de um crescimento econômico mais lento e à medida que as companhias adiam as transações até depois da Copa do Mundo em junho e das eleições presidenciais em outubro.

Para piorar o pessimismo em relação às taxas de investment banking, especula-se que a nota de crédito do Brasil será rebaixada por causa dos déficits orçamentários do governo e que haverá uma redução na demanda por ativos de mercados emergentes, provocada pela redução do programa de estímulo econômico da Reserva Federal americana.

Alguns bancos locais aumentaram sua participação de mercado no ano passado, mesmo em meio à contração do mercado. O Banco Bradesco BBI SA, o braço de investment banking com sede em Osasco do Banco Bradesco SA, arrebatou 10,9 por cento das taxas da indústria no ano passado, frente a 9,3 por cento em 2012, segundo a Dealogic.

Uma vantagem do Bradesco BBI e do Itaú BB sobre os concorrentes estrangeiros é a composição dos pagamentos, segundo três fontes do setor. As companhias darão a alguns banqueiros 100 por cento das suas bonificações anuais em dinheiro, e somente os chamados diretores estatutários recebem 50 por cento em ações, disseram as fontes.


É diferente do que acontece em bancos como o Goldman Sachs e o Credit Suisse, onde todos os banqueiros de investimentos recebem parte das suas bonificações em ações e os executivos do alto escalão recebem até 80 por cento dessa forma, disseram três fontes do setor.

Ranking de taxas

O Credit Suisse, que possui cerca de 800 funcionários no Brasil, manteve o terceiro lugar no ranking de remunerações de investment banking pelo terceiro ano consecutivo em 2013, disse a Dealogic. Em 2010, era o primeiro colocado.

Entre outros bancos estrangeiros que estão reduzindo operações no Brasil está a Barclays Plc, com sede em Londres. O chefe de operações creditícias da companhia no Brasil e dois diretores saíram da empresa quando o credor reduziu sua unidade global de renda fixa, moedas e commodities, disseram duas fontes do setor neste mês.

Empresas estrangeiras de private-equity poderiam compensar parte das reduções, disse Paes do BTG.

“O Brasil está se tornando mais barato em dólares, então observamos que muitos agentes financeiros internacionais de private-equity com moeda forte estão vendo uma oportunidade”, disse Paes. “A nossa carteira de fusões e aquisições continua sendo muito forte”.

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