Refrigerantes do passado: sabores seguem na memória olfativa (e afetiva) dos clientes (Montagem/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de outubro de 2025 às 07h12.
Quem viveu nos anos 1980 bem que deve lembrar de alguns sabores de refrigerantes que há tempos não estão mais no mercado brasileiro.
Para além das centenárias marcas como Coca-Cola e Guaraná Antárctica, que sobreviveram e crescerem com o tempo, alguns desses sabores seguem apenas na memória olfativa (e afetiva) dos clientes.
É o caso da Crush, que por muito tempo rivalizou com a Fanta, e sua essência de cascas de laranja, e a Gini, produzida pela Pakera, com o aroma do limão.
Relembre a história, o sucesso e as mudanças dessas e de outras marcas na reportagem abaixo.
Terceira maior empresa de bebidas do Rio de Janeiro, a Pakera produziu um dos refrigerantes mais conhecidos no Brasil nos anos 1970 e 1980: o Gini, feito com limão.
A marca, porém, enfrentou grande concorrência de outras marcas multinacionais, como Coca-Cola, Fanta e Soda, o que acabou tornando insustentável sua permanência no mercado nacional. Isso levou ao desaparecimento da bebida dos pontos de venda na década de 1990.
Neste ano, a empresa de Sorocaba, no interior paulista, Bellpar Refrescos, voltou com a marca. Diferente das famosas garrafas de vidro, a nova versão vem em garrafas PET, e há também opção sem açúcar.
Fora daqui, a Gini nunca parou de produzir. A marca foi criada em 1971 pela Perrier e adquirida pela Cadbury Schweppes em 1989. Hoje, no Brasil, a Schweppes segue funcionando.
Atualmente, a Gini é fabricada pela Suntory. Segue bem conhecida na França, onde seu slogan é “La plus chaude des boissons froides”, “a mais quente das bebidas geladas”.
"Quem bebe Grapette repete". O famoso slogan reflete um sucesso das bebidas gaseificadas do século passado.
Em 1930, o químico americano, Benjamin Tyndle Fooks, elaborou uma fórmula de bebida gaseificada com sabor de uva à qual deu o nome de Grapette.
Após a Segunda Guerra Mundial, Fooks finalmente chegou ao sabor especial que tanto buscava e Grapette foi sucesso imediato nos Estados Unidos, tendo conquistado um grande número de consumidores naquele país.
No Brasil, chegou em 1948, por meio da Companhia de Refrigerantes Guanabara, do Rio de Janeiro. Por aqui, a bebida repeitu o sucesso dos Estados Unidos e várias franquias e distribuidoras foram abertas nacionalmente.
Em 1973, a Saborama Sabores e Concentrados para Bebidas passou a ser a detentora da marca e formulação do tradicional refrigerante sabor uva em todo o território nacional foi responsável pelo lançamento do sabor framboesa, uva verde e da versão dietética do refrigerante. A marca segue funcionando até hoje.
Durante muito tempo a Crush foi considerada a maior rival da Fanta, uma das principais marcas da Coca-Cola. Criada em 1911 pelo químico americano Neil C. Ward, a bebida usava óleo de cascas de laranja e, depois, o próprio suco da bebida, para criar o sabor.
No Brasil, a marca funcionava num modelo comum dos anos 1970: havia uma licença, como franquia, e várias empresas produziam a bebida pelo país. Entre as empresas que engarrafavam a bebida estão a Golé, de Uberaba e a Pakera, de Magé, no Rio de Janeiro.
A Crush deixou de ser produzida no Brasil nos anos 1990, quando as licenças da marca não foram renovadas. No início dos anos 2010, a Coca-Cola adquiriu a licença e voltou a produzi-la, numa edição limitada no país. A empresa circulou com guaraná e suco de caju na composição em 2011 na região do Cariri, no Ceará.
Outro refrigerante de laranja que foi um sucesso no Brasil foi a Mirinda, uma das estrelas dos anos 1980 e 1990.
A marca surgiu em 1959, na Espanha, e foi comprada pela PepsiCo em 1970. Começou a ser vendida nos países árabes ao final da década de 1970.
No Brasil, o Mirinda sabor laranja foi comercializado até cerca de 1998, sendo gradativamente retirado do mercado e substituído pela Sukita, que se tornou a aposta da Ambev para o mercado brasileiro.
A 7Up é uma marca de refrigerante criada em 1929.
A história da 7Up remonta a St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos.
A bebida foi desenvolvida por Charles Leiper Grigg, um empresário que já havia trabalhado na indústria de refrigerantes.
Inicialmente, era chamado de "Bib-Label Lithiated Lemon-Lime Soda". O nome era um tanto complicado, mas a bebida ganhou popularidade devido ao seu sabor único de limão-lima. Em 1936, a marca passou por uma mudança de nome e marketing. A Bib-Label Lithiated Lemon-Lime Soda tornou-se oficialmente 7Up, e a campanha publicitária associou o número 7 ao frescor e à vitalidade. A ideia era que a bebida "7Up" estava sempre "7-Up", significando uma bebida sempre revigorante.
No Brasil, a 7up deixou de ser distribuída em 1997, devido à baixa receptividade do consumidor. A bebida foi relançada apenas do Rio Grande do Sul, sob o nome de Teem. Modificada e com doses menores de sabor de limão, sua fórmula resultou na bebida H2OH!, lançada no Brasil em 2006.