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Funerais com dançarinos beneficiam seguradoras em Gana

Crescimento econômico do país fez com que ganeses transformassem um dos eventos sociais mais importantes do país em uma cerimônia de gastos exorbitantes

Crescimento econômico de Gana: boom petrolífero levou o crescimento econômico a 15,9%, em 2011, e quase quintuplicou a renda per capita do país, chegando a US$ 1.550 (Carol T. Powers/Bloomberg News)

Crescimento econômico de Gana: boom petrolífero levou o crescimento econômico a 15,9%, em 2011, e quase quintuplicou a renda per capita do país, chegando a US$ 1.550 (Carol T. Powers/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2013 às 16h50.

Os carregadores de caixões de Benjamin Aidoo já trabalharam em mais de 200 funerais em Gana, levando seres queridos ao descanso eterno ao som de música gospel ou reggae.

“Os clientes dizem ‘o papai adorava dançar quando ele vivia, deixemos que ele dance mais uma vez’”, explica Aidoo, de 27 anos, quem cobra até 800 cedis (US$ 387) por cerimônia. “É um novo negócio onde dançamos enquanto levamos o caixão ao invés de andar solenemente”.

Aiddo fundou sua empresa em 2010 e agora se vê forçado a rejeitar clientes. Os funerais são um dos eventos sociais mais importantes de Gana e estão aumentando as exigências financeiras da crescente classe média do país, enquanto que a moda das cerimônias extravagantes leva os líderes étnicos e religiosos a pedirem moderação.

Um boom petrolífero levou o crescimento econômico a 15,9 por cento, em 2011, após ter registrado 3,1 por cento, em 2007, e quase quintuplicou a renda per capita do país em relação à última década, chegando a US$ 1.550. Além de empreendedores como Aidoo, as maiores seguradoras do país, como a Enterprise Life e a SIC Insurance Co., também estão lucrando com a situação, explica Anastacia Arko, analista na Databank Financial Services Ltd.

As cerimônias – chamadas “celebrações” em Gana – duram dias e abrangem cultos, recepções e enterros. As famílias gastam milhares de cedis na comida e na bebida, cadeiras à sombra, um DJ ou uma banda, percussionistas tradicionais, panfletos, cartazes, fotos e um cinegrafista gravando os enlutados em torno do caixão.

Embora seja tradição que os familiares contribuam com dinheiro para financiar os custos, essas doações já não são suficientes e as seguradoras estão atuando para cobrir a lacuna.


“Quando a carga financeira dos funerais ficou tão alta que as pessoas começaram a pedir empréstimos aos bancos, percebemos que havia uma oportunidade para o ramo”, disse C.C. Bruce, diretor executivo da Enterprise Life, unidade do Enterprise Group Ltd., a segunda maior seguradora de capital aberto, em entrevista de Accra.

Neste ano, as ações da companhia quase triplicaram, tendo o segundo melhor desempenho entre as 35 companhias do índice composto da Bolsa de Gana, que cresceu 62 por cento.

Pressão social

"Os ganeses gastam demais nos funerais”, disse David Dogbe, que trabalha no ramo das telecomunicações e teve que pedir emprestados 2.000 cedis a um amigo para cobrir sua parte de 5.000 no funeral do seu sogro, realizado em março, e que custou 20.000 cedis. “É por causa da pressão social. As pessoas assistirão ao funeral e dirão ‘ai, ele não quis pagar por isso ou aquilo’”, disse Dogbe, de 30 anos, que passou duas semanas viajando entre Accra e a localidade de Ho para organizar o evento.

A morte e o dinheiro são indissociáveis em Gana já que a intenção dos funerais é celebrar a vida do defunto e mostrar o sucesso da família. Os funerais ostentosos mostram mais prestígio social do que qualquer outra cerimônia, explica Marleen de Witte, antropóloga da Universidade de Amsterdã, que pesquisou a economia em volta dos funerais ganeses.

Para reduzir custos, os chefes tribais publicaram orientações para funerais, entre elas a proibição de vigílias durante toda a noite e restrições no número de percussionistas. Suas apelações não foram escutadas, disse de Witte.

“As pessoas se orgulham de quanto elas gastaram num funeral”, conta Aidoo, o dançarino, carregador de caixão. “Eles afirmam com orgulho: ‘eu gastei 10.000 cedis’. Eles não se privam de nada porque nos importamos mais com os mortos do que com os vivos. É só morrer e você verá quantos seres queridos você tem”.

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