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Fusão Fiat e Renault pode criar gigante com quase 30% do mercado no Brasil

Montadoras globais buscam movimento de consolidação para ganhar escala e força para desenvolver novas tecnologias

 (FCA/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 27 de maio de 2019 às 12h12.

Última atualização em 30 de maio de 2019 às 10h12.

O movimento de consolidação do setor automotivo global ganha mais força com o anúncio nesta segunda-feira, 27, da possível fusão entre a ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e a francesa Renault. A nova empresa seria a terceira maior montadora do mundo, com 8,7 milhões de vendas anuais, bem como uma economia de 5 bilhões de euros ao ano.

Pela proposta da FCA, a nova empresa pertenceria em 50% aos acionistas do grupo ítalo-americano e, o restante, aos da montadora francesa. A Renault disse em comunicado que deverá informar o resultado das negociações futuramente.

A possível fusão acertaria em cheio o Brasil, onde as marcas Fiat, Jeep (também do grupo FCA) e Renault, juntas, possuem um market share estimado de mais de 27%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A Fiat é a terceira maior montadora em automóveis e veículos comerciais leves, segundo dados da Fenabrave, com 13,6% do mercado. A Renault vem logo atrás, com 8,8% de participação, e a Jeep tem 4,91%, de acordo com dados acumulados até abril.

No país, Argo, Mobi e Cronos são os carros mais vendidos da Fiat. Kwid, Sandero e Captur são os mais populares da Renault.

Movimento global

Outra aliança global que pode estar a caminho é entre Volkswagen e Ford na área de projetos de veículos, o que incluiria o Brasil. No entanto, não haveria fusão ou participações acionárias entre as empresas.

Para o consultor do setor automotivo da Bright Consulting, Paulo Cardamone, as montadoras estão buscando, globalmente, consolidação. “No caso da FCA e da Renault, haveria uma mudança significativa inclusive no mercado brasileiro, com ganho de escala. Além disso, a exigência do consumidor em relação a tecnologias embarcadas, que custam caro, demanda recursos das empresas e uma fusão desse tipo favorece os envolvidos.”

Ele destaca que é possível que as duas montadoras consigam inclusive reorganizar sua rede de distribuição. "FCA e Renault conhecem profundamente o que é uma aliança estratégica e ambas têm raízes na Europa, o que facilita culturalmente a parceria".

O gerente da consultoria especializada em indústria automotiva Jato Dynimics, Milad Kalume Neto, alerta, porém, para as bases do acordo. “Como qualquer fusão no segmento, trata-se de um negócio bastante complexo, por isso é preciso entender principalmente onde ficará a aliança entre Renault e Nissan/Mitsubishi, que hoje é muito intrínseca”, avalia.

A montadora francesa e a Nissan possuem uma aliança estratégica global de quase 20 anos, que deve trazer desafios para as ambições do grupo FCA. Em comunicado do acordo, o grupo ítalo-americano afirma que, se combinadas as operações, incluindo Nissan e Mitsubishi, seria a maior aliança de montadoras do mundo, com vendas anuais de mais de 15 milhões de veículos.

Mercados

Em 2018, a Renault vendeu no mundo 3,8 milhões de automóveis e comerciais leves e obteve 57,42 bilhões de euros em faturamento. Possui 183 mil funcionários, cerca de 7 mil só no Brasil. Globalmente, o grupo possui cinco marcas: Renault, Dacia, Renault Samsung Motors ou RSM, Alpine e Lada. No Brasil, a empresa tem fábrica no Paraná e cerca de 300 concessionárias.

Já a FCA faturou 110 bilhões de euros no ano passado, com vendas de 4,8 milhões unidades, considerando todas as marcas e joint ventures do grupo. Possui 236 mil funcionários no mundo e 102 fábricas. O grupo tem no Brasil seu segundo maior mercado global, atrás apenas da Itália. Além da fábrica de Goiana (PE), que produz modelos Jeep, o complexo industrial de Betim (MG) é o maior do grupo no mundo, com capacidade instalada para 800 mil veículos por ano.

A Fiat conseguiu entrar mais forte no mercado norte-americano com a aliança e posterior fusão com a Chrysler, que foi concluída em 2014 com abertura de capital da FCA na Bolsa de Nova York. No caso da Renault, essa seria uma grande oportunidade para afiar as garras e entrar de cabeça nos EUA.

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