Gafisa: "A Gafisa não pode negociar uma venda se a Alphaville Urbanismo ainda não foi totalmente adquirida pela Gafisa. Até porque, ninguém vai querer levar um problema desses junto", disse uma fonte. (Diulgação)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2013 às 17h33.
São Paulo - O impasse travado entre a incorporadora e construtora Gafisa e a Alphaville Participações (Alphapar) pode ser um obstáculo na tentativa de venda da empresa de loteamentos Alphaville Urbanismo, disse uma fonte próxima ao assunto.
"A Gafisa não pode negociar uma venda se a Alphaville Urbanismo ainda não foi totalmente adquirida pela Gafisa. Até porque, ninguém vai querer levar um problema desses junto", disse nesta quarta-feira à Reuters a fonte com conhecimento da situação, sob condição de anonimato.
Em 2006, a Gafisa adquiriu 60 % da Alphaville Urbanismo, voltada ao desenvolvimento de condomínios urbanos de alto padrão e que representa a divisão mais rentável do grupo.
A fatia passou a 80 % em 2010 e, conforme acordo firmado em 2006 com a Alphapar, os 20 % restantes seriam adquiridos até o fim de 2012. Mas o processo foi parar na Câmara de Comércio e Arbitragem Brasil-Canadá, após desentendimento entre os sócios quanto à quantidade de ações da Gafisa a serem usadas como pagamento pela participação. Tal processo está previsto para ser concluído em meados deste ano.
"É sempre possível resolver a questão com o pagamento em dinheiro", afirmou a fonte. "A Gafisa tem a possibilidade de pagar e encerrar o impasse, mas talvez a Alphapar não esteja disposta a negociar e pode exigir uma retratação." No caso de um acordo, a arbitragem seria suspensa.
A Gafisa alega que, pelo acordo, o total de ações a serem emitidas no processo de compra da participação que ainda não possui na Alphaville Urbanismo é de 70.251.551, ao preço de 5,11 reais cada, num total de quase 359 milhões de reais.
Já a Alphapar considera que devem ser emitidas 97.055.876 ações ordinárias da Gafisa, a 3,70 reais, totalizando também cerca de 359 milhões de reais.
Na Bovespa, as ações da Gafisa são negociadas atualmente perto de 4 reais.
Independentemente do cenário, a Alphapar passará a ser a maior acionista individual da Gafisa após a venda total da Alphaville Urbanismo.
Propostas por Alphaville
Segundo a mesma fonte, a Gafisa recebeu três propostas pela Alphaville Urbanismo: uma da Hemisfério Sul Investimentos (HSI), uma conjunta entre Equity International --do investidor Sam Zell-- e GP Investimentos, e outra combinada entre Pátria Investimentos e Blackstone.
Mais cedo, o jornal Valor Econômico publicou que a Gafisa teria recebido quatro propostas pela Alphaville, incluindo ainda uma oferta feita pela gestora de fundos de private equity VBI Real Estate.
"A VBI, ligada à Vinci Partners, é pequena para uma compra tão audaciosa", disse a fonte ouvida pela Reuters.
O valor atribuído à maior empresa de loteamentos do país é estimado em cerca de 2 bilhões de reais.
As ofertas pela Alphaville surgiram após a Gafisa anunciar, em setembro passado, que analisaria opções estratégicas para o futuro da controlada, que poderiam envolver abertura de capital ou venda de fatia da companhia, com objetivo de maximizar valor ao acionista.
Na ocasião, as tensões entre Gafisa e Alphapar se intensificaram, com o sócio sendo preterido de participar do processo de decisões estratégicas envolvendo a Alphaville.
No fim da semana passada, a Alphaville entrou com pedido de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No início de 2012, o investidor Sam Zell chegou a fazer uma proposta para adquirir ativos da Gafisa, também em conjunto com a gestora GP Investimentos, mas a oferta foi recusada pela companhia.
Gafisa e Alphapar afirmaram, por meio de suas assessorias de imprensa, que não comentariam o assunto.
Na Bovespa, as ações da Gafisa exibiam forte alta nesta sessão, com valorização de 5,60 %, a 3,96 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,5 %.