A segunda maior companhia aérea brasileira espera uma recuperação ainda em 2011, porém em escala menor (Divulgação/EXAME)
Da Redação
Publicado em 12 de agosto de 2011 às 13h35.
São Paulo - A redução de custos parece ser o melhor caminho para a recuperação da rentabilidade da Gol, que viu seu prejuízo líquido tombar mais de sete vezes no segundo trimestre. A companhia quer reduzir milhões de reais em custos enquanto prevê ligeira recuperação nos yields, indicador referencial do preço de passagens aéreas, nos próximos meses.
Após uma queda de quase 14 por cento no yield do segundo trimestre, a segunda maior companhia aérea brasileira espera uma recuperação no indicador ainda em 2011, porém em escala menor.
Segundo o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, os yields mostrarão recuperação de 4 a 5 por cento "nos próximos meses ou trimestres (...) Tenho expectativa de que isso comece a melhorar ainda esse ano", disse o executivo em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre.
Com o incremento da concorrência, vinda também de empresas de menor porte como a Azul, que seguem ampliando sua participação no mercado doméstico, a Gol viu seu yield cair 13,8 por cento sobre o segundo trimestre de 2010 e 8,2 por cento sobre os três primeiros meses do ano, colaborando para um prejuízo de 358,7 milhões de reais de abril a junho.
Para o executivo, entretanto, a recuperação dos resultados da companhia virá mais da capacidade da Gol em reduzir custos. A empresa adotou plano para cortar 650 milhões de reais em custos que deve ter impacto completo no final de 2012. A cifra corresponde a três vezes o saldo do lucro líquido da empresa em 2010.
De acordo com o vice-presidente de financeiro, Leonardo Pereira, a redução de custos "é mais que um corte, é uma otimização". "Você vai ver isso na linha de manutenção, em outras despesas... você vai ver isso em várias linhas do nosso resultado."
Pereira afirmou ainda que "com o fato da gente não poder assegurar que a linha de receita vai melhorar na velocidade que a gente gostaria, tendemos a ser mais agressivos na parte de custos".
Recompra
A companhia, que no final de julho cortou drasticamente a previsão de margem de lucro operacional em 2011, de 6,5 a 10 por cento para 1 a 4 por cento, anunciou ainda um programa de recompra de até 10 por cento de suas ações preferenciais. No ano até o final de julho, os papéis da empresa acumularam desvalorização de 51,8 por cento.
Nesta sexta-feira, as ações da companhia recuavam 3,7 por cento, enquanto o Ibovespa caía 0,43 por cento.
"A Gol divulgou resultados ruins que foram menores do que nossas piores estimativas. Apesar de acreditarmos que os resultados vão impactar as ações hoje, este deve ser um momento muito bom para quem quer ter posição na ação, uma vez que continuamos confiantes sobre os fundamentos da empresa no médio prazo", escreveram analistas do Bradesco BBI, em relatório.
No trimestre passado, a geração de caixa da Gol medida pelo Ebitdar --sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves-- ficou negativa em 67,6 milhões de reais de abril a junho, contra resultado positivo de 274,2 milhões um ano antes. A margem despencou de 17,2 para índice negativo de 4,3 por cento.
Diante da alta no custo de combustível, a Gol decidiu no segundo trimestre devolver aeronaves de baixa performance de consumo, o que acabou ampliando o prejuízo do período. A devolução acontece enquanto a empresa se prepara para incorporar a Webjet, quarta maior empresa aérea do país.
O presidente da Gol afirmou que a incorporação da Webjet, cuja aquisição foi anunciada em julho, deve acontecer já no terceiro trimestre e que no momento a companhia está aguardando autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para o negócio.
"A consolidação do balanço da WebJet na holding não vai alterar os índices de alavancagem (da Gol), disse Constantino.