Logo da General Motors na sede da empresa, em Detroit (EUA) 25/08/2009 REUTERS/Jeff Kowalsky (Jeff Kowalsky/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de julho de 2021 às 17h51.
Última atualização em 2 de julho de 2021 às 18h11.
A General Motors está investindo em um projeto de lítio nos Estados Unidos que pode se tornar o maior do país até 2024, fazendo com que a fabricante se torne uma das primeiras a desenvolver sua própria fonte de um metal de bateria crucial para a eletrificação de carros e caminhões.
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A GM, com sede em Detroit, fará um investimento "multimilionário" para ajudar a desenvolver o projeto geotérmico de água salgada Hell’s Kitchen, da Controlled Thermal Resources (CTR) no Mar de Salton da Califórnia, aproximadamente 258 quilômetros ao sudeste de Los Angeles.
O acordo, anunciado nesta sexta-feira, chega no momento em que fabricantes de automóveis ao redor do mundo sofrem para ter acesso a lítio e outros metais para veículos elétricos, na medida em que motores de combustão interna são deixados para trás.
"Isso suprirá uma quantidade considerável de nossa necessidade de lítio", afirmou Tim Grewe, diretor de estratégia de eletrificação da GM.
A empresa se recusou a ser mais específica na quantidade de seu investimento, mas afirmou que o projeto de lítio será usado para construir veículos elétricos nos Estados Unidos e que engenheiros da GM e cientistas visitarão o local uma vez que as restrições de viagem relacionadas à pandemia acabarem.
Embora outras fabricantes, incluindo a chinesa Great Wall Motor e a BYD, tenham investido em produtores de lítio no passado, nenhuma parece ter tomado um passo tão agressivo para fazer parte do processo de produção, como a GM está fazendo com a CTR.
A medida pode levar outros fabricantes de automóveis a buscar parcerias similares, especialmente porque a demanda pelo metal deve passar a oferta em 20% dentro de quatro anos, segundo o consultor da indústria da Benchmark Mineral Intelligence.
O projeto Hell’s Kitchen pode chegar a produzir 60.000 toneladas de lítio — o suficiente para fabricar cerca de 6 milhões de carros elétricos, dependendo do design — até meados de 2024, se tudo correr como o planejado, afirmou Rod Colwell, presidente executivo do CTR. A empresa deve obter licenças ambientais do governo federal até o fim do próximo ano.
Essa produção tornaria o Hell’s Kitchen da CTR o maior produtor do metal branco nos Estados Unidos, com quase o dobro do planejado por um projeto rival de Nevada da Lithium Americas.
"Há uma grande janela de oportunidade aqui para desenvolver mais lítio nos Estados Unidos", afirmou Colwell.
O anúncio acontece duas semanas depois de a GM aumentar seu orçamento para veículos elétricos e autônomos em 75%, para 35 bilhões de dólares.
O processo geotérmico envolve a extração de água salgada rica em lítio e superaquecida de reservatórios com 2,4 quilômetros de profundidade e o uso do calor para produzir eletricidade. Em seguida, o lítio é extraído da salmoura.
A água salgada então é reinserida na terra, tornando o processo mais sustentável do que minas a céu aberto e lagoas de evaporação de salmoura, os dois métodos mais comuns para produzir o metal branco.
A Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, opera usinas geotérmicas no Mar de Salton e no passado estudou maneiras de produzir lítio no local. Estima-se que a região do Salton contenha mais de 15 milhões de toneladas de lítio, segundo a Serviço Geológico dos Estados Unidos.
A CTR, que recebeu financiamento do estado da Califórnia ano passado, afirmou que seu projeto emitirá 15 vezes menos dióxido de carbono do que minas de lítio na Austrália, a maior produtora do mundo.
A GM também está conversando com outras empresas americanas para o fornecimento de lítio, incluindo aquelas que planejam produzir o metal com argila, água salgada e outras fontes geológicas, disse Grewe.
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