Gabriela Ruggieri, da Kamay: o Brasil será um dos nossos principais mercados (Kamay Ventures/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 15 de dezembro de 2023 às 12h07.
Última atualização em 15 de dezembro de 2023 às 14h38.
No Brasil há alguns meses, a Kamay Ventures selecionou a Nude como a primeira startup do país para receber investimento. A gestora argentina colocou US$ 500.000 na operação da foodtech que fabrica substitutos lácteos à base de aveia.
O investimento é parte de uma rodada bridge de série A captada no começo de 2022 e liderada pela Vox Capital, fundo dedicado ao investimento em empresas de impacto socioambiental positivo. Na ocasião, a startup recebeu R$ 25 milhões. Além dos recursos da Kamay, a bridge contou com um pequeno follow-on da Vox. O valor não revelado.
A Kamay funciona como uma estrutura de corporate venture capital (CVC), com investimentos de companhias como Coca-Cola, Grupo Arcor, dono da Tortuguita e 7belo, e, mais recentemente, a rede mexicana de alimentos e panificação Bimbo. O fundo, em captação até março de 2024, tem um valor limite de 30 milhões de dólares.
Com o veículo de investimento, procura startups que atuam na cadeia de negócios das empresas patrocinadoras. Entram no radar, startups com soluções de logística, IOT, soluções de comércio digital, fintechs, inteligência de consumo, agtechs, biotecnologia, saúde nutricional e sustentabilidade.
O fundo foi criado em 2019 na Argentina e migrou logo depois para os Estados Unidos, operando dentro de um feeder fund da Overboost, empresa de venture building e gestão de fundos.
A mudança foi um recurso para fugir das reviravoltas na política argentina, quando o governo de Alberto Fernández criou restrições para empresas nacionais investirem em outros países.
Com os rearranjos, o fundo entrou em operação em novembro de 2021. Originalmente, o plano era investir em startups da Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. A mudança levou a gestora a ampliar a tese para todos os demais países da América Latina.
Até agora, o veículo investiu em 12 startups, sem contar a Nude, negócios que, normalmente, estão em mais de um país. Entre elas, estão a colombo-mexicana Ruedata, de gestão logística de pneus, e as argentinas Auravant e Wiagro, de agricultura digital, todas com operações no Brasil.
A entrada tardia da operação no país está relacionada à estrutura anterior do fundo e também ao valuation das startups brasileiras quando a tese foi reajustada.
“Agora, o Brasil se torna um dos principais mercados. Ali, no comecinho de 2021, o país estava muito caro e você podia encontrar oportunidades em outros países da região sem toda a bolha presente aqui. Hoje, como tudo ficou mais racionalizado, fica mais fácil”, afirma Gabriela Ruggeri, sócia-diretora da Kamay Ventures.
O Brasil deve receber em torno de 35% dos investimentos do fundo. Ou seja, a gestora deve ampliar os anúncios de startups investidas nos próximos meses.
A escolha do Nude foi potencializada pela relação da startup com a Vox Capital, fundo que apresentou a tese à Kamay. “Nós nos relacionamos com outros investidores e, como a Vox já tinha investido na Nude, isso nos deu segurança para acompanhar seguir com as conversas”, diz Ruggieri.
A partir de agora, a proposta de Kamay é ajudar a Nude a se conectar com os grupos parceiros para fortalecer os planos de expansão da marca pela América Latina.
“Nós achamos que a Nude pode entrar em outros mercados da região. E, neste sentido, tanto o Grupo Arcor quanto a Coca-Cola têm réguas de distribuição muito importantes e podem ser um canal para ajudar neste processo”, afirma a gestora da Kamay.