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Fundador da Nikola renuncia e montadora terá novo desafio para se firmar

Em meio a investigações de fraude e recente parceria firmada com a GM, Trevor Milton diz ter se afastado voluntariamente de suas funções na empresa

Trevor Milton, fundador da Nikola: renúncia e defesa sobre acusações de fraude (Nikola Motor/Divulgação)

Trevor Milton, fundador da Nikola: renúncia e defesa sobre acusações de fraude (Nikola Motor/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 18h00.

Apenas alguns dias após a General Motors anunciar a compra de uma fatia de 11% na Nikola Motor e estabelecer parceria com a montadora do Arizona, Trevor Milton, fundador e presidente do Conselho de Administração da Nikola, comunicou o afastamento "voluntário" de suas funções. O episódio ocorre em meio a investigações de suposta fraude nas tecnologias da empresa de caminhões elétricos.

Em comunicado, Milton disse que se ofereceu voluntariamente para se afastar de suas funções. "A Nikola está verdadeiramente em meu sangue e sempre estará, e o foco deve estar na empresa e em sua missão de mudar o mundo, não em mim”, disse o executivo.

Em sua conta no Twitter, Milton também se pronunciou. “Pretendo me defender contra falsas acusações feitas contra mim por detratores externos”.

A renúncia ocorre em meio a investigações da comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) e do Departamento de Justiça americano sobre possível fraude nas tecnologias da Nikola. Os processos tiveram início após a divulgação, há cerca de dez dias, de um relatório de uma casa de análise de investimentos sobre o "mar de mentiras" que a Nikola teria vendido aos investidores.

No lugar de Milton assume Stephen Girsky, um veterano do setor automotivo e ex-vice-presidente da General Motors, fato que ajudou a acalmar os ânimos dos investidores da Nikola na Nasdaq.

O momento não podia ser mais inconveniente para a montadora do Arizona, que acaba de abrir a pré-venda da sua primeira picape, a Badger -- que inclusive será produzida pela GM. Além disso, as duas montadoras selaram uma parceria na área de baterias para veículos elétricos.

O anúncio era a chancela que a novata do Arizona precisava para seguir com seus planos. Frequentemente, a Nikola é questionada sobre a falta de receita da companhia e quando seus veículos serão mostrados, de fato, ao público -- até o momento, as apresentações não contam com esse recurso.

Em entrevista recente à EXAME, Milton disse estar "acostumado" com as críticas e que elas chamam a atenção dos consumidores que, ao conhecer a marca, passam a acreditar na Nikola.

Acordo bilionário

A GM anunciou há pouco mais de dez dias acordo em que pagará cerca de 2 bilhões de dólares por 11% da Nikola, além de um assento no conselho da companhia. No entanto, com a renúncia do fundador e idealizador da Nikola, agentes do mercado questionam sobre os termos das negociações da parceria.

Nesta segunda-feira, as ações da Nikola despencaram 30%, mas depois recuperaram parte das perdas, fechando o pregão da Nasdaq em cerca de 27 dólares. Os papéis da GM chegaram a cair 5%.

O desempenho das ações da Nikola tem sido altamente volátil. Os papéis quase triplicaram em poucos meses, chegando em junho a pouco mais de 80 dólares.

Segundo analistas ouvidos pela EXAME, ainda é cedo para tirar conclusões sobre o caso de fraude. Também é pouco provável que a GM tenha se comprometido a comprar uma "enganação", mas os próximos capítulos dessa novela -- que está apenas começando -- devem ser decisivos para o futuro da Nikola.

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