Ricardo di Lazzaro, fundador da Genera: a gigante Dasa adquiriu a empresa em 2019
Repórter
Publicado em 22 de agosto de 2025 às 06h20.
Última atualização em 22 de agosto de 2025 às 08h09.
Há apenas uma década, testes genéticos eram algo raro e restrito a poucos. Não era comum que as pessoas pensassem em fazer um exame de DNA para entender o histórico de saúde ou ancestralidade. Hoje, no entanto, a Genera trabalha para que o teste genético se torne tão comum quanto um exame de sangue, acessível e útil no dia a dia das pessoas.
A Genera nasceu em 2010, quando Ricardo di Lazzaro, médico geneticista, e André Santos, seu amigo de faculdade, decidiram transformar a paixão pela genética em um projeto real. Hoje, após aquisição, é considerado um produto da Dasa, gigante da saúde e medicina diagnóstica.
Desde o ensino médio, di Lazzaro já tinha um grande interesse pela área. Estudou farmácia e depois medicina, sempre interessado no potencial da genética.
"A área passava um momento de revolução, o custo do sequenciamento genético caindo e cada vez mais a população compreendendo como que a genética interferia e causava doenças", diz o fundador.
Hoje, existem empresas relevantes no setor, como a brasileira MeuDNA e a americana 23AndMe, recentemente vendida para a farmacêutica Regeneron após uma sequência de crises, mas que já foi avaliada em US$ 6 bilhões.
Então, em 2010, os dois amigos se juntaram e fundaram a Genera. Sem investimento externo e com recursos vindos de estágios e bolsas de iniciação científica, a dupla de amigos começou a trajetória na incubadora da USP, o Cietec.
Desde o início, a empresa ofereceu a venda de testes genéticos pela internet e, ao longo do tempo, passou a oferecer desde exames de ancestralidade até predições de riscos genéticos para doenças. "Aos poucos, de maneira bem orgânica, fomos crescendo", diz di Lazzaro.
A Genera foi comprada pela Dasa em 2019. A gigante teve uma receita líquida de R$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
Na época, a Dasa investiu R$ 60 milhões na construção de um centro de genética em São Paulo. Equipado com tecnologia de ponta, como um sequenciador de DNA exclusivo no Brasil, o centro tem capacidade para processar até 3 mil exames genéticos por dia.
"Em cinco anos, crescemos de uma maneira muito acelerada", diz di Lazzaro. "Uma parte dos testes eram feitas nos Estados Unidos, então conseguimos reduzir o custo ao passar a desenvolver tudo no Brasil".
Hoje, a Genera tem mais de 400 mil clientes em quatro países: Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. A estimativa de receita com novos clientes, apenas entre agosto e dezembro deste ano, é de R$ 3,5 milhões.
Agora, com o lançamento do Genera Sempre, a Dasa quer ir além: está transformando o teste genético de um evento isolado em uma jornada contínua. O modelo de assinatura anual oferece aos clientes atualizações mensais sobre os dados genéticos e consultas com médicos, geneticistas e nutricionistas.
Uma pessoa com histórico familiar de diabete, por exemplo, poderia usar o Genera Sempre para acompanhar o risco de desenvolver a doença. Com os relatórios mensais, ela receberia dicas personalizadas sobre alimentação e exercícios para prevenir o problema, além de contar com a orientação contínua de um médico geneticista.
Genera Sempre: exemplo de relatório mostra risco de esclerose múltipla em paciente
"Nosso objetivo é transformar a genética em um serviço contínuo, que ajude as pessoas a tomarem decisões informadas sobre sua saúde, a qualquer momento", explica di Lazzaro.
O custo é de R$ 29,90 ao mês, mais um pagamento inicial de R$ 299 referente ao teste. Outros planos da Genera, sem entregas mensais, custam entre R$ 279 e R$ 419.
Este modelo de assinatura mensal tem mostrado bons resultados. Em 2024, uma pesquisa feita pela Genera apontou que 64% dos clientes relataram mudanças positivas em seus hábitos, como melhorias na alimentação e na prática de exercícios físicos.
O plano anual, que representa 77% das adesões ao Genera Sempre, já gerou R$ 166 mil em receita com a base atual de clientes. O produto da Dasa estima alcançar R$ 580 mil até o final de 2025, sem contar com novos clientes.