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GDF Suez aposta na eficiência energética no Brasil

Companhia considera que a geração termelétrica será cada vez mais necessária e vê o investimento em exploração de gás como oportunidade

Fazenda de energia eólica da Tractebel Energia, unidade brasileira da GDF Suez, em Beberibe (Adriano Machado/Bloomberg)

Fazenda de energia eólica da Tractebel Energia, unidade brasileira da GDF Suez, em Beberibe (Adriano Machado/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 17h51.

São Paulo - A GDF Suez considera que a geração termelétrica será cada vez mais necessária no Brasil e vê o investimento em exploração e produção de gás natural como uma oportunidade para a companhia crescer nesse segmento, segundo o presidente da empresa no país, Maurício Bahr.

A companhia, que já detém cerca de 7 por cento da capacidade de geração de energia elétrica no Brasil, ingressou no segmento de exploração de gás natural no país no ano passado e tem planos para desenvolver termelétricas utilizando o combustível.

"A matriz energética brasileira vem se desenvolvendo de uma maneira que vai exigir cada vez mais energia térmica. Por questões ambientais, optou-se por construir usinas hidrelétricas a fio d'água, sem reservatórios de acumulação... isso gera necessidade de ter mais termelétricas", disse Bahr, em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.

A GDF Suez, que já tem experiência nessa área de exploração e produção de petróleo e gás em outros países, adquiriu a participação de 20 por cento da Vale em dois blocos terrestres de exploração de gás na bacia do Parnaíba, no Nordeste brasileiro, no ano passado. A empresa ainda fez parte de grupo que levou seis blocos no Recôncavo baiano na rodada de licitações da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANP) no final do ano passado.

A expectativa é que os primeiros furos no Parnaíba sejam realizados em março, enquanto os principais dispêndios para exploração no Recôncavo começam a ocorrer em 2015.

"São projetos de médio prazo, mas uma vez que o gás se torne viável, a ideia é construir termelétricas e expandir a nossa base térmica... Nós acreditamos que a matriz energética segura é uma matriz bem diversificada", disse Bahr.

As termelétricas brasileiras em operação estão sendo fortemente utilizadas desde outubro de 2012, diante de baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e estiagem, com objetivo de ajudar a garantir o fornecimento de energia aos consumidores do país.


A GDF Suez também tem interesse em aumentar a atuação em serviços na área de eficiência energética no Brasil, no qual atua por meio da Cofely do Brasil. Segundo Bahr, a intenção é dobrar nos próximos dois anos o faturamento da companhia nesse segmento ante os cerca de 80 a 100 milhões de reais por ano, atualmente.

Esse segmento ainda tem pouca representatividade no faturamento geral da GDF Suez no Brasil em relação aos 5,3 bilhões de reais de receita anual da companhia, segundo números de 2012.

A GDF Suez, que atua no Brasil por meio da Tractebel Energia, principal geradora privada de eletricidade do país, está avaliando o potencial para geração de energia solar em diversas regiões incluindo nos Estados do Rio de Janeiro, Rondônia, Ceará, Santa Catarina.

"Estamos fazendo hoje muita pesquisa e a ideia é monitorar que tipo de tecnologia funciona melhor no país", explicou.

Bahr disse que a empresa não tem um orçamento pré-definido para investimentos em novos projetos no país neste ano. A companhia tem um portfólio de projetos na área de eólicas e biomassa para possível participação em leilões ou desenvolvimento para o mercado livre de energia.

Um dos projetos em estudo no momento é o aproveitamento hidrelétrico do rio Tapajós, cujo primeiro leilão é esperado para acontecer neste ou no início do próximo ano. No total, o complexo do rio Tapajós tem um potencial de aproveitamento hidrelétrico de mais de 8 mil megawatts (MW) de capacidade instalada, que seriam divididos em dois projetos, segundo dados do governo.

Bahr disse ainda que a empresa não tem interesse no leilão da hidrelétrica paulista Três Irmãos, atualmente operada pela Cesp, e que será licitada em março. "Esse leilão de Três Irmãos é um leilão para prestar serviço de operação e manutenção da usina... não há clareza para nós nesse momento ainda de como vai ser esse modelo", disse.

Jirau

A GDF Suez, que detém participação de 40 por cento na Energia Sustentável do Brasil, empresa responsável pela hidrelétrica Jirau, deve concluir a transferência de sua participação para a Tractebel até meados de 2015, segundo Bahr.


Conforme previsto, a transferência ocorrerá quando os principais riscos de desenvolvimento do projeto forem mitigados, conforme o modelo de negócios da empresa no país. Bahr explicou que a GDF Suez aguarda ainda uma definição melhor sobre o tratamento que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dará ao pedido da Energia Sustentável do Brasil de exclusão de responsabilidade pelo atraso do cronograma da usina.

As obras de Jirau atrasaram, segundo Bahr, por tumultos que levaram a incêndios no canteiro de obras em 2011 e 2012, atrasos relacionados ao licenciamento ambiental e greve da Receita Federal que atrasou a liberação de equipamentos importados.

Os atrasos levaram ao aumento de orçamento previsto para a usina. O investimento total previsto na hidrelétrica inicialmente era de cerca de 10 bilhões de reais. Após a decisão por ampliar o projeto e mais os eventos que atrasaram a obra, o investimento total está orçado em cerca de 17,3 bilhões de reais, segundo estimativas do fim do ano passado.

Uma vez que essas questões sobre responsabilidade do atraso estejam sanadas, o processo de transferência da participação da GDF Suez na usina para a Tractebel pode levar de 4 a 6 meses para ser concluído.

A hidrelétrica Jirau entrou em operação em setembro do ano passado, com a primeira turbina, e atualmente há três turbinas em operação comercial, no total de 225 megawatts (MW). Quando estiver totalmente em operação, com 50 turbinas, a hidrelétrica terá 3.750 MW de capacidade instalada, o que é esperado para ocorrer em 2016.

Bahr diz que prefere não garantir um número firme de turbinas da usina que devem estar em operação em Jirau até o fim do ano, mas arriscou que "se tivesse que estimar, diria 18 turbinas".

Ele explicou que os trabalhos ocorrem num ritmo forte, numa tentativa de recuperar tempo perdido como consequência principalmente da destruição no canteiro de obras em 2011 e 2012.

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