Boeing 777X: novo jato de longa distância fabricado pela empresa apresentou problemas de estrutura (David Ryder/Bloomberg)
AFP
Publicado em 27 de novembro de 2019 às 18h52.
Última atualização em 27 de novembro de 2019 às 18h55.
A fuselagem de uma das novas aeronaves 777X da Boeing rompeu completamente em testes de pressão em setembro, um grande revés anteriormente não relatado e que poderá atrasar a chegada do jato de longa distância aos céus globais, segundo fontes bem informadas falando à AFP.
Já profundamente envolvida na crise em torno do 737 MAX, a principal fabricante de aeronaves americana agora enfrenta novas dificuldades em colocar sua nova linha de jatos de longa distância no mercado devido à fraqueza inesperada na estrutura do 777X.
Sabia-se que a porta do passageiro da aeronave explodiu quando a Boeing submeteu o corpo da aeronave a testes de pressão em setembro, levando-a deliberadamente a extremos além das condições normais de operação para garantir a resistência dos materiais de construção.
Mas várias fontes, que insistiram no anonimato, disseram que a estrutura do corpo que suporta a porta também se rompeu durante os testes. "Havia uma estrutura ao redor da porta de saída que também explodiu durante os testes, o que significa que houve uma falha na estrutura", disse uma das fontes, acrescentando que uma das asas da aeronave também foi danificada no teste.
"Houve uma despressurização da fuselagem traseira; a estrutura que suporta a porta explodiu", disse uma segunda pessoa. "Não foi só a porta. É muito grave".
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), cujos funcionários supervisionaram o teste, abriu uma investigação para determinar por que a fuselagem falhou, disse uma fonte na reguladora.
Mas não ficou claro como o incidente afetará a certificação do 777X, que já está com atraso de meses para a introdução em serviço.
No mês passado, a Boeing afirmou que o resultado do teste de pressão não afetará o cronograma de testes de voo do 777X, necessário para a certificação da aeronave.
"O que vimos até agora reforça nossa avaliação prévia de que isso não terá um impacto significativo no projeto ou nos preparativos para o primeiro voo", disse a empresa em 23 de outubro.
Os resultados desastrosos dos testes de pressão representam um novo abalo significativo para a Boeing, que já havia atrasado as entregas do 777X devido a problemas com seu novo motor General Electric GE9X.
Embora o processo de aprovação seja beneficiado pelo fato de o 777X de ser visto pela FAA como um "derivado" do 777 - o que significa que alguns sistemas já estão certificados -, também houve problemas com o design das asas da nova aeronave e em sua parte eletrônica, segundo fontes do setor.
As modificações no corpo podem atrasar o calendário de entrega do primeiro 777X em seis meses, disseram as fontes. As primeiras entregas foram planejadas para 2020, mas em outubro a Boeing mudou a data para o início de 2021. Agora, isso pode correr para meados de 2021, disseram as fontes.