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Ghosn critica sua detenção prolongada, impensável em "outra democracia"

"Me recusaram a liberdade sob fiança. Não seria normal em nenhuma outra democracia no mundo", disse o executivo

Ex-presidente do conselho da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn (Regis Duvignau/Reuters)

Ex-presidente do conselho da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn (Regis Duvignau/Reuters)

A

AFP

Publicado em 31 de janeiro de 2019 às 10h39.

Detido no Japão por acusações de malversação financeira, o ex-presidente da montadora francesa Renault Carlos Ghosn disse nesta quinta-feira (31) à AFP que a recusa a soltá-lo sob fiança "não seria normal em nenhuma outra democracia", afirmando que foi "punido antes de ser declarado culpado".

Na primeira entrevista a veículos da imprensa estrangeira desde sua detenção em 19 de novembro, Ghosn declarou ainda que um "exército na Nissan" tenta "destruir sua reputação".

Alvo de três acusações por abuso de confiança e ocultação de rendimentos às autoridades financeiras entre 2010 e 2018, Ghosn nega envolvimento em qualquer atividade de malversação.

Ele esperava poder ser posto em liberdade sob fiança para então falar do assunto, mas, após vários golpes, decidiu contra-atacar na imprensa.

"Estou concentrado, quero lutar para restabelecer minha reputação e me defender contra falsas acusações. Me recusaram a liberdade sob fiança. Não seria normal em nenhuma outra democracia no mundo", afirmou, em entrevista à AFP e ao jornal francês "Les Echos", no centro de detenção em Tóquio.

"Por que me puniram antes de ser declarado culpado?", questionou Ghosn, de 64 anos.

"Tenho diante de mim um exército na Nissan. Centenas de pessoas se dedicam a este caso, 70 no gabinete do promotor, e eu estou preso há mais de 70 dias. Não tenho telefone, nem computador, como posso me defender?", acrescentou.

Na quarta-feira, em uma entrevista ao jornal econômico japonês "Nikkei", já criticou abertamente os dirigentes da Nissan, o construtor nipônico que o derrubou após ordenar uma investigação interna a partir do verão de 2018.

Segundo ele, quiseram tirá-lo, porque tinha "o projeto de integrar" Renault, Nissan e Mitsubishi Motors, repetiu o ex-dirigente nesta quinta.

"É um caso de traição. Há várias razões para isso. Havia muita oposição e ansiedade sobre o projeto de integrar as companhias (Nissan, Renault, Mitsubishi Motors)", insistiu.

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