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General Mills e Yoki: um negócio bilionário em meio a uma tragédia

Morte de neto do fundador da Yoki não atrapalha o acordo, mas americanos terão, agora, de lidar com o clima pesado

General Mills: contratempos não alteram acordo de compra da Yoki (Divulgação)

General Mills: contratempos não alteram acordo de compra da Yoki (Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 6 de junho de 2012 às 17h04.

São Paulo – A venda da Yoki para a americana General Mills marca o desfecho de uma história familiar envolta em disputas internas. O clima pesado não abandonou os Matsunaga nem durante o anúncio da venda da empresa que fundaram.

Quando o negócio foi divulgado, em 24 de maio, a família vivia um drama particular: Marcos Kitano Matsunaga, de 42 anos, neto do fundador da Yoki e então diretor executivo da empresa, estava desaparecido desde o dia 19.

Segundo uma fonte a par das negociações, embora ocupasse um cargo elevado na Yoki, Marcos não era o representante oficial da família nas conversas com a General Mills – e, por isso, o acordo foi em frente.

A avaliação foi compartilhada pelos Matsunaga. Em entrevista à Giro News, o advogado da família, Luiz Flávio D’Urso, também afirmou que a morte de Marcos não atrapalha o acordo. Procurada por EXAME.com, a General Mills preferiu não comentar o assunto, e limitou-se a divulgar uma nota de condolências à família.

“A General Mills lamenta esta tragédia horrível e vai apoiar os familiares do Sr. Marcos Kitano Matsunaga de todas as formas possíveis. Nossos corações estão com eles”, afirmou, em comunicado. Sobre a aquisição da Yoki, a empresa diz que “já divulgou todos os detalhes que pretendia sobre a transação.”

Disputas de família

O assassinato de Marcos pela sua esposa, que confessou nesta quarta-feira o crime, alimenta ainda mais o clima já pesado em torno dos fundadores da Yoki.

De acordo com uma matéria recente do Estadão, a Yoki estava à venda desde o ano passado por causa da dificuldade do grupo em encontrar sucessores.


As duas herdeiras da companhia, Misako Matsunaga (mãe de Marcos) e Yeda Kitano Cherubini, não se interessavam em tocar a administração do negócio fundado por seu pai, o imigrante japonês Yoshizo Kitano. E travavam uma rixa familiar.

De um lado, Yeda era casada com o vice-presidente da companhia, Gabriel Cherubini. Do outro, Misako era a esposa Mitsuo Matsunaga, diretor-presidente e principal executivo da Yoki. Desentendimentos sobre as questões administrativas e quedas de braço entre os Matsunagas e os Cherubinis eram comuns – divergências que culminaram com a venda da companhia para a multinacional.

Daqui para a frente

O conturbado cenário familiar da Yoki faz com que se questione quanto o momento seria propício ou não para a General Mills ter realizado a compra. Mas, visto de forma isolada, ele não arranha a trajetória de sucesso da companhia traçada por seu fundador, Yoshizo Kitano, até o estágio atual de maturação da companhia, hoje com faturamento de 1,1 bilhão de reais.

A história da Yoki começa com a fundação da Kitano, em 1960, uma empresa que vendia cereais e farináceos e aos poucos passou a oferecer também produtos prontos. Com sua venda, em 1989, Kitano fundou a Yoki – empresa com iniciais de seu nome – para continuar a saga da venda de alimentos até chegar à produção de 610 itens diferentes, de salgadinhos a sucos prontos. A empresa emprega 5.000 pessoas e conta com nove fábricas em seis estados.

Foram estes pontos que chamaram a atenção da General Mills. No Brasil desde 1996 com produtos importados, como barras de cereais e sorvetes Häagen-Dazs, a americana precisava agregar ao seu portfólio um nome nacional de peso. E, agora, vai enfrentar o desafio de deixar o clima da Yoki mais leve.

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