“Precisamos agir agora para acelerar nossos esforços para reduzir nosso impacto no meio ambiente”, declarou Olivier Andries, CEO da Safran, em comunicado. (ondhajek/Thinkstock)
Bloomberg
Publicado em 14 de junho de 2021 às 18h18.
A General Electric e a Safran se uniram para desenvolver tecnologias para uma nova geração de turbinas de avião, buscando um avanço que reduziria o consumo de combustível em mais de 20% e poderia entrar nos jatos de corredor único em meados da próxima década.
O programa de demonstração se concentrará na arquitetura aberta de ventilação, pela qual as pás da turbina operam sem o invólucro tradicional, segundo informaram as parceiras da antiga joint venture CFM International, na segunda-feira. O projeto também buscará tecnologia híbrida-elétrica e será totalmente compatível com fontes alternativas de energia, como combustíveis sustentáveis e hidrogênio.
A iniciativa representa o sinal mais claro até o momento de como as gigantes do setor aeroespacial se adaptarão a um mundo no qual a redução da pegada de carbono é um objetivo fundamental. As fabricantes de aeronaves Boeing e Airbus sofrem crescente pressão de governos empenhados em diminuir as emissões de carbono que contribuem para a mudança climática. Parte dessa tarefa recairá sobre fabricantes de turbinas como GE, Rolls-Royce Holdings e Pratt & Whitney (subsidiária da Raytheon Technologies).
“Estamos reinventando o futuro da aviação, trazendo um conjunto avançado de tecnologias revolucionárias para o mercado”, afirmou o responsável pela área de aviação da GE, John Slattery, no comunicado.
As parceiras também estenderam sua joint venture até 2050. As empresas vão dobrar o número de engenheiros que trabalham no novo programa.
“Precisamos agir agora para acelerar nossos esforços para reduzir nosso impacto no meio ambiente”, declarou Olivier Andries, CEO da Safran, em comunicado.
A Safran, sediada em Paris, afirmou no passado que seria difícil superar os 15% de eficiência de combustível alcançados com as turbinas Leap de última geração, instaladas nos modelos Airbus A320neo e Boeing 737 Max. A linha Leap usa a tecnologia convencional turbofan e, embora seja possível aumentar a economia de combustível com o uso de ventiladores de maior dimensão, estes componentes seriam mais pesados e mais difíceis de instalar sob as asas da aeronave.
Não está claro como o novo projeto com a GE, que tem sede em Boston, difere do trabalho em andamento da Safran com motores de “rotor aberto”. Esta abordagem difere do design turbofan porque as pás da hélice operam sem o invólucro chamado nacele.
Em maio de 2017, a Safran realizou testes de solo no sul da França com um design de rotor aberto. A turbina tem dois ventiladores que rodam em direções opostas e dispensa reversores de empuxo. O consumo de combustível e as emissões de carbono são menores, mas o motor é mais barulhento porque as hélices não têm blindagem.
O demonstrador foi construído sob um programa europeu de pesquisa chamado Clean Sky, iniciado em 2008. Há dois anos, o chefe da área de tecnologia da companhia francesa, Stephane Cueille, escreveu que, após 70 horas de testes, a tecnologia ainda tinha “um longo caminho a ser percorrido” e talvez não tivesse futuro.