Nova York/Seattle/San Francisco - Mesmo pensando em desistir do cargo de presidente do conselho da Microsoft, Bill Gates está preparado para continuar envolvido com a empresa que fundou em uma área crítica: a fabricação de produtos essenciais.

O conselho está se preparando para nomear Satya Nadella como o próximo diretor executivo da Microsoft e também avaliando substituir Gates como diretor do conselho, disseram pessoas com conhecimentos sobre o assunto. Gates continuaria como diretor e estaria envolvido no desenvolvimento de produtos, e enfocaria menos a administração, essas pessoas disseram. Ele está pensando em trabalhar na Microsoft pelo menos um dia por semana, disse uma pessoa informada sobre o assunto.

Gates apoiou a candidatura de Nadella ao longo dos meses de buscas de um diretor executivo, disse uma pessoa com informações, sugerindo que os dois trabalharão bem juntos. Nadella é uma pessoa de dentro que conhece bem as ferramentas Microsoft para empresas, enquanto Gates foi fundamental para o desenvolvimento de produtos inovadores que marcaram o início da era dos computadores pessoais.

Mesmo assim, sob sua condução, a empresa lutou para repetir os êxitos iniciais em novas áreas, como aparelhos móveis e serviços web, e ficou atrás da Google, da Apple e da Facebook ao tentar fabricar produtos que as pessoas queiram comprar.

“As críticas de Bill aos produtos são extraordinárias e seus comentários favoreceriam os produtos da Microsoft”, disse Todd Warren, executivo da Microsoft por 22 anos, que saiu em 2009. “O que me preocupa é que o panorama tecnológico se distanciou do PC nos últimos anos”.

Dois predecessores

Nadella, 46, substituiria Steve Ballmer, 57, que no dia 23 de agosto anunciou que planejava se aposentar da direção executiva. A Microsoft só teve dois CEOs — Ballmer e Gates — e um presidente do conselho.

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Para Nadella, que tem 22 anos de experiência na Microsoft, operar com seus predecessores no conselho pode ser mais fácil do que para uma pessoa de fora, disse Joseph McCool, presidente da empresa de consultoria e pesquisa McCool Group em Amherst, New Hampshire. “Este problema está fora de questão porque eles escolheram uma pessoa de dentro, e alguém que Gates vê como um aliado tecnológico”.

Batalha tecnológica

“É um sinal de que eles perceberam que estão em uma batalha decisiva no campo da tecnologia e, diga-se de passagem, a Google está na frente”, disse Geoffrey Moore, autor de “Crossing the Chasm”. Gates poderia fazer a diferença na criação de novos software, hardware e serviços mesmo que ele só esteja na sede de Redmond, Washington, alguns dias por semana, disse.

“É muito importante que Gates tenha uma função no desenvolvimento de produtos, e isso poderia explicar porque alguns candidatos de fora recusaram o cargo de diretor executivo”, disse George.

Preocupações com a independência

Apenas nove empresas no índice Standard Poor’s 500 tiveram dois ex-CEOs como diretores, de acordo com Equilar, que acompanha a remuneração de executivos.

Alguns candidatos externos que conversaram com a Microsoft sobre o cargo de CEO expressaram suas preocupações em relação à falta de independência se Ballmer e Gates continuassem como diretores, de acordo com pessoas com conhecimentos sobre esse pensamento.

Gates e Ballmer juntos possuem 8,3 por cento das ações; Gates é o maior acionista individual da Microsoft, com uma participação de 4,3 por cento. As ações da empresa subiram cerca de 17 por cento desde um dia antes de Ballmer anunciar sua aposentadoria, para US$ 37,84 dia 31 de janeiro.

Quando o CEO for nomeado, o conselho deve analisar a possibilidade de adicionar mais diretores independentes e substituir alguns membros de longa data, disse Joel Koblentz, que aconselha empresas em sucessões e não está envolvido na contratação do diretor executivo da Microsoft. “Esse conselho precisa de um corte radical”, disse Koblentz, cuja empresa tem sede em Atlanta.