Negócios

Gerdau renegocia termos de dívida de US$ 3,7 bilhões

Empresa afirma que problemas financeiros são atípicos e devem ser resolvidos até o final de 2010

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

São Paulo - Líder na América Latina no mercado de aço, a Gerdau anunciou nesta segunda-feira (22) que renegociou alguns termos de uma dívida de 3,7 bilhões de dólares com credores. O acordo foi firmado com cerca de 40 instituições financeiras até setembro de 2010.

A empresa terá de manter a relação entre dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de impostos e amortizações) inferior a cinco vezes - antes esse limite era de quatro. O limite máximo de dívida bruta ficou estabelecido em 11 bilhões de dólares.

A Gerdau realizou nos últimos anos diversas aquisições de siderúrgicas menores em vários países. Com a crise, a geração de caixa da empresa teve uma severa diminuição, o que piorou seus indicadores de solvência.

Apesar dos problemas financeiros a empresa mantém o otimismo. "Ressalta-se que este acordo é uma demonstração clara do sólido relacionamento que a Gerdau construiu ao longo dos anos com a comunidade financeira nacional e internacional e o entendimento de que os fatores que têm afetado a geração de caixa da Companhia são completamente atípicos e que deverão, ao longo de 2010, voltar a um patamar que permitirá à empresa atender às cláusulas de performance originais."

Em comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira (22), a Brascan Corretora afirma que é improvável a quebra do acordo da Gerdau por conta de sua situação financeira. "Segundo nossos cálculos, o atual covenant, que estabelece um teto para a Dívida Líquida/Ebitda de 5 vezes, implica em uma necessidade de um Ebitda acumulado nos últimos 12 meses de, no mínimo, 3,3 bilhões de reais, considerando o endividamento líquido constante. Ou seja, seria necessária uma queda de 67,4% do Ebitda em 2009 frente a 2008 para que a cláusula não seja cumprida."

Um ponto positivo destacado pela corretora à favor da Gerdau é a crescente recuperação das atividades dos Estados Unidos que atingiu 47,7% na última semana. O mercado brasileiro, por sua vez, tem sido beneficiado pelos estímulos governamentais anunciados nos últimos meses. "A redução do IPI para os automóveis, para eletrodomésticos e o pacote ‘Minha Casa, Minha Vida’ têm sustentado a demanda por produtos siderúrgicos e levado a uma melhora dos indicadores do setor", disse a corretora. Além disso, o anúncio da retomada da produção de um alto forno da Gerdau Açominas também contou positivamente para a análise da Brascan. A Gerdau opera hoje com 60% de sua capacidade.

Apesar de amenizar as preocupações quanto à piora no seu endividamento financeiro, a Brascan também aponta as dificuldades pelas quais a Gerdau está passando no setor siderúrgico brasileiro, americano e europeu. Ao renegociar as cláusulas antigas, a empresa indica que o cenário pode continuar deteriorado nos próximos trimestres. “Mantemos nossa postura de cautela em relação à performance do setor siderúrgico brasileiro e mundial, visualizando uma recuperação mais significativa desta indústria apenas a partir do quarto trimestre de 2009”, anotou a corretora.

O otimismo sobre a melhora de performance da empresa parece não ter sido suficiente para alavancar seus papéis. Às 15h43, as ações preferenciais da siderúrgica (GGBR4, sem direito a voto) caíam 3,8%, negociados a 19,22 reais. Os papéis preferenciais da metalúrgica (GOAU4) registravam queda de 3%, negociados a 24,19 reais. No mesmo instante, o Ibovespa caía 3,1%, aos 49.782 pontos. 

Acompanhe tudo sobre:Dívidas de paísesEmpresasEmpresas brasileirasGerdauIndústriaSiderurgiaSiderurgia e metalurgiaSiderúrgicas

Mais de Negócios

Franquias no RJ faturam R$ 11 bilhões. Conheça redes a partir de R$ 7.500 na feira da ABF-Rio

Mappin: o que aconteceu com uma das maiores lojas do Brasil no século 20

Saiba os efeitos da remoção de barragens

Exclusivo: Tino Marcos revela qual pergunta gostaria de ter feito a Ayrton Senna