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Gaúcha Bontempo dobra faturamento em cinco anos e vende R$ 750 milhões com móveis planejados de luxo

Fundada por três irmãos em 1978, a Bontempo aposta na alta personalização de móveis como atrativo de venda; entenda

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 19 de março de 2024 às 14h14.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 16h32.

Aos 45 anos, a fabricante de móveis planejados Bontempo se dedica à produção de peças de alto padrão. A empresa da pequena São Marcos, cidade de 20.000 habitantes na serra gaúcha, enfrentou solavancos ao reinventar o modelo de negócio em 2010 e adotar a alta personalização de móveis como atrativo de venda.

Com uma nova cultura em operação e fortalecimento da marca, a empresa da família Stedile dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e o faturamento chegou a R$ 750 milhões em 2023.

“Não trabalhamos hoje com nenhuma peça de pronta entrega em estoque. Todos os projetos começam do zero, queremos ouvir o cliente”, diz Rafaela Stedile, gerente executiva da Bontempo.

Com uma fábrica de mais de 40.000 metros quadrados e 2.500 funcionários, a empresa gaúcha está entre as maiores marcas do setor moveleiro do Brasil, que é o sexto maior produtor mundial e a oitava cadeia que mais emprega no país, segundo a Abimóvel.

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Como a Bontempo foi criada 

A Bontempo foi fundada em 1978 pelos irmãos Rudimar, Rosmar e Rudinei Stedile, mas a história da família com a marcenaria começou há pelo menos cinco gerações.

  • Em 1876, o casal Angela e Thomaso Stedile deixou seu pequeno negócio de fabricação e venda de cadeiras em Rovereto, na província italiana de Trento, para migrarem para o Brasil.
  • A família migrou para Nova Trento, uma pequena cidade na serra gaúcha, depois de 36 dias de viagem de navio. Por lá, retomaram a fabricação de cadeiras.
  • O neto caçula do casal, Ferdinando Stedile, também se dedicou ao ofício e seu filho, Remy Stedile, inaugurou em 1960 uma fábrica de cadeiras em São Marcos.
  • Os filhos de Remy, que futuramente iram criar a Bontempo, trabalhavam com o pai na empresa conhecida por sua linha de móveis para jardim.

Em sua trajetória, a Bontempo já fez móveis para área externa, móveis de madeira, cadeiras, e chegou a ser a 2ª maior empresa nacional de móveis para classe econômica e a primeira marca nacional a patentear móveis do tipo free open, conhecidas pelas portas verticais e sem uso de maçanetas, até então algo inédito no mercado brasileiro.

No início da operação, a empresa estava presente em lojas multimarcas, cenário que mudou na década de 1990, quando a primeira franquia foi inaugurada na Teodoro Sampaio, conceituada rua de móveis da capital paulista. Atualmente são 55 lojas franqueadas, com algumas unidades internacionais nos Estados Unidos, Uruguai e Chile.

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A virada do negócio

Rafaela Stedile, diretora comercial da Bontempo.

Rafaela Stedile, gerente executiva da Bontempo: "Começamos um projeto novo do zero" (Bontempo/Divulgação)

Em 2010 a empresa familiar reinventou seu modelo de negócio sem fechar as portas. Enquanto recebia novos pedidos, a Bontempo investia cerca de R$ 20 milhões em um novo maquinário e apostava na personalização de produtos para crescer e abocanhar uma fatia maior do mercado. Rastreamento de produtos, o fim do estoque e mudanças na fabricação foram reformulados. A transformação mais difícil, porém, foi cultural.

"Começamos um projeto novo do zero. Fazer com que as equipes acreditassem no novo modelo de negócio foi a parte mais difícil", diz Rafaela Stedile. 

O crescimento da Bontempo acelerou a partir de 2018, quando a empresa começou a crescer 20% ao ano. Stedile explica que a Bontempo é a única empresa do mercado que trabalha sem estoque e com uma flexibilidade de produtos tão grande. "Temos 1950 cores em três texturas no nosso portfólio", diz.

A empresa familiar também investiu no fortalecimento da marca nos últimos cinco anos. Eles participaram da Casa Cor de São Paulo em 2018 e da feira de móveis e design Salone del Mobile, em Milão. "Com mais visibilidade conseguimos fortalecer a marca e abrir mais franquias. Na época chegamos a 41 lojas ", diz.

A partir de 2020 a Bontempo, assim como outras empresas do setor de casa e decoração, se beneficiaram do boom de reformas e busca por móveis provocado pela pandemia. "Estávamos bem estruturados e conseguimos atender ao aumento de demanda", explica.

A nova fase da Bontempo, focada em móveis planejados personalizados de alto padrão, coincide com a entrada de Rafaela na companhia. Filha de um dos fundadores, Rudimar Stedile, a administradora atua na companhia desde 2007 e faz parte do plano de sucessão.

"Entendemos que para a empresa se perpetuar, nós precisaríamos aproveitar a experiência de quem construiu a Bontempo com a visão de mundo das pessoas mais jovens", diz a executiva.

O plano criado em 2014 estabelece uma idade limite para os cargos de direção. Os diretores financeiro, logístico e comercial já foram mudados -- e não necessariamente por pessoas da família fundadora.

Rafaela Stedile ocupa atualmente o cargo de gerente executiva e deve entrar na diretoria da empresa em 2026. 

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Os planos de expansão

Projeto da Casa Bontempo

Projeto da Casa Bontempo, em São Paulo: "Queremos criar um espaço que conte a nossa história" (Bontempo/Divulgação)

A Bontempo espera crescer 22% neste ano com o aumento do ticket médio dos clientes, além da abertura de novas lojas. Até 2025, a empresa espera abrir 12 franquias.

Além do aumento de lojas e número de clientes, a Bontempo quer coroar a trajetória do negócio com a criação de espaço de arte, design e gastronomia em São Paulo.

Com investimento de R$ 30 milhões, a empresa vai inaugurar neste ano a Casa Bontempo, localizada na Avenida Rebouças. Ao todo, serão 1.500 metros quadrados distribuídos em três andares para receber eventos, exposições e ser um ponto de encontro para franqueados e especificadores.

"Queremos criar um espaço que conte a nossa história e que possa ser um ponto de encontro entre todas as nossas franquias fora de São Marcos, onde tudo começou", diz.

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