Petrobras: o motivo são as denúncias oriundas da operação Lava Jato (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de dezembro de 2014 às 08h32.
São Paulo - O fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás (Petros) passará por uma investigação interna nos moldes da que está sendo feita com a Petrobrás por causa das denúncias oriundas da operação Lava Jato.
Isso significa que os auditores independentes contratados pela empresa farão uma devassa nos negócios do fundo para apurar se houve desvios ou operações indevidas nos R$ 66 bilhões de investimentos da fundação.
Segundo a empresa, a decisão foi tomada porque se encontrou uma possível relação entre os fatos investigados na estatal e seu fundo de pensão. Nota enviada pelo Petros informa que, apesar de o fundo não ser subsidiária da companhia, "faz parte do balanço da Petrobrás e, por isso, a estatal solicitou ao Conselho Deliberativo da Petros que a inspeção também fosse estendida ao fundo de pensão".
Assim como outras empresas subsidiárias da Petrobrás, o Petros também é alvo da operação da Polícia Federal e deve estar incluído nas próximas fases da Lava Jato.
Em outubro, o Estado noticiou que ex-dirigentes da fundação fizeram pelo menos um negócio com empresas do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef, que teria causado R$ 13 milhões de prejuízo ao fundo.
A investigação interna começou no fundo no dia 19/12 e está sendo feita pelos escritórios Trench, Rossi e Watanabe Advogados e o americano Gibson, Dunn & Crutcher LLP, os mesmos que estão apurando as irregularidades na Petrobrás.
Segundo um advogado que acompanha investigações como essas, mas não quis se identificar, todos os investimentos do fundo deverão ser analisados.
Banco BVA - Algumas possíveis irregularidades da fundação têm sido apontadas em processos judiciais e administrativos mesmo fora do âmbito da Lava Jato.
Neste ano, por exemplo, o Banco Central entregou à Justiça relatório de liquidação do banco BVA em que sugere que houve "conluio" de funcionários do Petros com empréstimos irregulares feitos pelo falido banco BVA.
Quatro gestores teriam sido autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões a uma empresa que pertencia a ex-diretores do BVA.
As perdas com o banco foram bem significativas para a fundação, que tinha cerca de R$ 1 bilhão em negócios gerados pela instituição. Foi a partir do BVA também que a fundação se tornou sócia da Multiner, que pertencia então ao ex-dono do banco, e está em dificuldades.
O Petros também é sócio da Sete Brasil, empresa criada para atender às demandas da Petrobrás no pré-sal e com quem possui R$ 22 bilhões em contratos.
A Sete está com dificuldades de se financiar, pois a Petrobrás quer rever o valor dos contratos que eram geridos pelo ex-gerente executivo da estatal, Pedro Barusco Filho, que se tornou um dos delatores da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.