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Líderes precisam considerar gênero na crise climática, diz Mary Robinson

Mary Robinson, especialista em defesa dos recursos naturais e primeira mulher a assumir a presidência da Irlanda, defendeu a equidade de gênero e justiça climática na COP26; leia entrevista exclusiva

Mary Robinson: “É necessário que tenhamos gênero no centro das mudanças climáticas porque temos injustiças sociais que afetam as mulheres profundamente (Simone Padovani/Awakening/Getty Images)

Mary Robinson: “É necessário que tenhamos gênero no centro das mudanças climáticas porque temos injustiças sociais que afetam as mulheres profundamente (Simone Padovani/Awakening/Getty Images)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 3 de novembro de 2021 às 14h12.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 12h30.

*De Glasgow, na Escócia

Com a intenção de frear o aquecimento global em 1,5 grau, os líderes empresariais, governamentais e a sociedade civil tem se reunido na Conferência das Partes, a COP26, em Glasgow na Escócia. Para além dos acordos legais e os anúncios financeiros já realizados – ou ainda esperados para os próximos dias – há um importante debate sobre justiça climática, de forma a ajudar aqueles que mais sofrem com as mudanças no clima.

Equidade de gênero práticas sociais, ambientais e de governança são fundamentais para o desenvolvimento econômico. Entenda mais no curso da EXAME.

Neste cenário, um importante painel na COP26 nesta quarta-feira, 3, foi o Mobilizando Financiamento Climático Equitativo, Justo e Sensível ao Gênero, com a especialista em defesa dos recursos naturais do planeta, Mary Robinson, também a primeira mulher a assumir a presidência da Irlanda e autora do livro Justiça Climática.

“É necessário que tenhamos gênero no centro das mudanças climáticas porque temos injustiças sociais que afetam as mulheres profundamente. Hoje tivemos depoimentos de representantes do Togo do Malawi, e vimos como as mulheres têm sido muito ativas em comunidades locais e como suas vozes encorajam politicamente”, disse em entrevista exclusiva à EXAME.

Para Robinson, quando se olha para o Brasil é importante entender a representação e importância das mulheres em diferentes comunidades.

“É preciso entender o valor que as mulheres indígenas trazem para a floresta, as tradições e seus comportamentos. Por exemplo, o Brasil faz parte do acordo com mais de 100 países que buscam deter o desmatamento, e parte disto tem que ser direcionado aos indígenas”. Ainda segundo Robinson, o que acontece na esfera estadual e local também precisa ser considerado.

“A mensagem que estou tentando passar é que os líderes dos países precisam levar a crise a sério, e considerar gênero. Não podemos mais esperar cinco anos para um acordo, e todos os anos temos que fazer mais, com mais dinheiro para adaptação climática e menor dano”.

União pelo Clima

Falar sobre justiça climática é também entender que todos fazem parte do mesmo desafio. Para isto, Robinson acredita que há três passos a ser tomados individualmente.

“A crise climática faz parte de suas vidas. Para ajudar você pode buscar fazer algo diferente, como reciclar; pode ficar indignado com aqueles que não estão fazendo o suficiente; e agir para o mundo que podemos criar, com mais ecologia, trabalhos na economia verde e mais”, afirma.

Exame na COP

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) é um tratado internacional com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

Uma das principais tarefas da COP é revisar as comunicações nacionais e os inventários de emissões apresentados por todos os países membros e, com base nessas informações, avaliar os progressos feitos e as medidas a serem tomadas.

Para além disto, líderes empresariais, sociedade civil e mais, se unem para discutir suas participações no tema. Neste cenário, a EXAME atua como parceira oficial da Rede Brasil do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas.

 

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