cristina_junqueira_cris_nubank_empreendedorismo_pme_dica_mentoria_lição_inovação_pme (Divulgação/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 21 de outubro de 2020 às 09h00.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 16h57.
A cofundadora do banco digital Nubank Cristina Junqueira pediu desculpas a respeito da forma como falou sobre diversidade racial na companhia. Em entrevista ao programa Roda Viva, a empresária disse que o banco ainda tem bastante a avançar no tema da diversidade racial.
Junqueira foi então questionada sobre se o alto grau de exigência no processo seletivo da empresa não dificultaria a entrada de pessoas negras. Ela então respondeu: “Não dá para a gente nivelar por baixo. Por isso queremos fazer o investimento em formação, criamos um programa gratuito chamado Diversidados para ensinar ciência de dados e vamos capacitar pessoas, não adianta colocar alguém para dentro que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que a gente tem, de se desenvolver e avançar na carreira. Aí não estamos resolvendo um problema, estamos criando outro”.
A fala gerou repercussão nas redes sociais e a empresária foi criticada pela forma como falou sobre o tema. Ela fez um post em sua conta no Linkedin pedindo desculpas.
“Falar de inclusão racial não é simples, principalmente como mulher branca. Na tentativa de explicar as ações de apoio educacional que temos no Nubank para diversos grupos sub representados dentro da tecnologia, acabei me expressando mal. Agradeço pelos feedbacks que estão chegando e me desculpo pela forma como falei. Como disse na entrevista, há muito o que precisamos fazer em questões de diversidade racial e esse é um compromisso que assumimos no Nubank”, escreveu.
Após a repercussão do tema, o Nubank também publicou detalhes de seus programas pró-diversidade racial. “Quando se trata de diversidade racial, o Nubank sabe que tem um longo caminho ainda”, escreveu o banco.
O banco elencou algumas ações voltadas para a formação de pessoas, como o Diversidados, citado pela empresária na entrevista. Também afirma que está promovendo mudanças em sua forma de recrutar pessoas. “Em 2020, durante a pandemia, montamos um time dedicado a rever os nossos processos de contratação e garantir que eles sejam mais inclusivos e representativos para diversos recortes”, escreveu o banco.
Veja o comunicado do Nubank na íntegra.
Diversidade racial no Nubank: o que fazemos – e por que isso ainda não é o bastante
Diversidade sempre foi um dos pilares do Nubank – mas a gente sabe que ainda tem um longo caminho pela frente para poder ser uma empresa que de fato representa a pluralidade da sociedade brasileira.
Nosso compromisso sempre foi o de criar um ambiente diverso, inclusivo e de respeito, no qual as pessoas podem ser quem realmente são. Ficamos muito felizes com diversas conquistas – temos mais de 43% do nosso time composto por mulheres, muito acima da média das empresas de tecnologia, e mais de 30% dos Nubankers se identificam como LGBTQIA+. No entanto, sabemos que isso não é o bastante.
Em especial, quando se trata de diversidade racial, o Nubank sabe que tem um longo caminho ainda.
Queremos dividir o que fizemos até agora – e ouvir, como sempre fizemos, para seguir fazendo melhor.
Ações de diversidade racial do Nubank
Nossas ações de diversidade têm três pilares: trabalhar lideranças, aumentar a contratação de minorias e investir em formação de talentos dos grupos sub representadas nas áreas de tecnologia.
Em 2019 foi fundado o NuBlacks, um grupo de afinidade de pessoas negras para compartilhamento de experiências, acolhimento e promoção da diversidade e cultura afro. Ouvir e dar espaço ao Nublacks é fundamental para que a empresa possa entender como melhorar. A partir daí, começamos a abordar diversidade racial como tema prioritário e , além de apoiar as iniciativas do grupo, criamos ações institucionais para dar mais visibilidade interna e externa à questão racial.
No mesmo ano, fizemos o Nutalks em Salvador, um workshop voltado às pessoas pretas para ensinar a linguagem de programação Clojure. Ainda em 2019, firmamos uma parceria com a Reprograma, uma iniciativa de impacto social que foca em ensinar programação para mulheres cis e trans que não têm recursos e/ou oportunidades para aprender a programar.
Hoje, mais de 60% das turmas da Reprograma é composta por mulheres pretas e pardas. A parceria inclui investimento ao longo de dois anos para formar e incluir mulheres negras na programação e um programa de recrutamento para selecionar entre elas novas desenvolvedoras pro Nubank
Agora, em setembro de 2020, lançamos o Diversidados, curso de Ciência de Dados gratuito e exclusivo para inclusão de grupos sub-representados no setor de tecnologia. O curso é uma parceria com o AfroPython, Reprograma e EducaTransforma e tem como objetivo expandir a capacitação e a inclusão nessa área
Sabemos que formar mais talentos é importante, mas entendemos também que é preciso mudar a nossa forma de recrutar. Por isso, em 2020, durante a pandemia, montamos um time dedicado a rever os nossos processos de contratação e garantir que eles sejam mais inclusivos e representativos para diversos recortes. Vale lembrar que já atuamos com práticas modernas de seleção que incluem etapas “cegas” para eliminar viezes inconscientes.
Para nos ajudar a expandir ainda mais os nossos esforços, contratamos recentemente uma consultoria externa que está nos apoiando em uma pesquisa extensa sobre nossos times e candidatos – com mais dados, podemos criar ainda mais ações concretas e corrigir eventuais falhas mais rapidamente.
Um dos primeiros resultados foi um evento focado em lideranças, diversidade e inclusão – realizado totalmente online para mais de 2,6 mil Nubankers em agosto de 2020. As mais de 11 horas de programação foram pensadas junto com os grupos de afinidade incluindo o NuBlacks e levaram temas de diversidade a todos os funcionários e lideranças do Nubank.
Todas essas iniciativas são um primeiro passo de um longo caminho que a gente sabe que precisa percorrer – e fazer isso de forma mais rápida e melhor.
Nosso compromisso com os nossos times segue o mesmo desde que o Nubank surgiu: o de criar times fortes e diversos. A gente acredita que esse é o único caminho. Sabemos que ainda não estamos lá – mas seguimos ouvindo e ativamente trabalhando para mudar.