Ele lidera o Grupo Adani, um conglomerado que fundou em 1988 e que tem atuação diversificada em transporte, logística e desenvolvimento de infraestrutura (Manoj Verma/Hindustan Times via/Getty Images)
O bilionário indiano Gautam Adani levou todo o ano de 2022 para ganhar 33,8 bilhões de dólares, entrar para a lista das 10 pessoas mais ricas do mundo e alcançar a terceira posição.
Em apenas um mês de 2023, o cenário é o aposto. Ele perdeu uma quantia ainda maior, US$ 36,1 bilhões nos 31 dias de janeiro e caiu para a 11ª posição no ranking da Bloomberg.
O janeiro infinitivo, como o mês tem sido chamado nas redes sociais, tem sido duro com o executivo, fundador do conglomerado Adani. As empresas do grupo listadas da bolsa já vinham perdendo dinheiro, acompanhando quedas do mercado indiano.
Nada comparado, no entanto, com o movimento ladeira abaixo após a acusação de fraude contábil feita pela Hindenburg, empresa americana especializada em pesquisa financeira, publicado em relatório no da 24 de janeiro.
Desde o dia 25, as empresas do Grupo Adani perderam mais de 60 bilhões de dólares.
O relatório Hindenburg retrata uma rede de entidades offshore controladas pela família Adani em paraísos fiscais, no Caribe, Ilhas Maurício e Emirados Árabes Unidos.
Segundo a empresa, os destinos teriam sido usados para facilitar corrupção, lavagem de dinheiro e roubo dos contribuintes, enquanto desviavam dinheiro das empresas listadas em bolsa do grupo.
O relatório foi divulgado na terça-feira, 24, apenas alguns dias após a abertura da oferta subsequente das ações da Adani Enterprises, a principal empresa do grupo Adani.
Desde que o material foi publicado, o grupo tenta uma resposta à altura dos impactos que a denúncia tem gerado.
Primeiro, com Jugeshinder Singh, CFO do Grupo Adani, dizendo que “o relatório é uma combinação maliciosa de desinformação seletiva e alegações obsoletas, infundadas e desacreditadas que foram testadas e rejeitadas pelos mais altos tribunais da Índia”.
E acrescentou que o material “revela claramente uma intenção descarada e de má-fé de minar a reputação” da companhia, no momento do maior follow on da história do grupo.
Como a Hindenburg opera vendida e detém títulos e derivativos das empresas de Adani, o Grupo tem acusado a empresa de tentar de beneficiar com as acusações.
Na quinta, 26, a holding subiu o tom e declarou em comunicado assinado pelo chefe jurídico, Jatin Jalundhwala, que avalia ações jurídicas na Índia e nos Estados Unidos para tomar contra a empresa americana.
O último movimento da companhia foi a divulgação no domingo, 29, de um documento de 413 páginas em que responde às acusações e volta a alegar interesses escusos da empresa americana.
“Este não é apenas um ataque injustificado a qualquer empresa específica, mas um ataque calculado a Índia, a independência, integridade e qualidade das instituições indianas e a história de crescimento e ambição da Índia”, declarou.
O material não foi suficiente para mudar a trajetória das ações do grupo, que continuam a cair.
Hoje com 60 anos, Adani começou a sua trajetória como negociador de diamantes em Mumbai, após abandonar a faculdade. De volta ao estado natal de Gujarat, ele entrou para o setor de comércio exterior trabalhando com importação de PVC para o negócio de plástico do seu irmão.
Em 1988, ele criou a sua primeira empresa, a Adani Enterprises, a mais importante até hoje em termos financeiros e responsável pelo avanço do grupo como um conglomerado. O negócio foi fundado para atuar com importação e exportação de commodities.
No começo de 2022, Gautam Adani se tornou o primeiro homem asiático a alcançar o pódio no índice da Bloomberg
O Grupo Adani tem atuação diversificada em transporte, logística e desenvolvimento de infraestrutura.
Os investimentos do magnata vão desde minas de carvão a portos, aeroportos e usinas de energia — essas últimas numa tentativa mais recente de se tornar um produtor massivo de energias renováveis.
Todas as companhias fundadas por Adani são listadas em Bolsa e o bilionário detém boa parte das ações de cada uma delas. Nas empresas Adani Enterprises, Adani Power e Adani Transmission, por exemplo, concentra 75% de participação. Também possui mais da metade das ações da Adani Ports & Special Economic Zone e da Adani Green Energy e 37% das ações da Adani Total Gas.
Além disso, ele é o dono do maior porto comercial da Índia e de uma das maiores minas de carvão do país. Outro ativo importante é o aeroporto de Mumbai, o principal da nação asiática. Ele detém 75% de participação.
O empresário entrou para a lista de bilionários em 2008, 20 anos após a criação da empresa que se transformaria em um conglomerado.