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Gerdau e Vale colhem ganhos com a queda do real

A desvalorização do real em 13% aumenta as receitas em moeda local de companhias de vendas ao exterior


	Estruturas de aço da Gerdau: a Metalúrgica Gerdau, que concentra 60% de suas vendas fora do Brasil, e a Vale, que recebe 80% de sua receita do exterior, se beneficiaram da desvalorização
 (Paulo Fridman/Bloomberg News)

Estruturas de aço da Gerdau: a Metalúrgica Gerdau, que concentra 60% de suas vendas fora do Brasil, e a Vale, que recebe 80% de sua receita do exterior, se beneficiaram da desvalorização (Paulo Fridman/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2013 às 12h38.

São Paulo e Nova York - A queda que está fazendo do real a moeda de pior desempenho entre as principais moedas do mundo está dando um impulso aos exportadores de commodities como a Metalúrgica Gerdau SA e a Vale SA.

Sete das nove empresas de matérias-primas, com participação no índice de referência Ibovespa, divulgaram lucros que superaram as previsões para os três meses encerrados em junho, segundo dados compilados pela Bloomberg. Foi a primeira vez que a maioria delas superou as estimativas desde o segundo trimestre do ano passado.

A Gerdau SA, controlada pela Metalúrgica Gerdau e que é a maior recicladora de aço da América Latina, informou lucros três vezes acima do previsto para o segundo trimestre do ano, a maior surpresa positiva na indústria.

O real caiu 13 por cento nos últimos três meses, ampliando sua queda para 32 por cento em dois anos, já que o vacilante crescimento na maior economia da América Latina reduz o investimento estrangeiro no país. Ao mesmo tempo, a desvalorização do real aumenta as receitas em moeda local de companhias de vendas ao exterior.

"É verdade que as expectativas eram muito baixas, mas tivemos alguns resultados positivos no segundo trimestre, com metais e mineração estando entre os destaques", disse Rodolfo Amstalden, analista de ações da empresa de consultoria Empiricus Research, em uma entrevista por telefone de São Paulo. "Não é para comemorar com champanhe, mas merece pelo menos uma cerveja."


Queda do real

A Metalúrgica Gerdau, que concentra 60 por cento de suas vendas fora do Brasil, divulgou lucros ajustados de 37 centavos (US$ 0,16) por ação no segundo trimestre, em comparação com a estimativa média de R$ 0,9 entre dois analistas, segundo dados compilados pela Bloomberg. As ações ganharam 4,7 por cento, na primeira rodada após a divulgação dos resultados.

Embora a dívida em dólares da companhia Vale represente 98 por cento do total do passivo, a maior produtora de minério de ferro do mundo recebe 80 por cento de sua receita do exterior, de acordo com a declaração de rendimentos da empresa. Seu lucro real de R$ 1,04 por ação atingiu a estimativa média de R$ 1,02 feita entre nove analistas. A ação ganhou 5,4 por cento desde que os resultados trimestrais foram anunciados em 7 de agosto após o fechamento dos mercados, reduzindo a queda deste ano para 23 por cento.

O real do Brasil também foi a moeda de pior desempenho nos mercados emergentes no segundo trimestre, recuando 9,4 por cento, já que a Reserva Federal indicou que começaria a reduzir o estímulo monetário dos EUA que tem alimentado a demanda por ativos mais arriscados. Mesmo após a queda, o real ainda é cerca de 10 por cento mais forte do que a taxa média de câmbio desde a flutuação brasileira em 1999, de acordo com dados do Banco Central.

Recuperação das ações

"A taxa de câmbio atual está colaborando para melhorar a competitividade da indústria siderúrgica", disse André Johannpeter, diretor-presidente da Gerdau, em uma teleconferência com analistas em 1 de agosto.


A maioria dos efeitos positivos da desvalorização do real para os resultados da Vale ocorreu em junho, disse o diretor financeiro Luciano Siani, em uma teleconferência com analistas em 8 de agosto.

"Esta temporada de lucros é um bom sinal de que existem empresas lá fora conseguindo aumentar a produtividade", disse Eduardo Carlier, por telefone de São Paulo. Ele é um gestor de fundos que ajuda a administrar R$ 3,5 bilhões na unidade brasileira da Schroders Plc, com sede em Londres. "Ajudou a sustentar os lucros líquidos depois que o mercado caiu para níveis que eram muito pessimistas."

Previsão de lucros

Embora a maioria dos produtores de commodities tenha atingido as estimativas da Ibovespa, o período de abril a junho marcou o sétimo trimestre consecutivo no qual mais da metade dos membros do índice de referência registraram lucros menores do que o previsto.

A maioria das empresas do Ibovespa registrou resultados decepcionantes, porém houve melhoria suficiente no trimestre para sugerir que os ganhos saíram do fundo do poço e estão prestes a começar a se recuperar, disse Rodolfo Amstaldem, analista da Empiricus Research.

"No início desta temporada de lucros, as expectativas eram muito baixas", disse Amstaldem. "Depois dos números que vimos, acho que nas próximas o pessoal não estará tão pessimista."

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