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Sindicato fala em locaute na fábrica da GM

Metalúrgicos acusaram a montadora de prática de "locaute", quando a empresa impede a entrada de trabalhadores em suas instalações, proibida pela legislação brasileira

O complexo da GM em São José dos Campos abriga oito fábricas (Bill Pugliano/Getty Images)

O complexo da GM em São José dos Campos abriga oito fábricas (Bill Pugliano/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2012 às 12h06.

São Paulo - A General Motors anunciou nesta terça-feira que decidiu suspender as atividades no complexo fabril em São José dos Campos (SP) enquanto negocia com um sindicato local sobre o destino de uma linha de produção de veículos que estão sendo substituídos por novos modelos montados em outras unidades.

A montadora concedeu licença remunerada aos cerca de 7,2 mil trabalhadores da instalação nesta terça-feira, com objetivo de "proteger a integridade física dos colaboradores enquanto continuam as discussões com os representantes sindicais em relação à viabilidade de uma das fábricas do complexo", afirmou a GM em comunicado ao mercado.

Apesar disso, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos acusou a montadora norte-americana de prática de "locaute", quando a empresa impede a entrada de trabalhadores em suas instalações, proibida pela legislação brasileira.

Segundo o sindicato, os trabalhadores foram surpreendidos com a decisão da empresa de impedir a entrada na fábrica. "Até mesmo os funcionários terceirizados foram proibidos de ter acesso à empresa", informou a entidade.

A GM disse em nota à imprensa que a decisão de fechar a instalação nesta terça-feira foi tomada depois que "considerou as fortes evidências --nas últimas horas e dias-- de mobilizações internas no complexo e entende que o momento atual é delicado e prefere não expor seus empregados a eventuais incitações e provocações comuns".

Apesar disso, o sindicato informou que "em nenhum momento houve intimidação da entidade para com os trabalhadores" e que a atitude da GM em fechar a unidade reforça a expectativa de grande número de demissões na linha conhecida como MVA.

O complexo da GM em São José dos Campos abriga oito fábricas que além de motores, transmissões e outros componentes abriga a linha MVA, responsável pelos modelos Corsa Hatchback, Meriva e Classic. Estes modelos estão sendo substituídos por outros veículos, como a perua Spin, fabricada em São Caetano do Sul, na região metropolitana de SP.

Em 2008, houve o último acordo da montadora com o sindicato para a produção de um novo veículo em São José dos Campos, a nova versão da picape S10, que é montada em uma linha diferente do complexo.


Este mês, a linha MVA encerrou a produção da Zafira. Além disso, a produção do Corsa, que operava em dois turnos, passou recentemente a apenas um turno.

Segundo o sindicato, o fechamento da MVA poderá resultar na demissão de 1.500 funcionários, cifra que a GM não confirma.

"A atitude deles (GM) hoje só reforça a expectativa de demissão em massa", informou representante da entidade, acrescentando que os planos para esta terça-feira incluíam assembleia de trabalhadores e um ato pacífico na frente da fábrica, à tarde. Com o fechamento dos portões, a entidade vai promover uma assembleia em sua sede ainda nesta terça-feira.

A GM tem reunião marcada com sindicato e integrantes do governo na quarta-feira. Procurada, a empresa não informou se a paralisação do complexo poderia ser ampliada para a quarta-feira.

Os trabalhadores do complexo promoveram greve de 24 horas na segunda-feira da semana passada, em protesto contra o possível corte de pessoal na MVA. No dia seguinte, representantes do sindicato se reuniram com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que se comprometeu a levar a questão à presidente Dilma Rousseff para evitar eventuais cortes de empregos na montadora .

Além da acusação de locaute, o sindicato acusa a GM de descumprir acordo com o governo de manutenção de empregos em troca de redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A montadora diz que não descumpriu o acordo firmado no final de maio e válido até o final de agosto, pois está contratando trabalhadores em outras fábricas no país, como em São Caetano do Sul, Gravataí (RS) e Joinville (SC).

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