Luxo: consumidores chineses foram responsáveis por 90% de todo o crescimento do mercado em 2019 (Lisi Niesner/File Photo/Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 25 de fevereiro de 2020 às 10h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2020 às 10h00.
O mercado asiático, as vendas online e consumidores mais jovens são os principais motores de crescimento do setor de luxo. Esses fatores não só impulsionam as vendas, mas também transformam a maneira como são feitas, com mais influência dos canais digitais e busca por experiências pessoais com as marcas.
O mercado de produtos e experiências de luxo atingiu 1,3 bilhão de euros em 2019, ou 1,4 bilhão de dólares, alta de 4%, de acordo com estudo realizado pela consultoria Bain & Company. Até 2025, a base de clientes de luxo aumentará para 450 milhões, ante 390 milhões em 2019, graças à crescente classe média, principalmente da Ásia.
O estudo é realizado há 18 anos para a Fondazione Altagamma, associação comercial italiana de fabricantes de bens de luxo.
Se nos anos anteriores as experiências cresceram mais do que a compra de bens, como alta de 6% na alimentação gourmet e de 9% em cruzeiros de luxo, este ano o mercado volta a ser impulsionado pelo consumo de produtos.
Calçados e jóias tiveram alta de 9% e produtos de couro, como bolsas e carteiras, cresceram 7%. Os carros de luxo representam a maior parte do mercado, com alta de 7% no ano, para 550 bilhões de euros.
A China, bem como outros países da região da Ásia e Pacífico, se mantiveram aquecidos, enquanto o crescimento foi mais modesto na Europa, Américas e no resto do mundo.
Os consumidores chineses foram responsáveis por 90% de todo o crescimento do mercado em 2019, sendo responsáveis por 35% do valor de todos os bens de luxo vendidos no ano.
As vendas no país asiático cresceram 26% no ano e chegaram a 30 bilhões de euros. O mercado também está mais forte: a alta nas vendas foi sustentada por políticas governamentais e por consumidores que passaram a comprar mais na própria China, ao invés de no exterior. Já em Hong Kong, os protestos prejudicaram o mercado, que caiu 20% no ano.
Os consumidores da chamada geração Y, aqueles nascidos entre 1980 e 1995, já são compradores assíduos de produtos de luxo há alguns anos. Eles representavam 35% do consumo em 2019 e até 2025 poderiam representar 45%.
Mas a geração mais nova, também chamada de Z, está entrando no mercado com novas preferências e busca por novas experiências. Em 2035 eles podem representar 40% das compras de luxo, contra apenas 4% hoje.
Conhecer essas duas gerações é essencial para o mercado. Em 2019, as Gerações Y e Z contribuíram com todo o crescimento do setor.
Produtos mais responsáveis social e ecologicamente é uma das tendências que esse público trouxe para o mercado de luxo. 80% dos consumidores de produtos de luxo dizem que preferem marcas mais socialmente responsáveis.
Além disso, esse público prefere se relacionar com as suas marcas preferidas, tanto pela internet quanto em lojas físicas, além de apenas consumir os produtos.
Globalmente, as vendas online continuam a ganhar participação e agora representam 12% do mercado. Os canais digitais também agem como influenciadores das compras, mesmo em lojas físicas. 75% das transações foram influenciadas pelo canal online e 20% a 25% das compras começaram pela internet ou foram ativadas digitalmente.