Empresas podem usar esse fenômeno para melhorar o comprometimento entre funcionários (Stock.Xchng)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 08h25.
São Paulo – “E se a empresa onde eu trabalho tivesse sido afetada pela crise?”. “E se a crise a obrigasse a cortar empregos, inclusive o meu?”. “E se tivesse ido à falência?”. Funcionários com pensamentos como esses tendem a ser mais comprometidos com a companhia onde trabalham. Isso porque, mais do que dar valor ao que têm quando perdem, eles se comovem quando imaginam o que poderiam ter perdido. É isso que sugere um estudo feito na Northwestern University e na University of California em Berkley, nos Estados Unidos, publicado no periódico Psychological Science.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão depois de fazerem quatro experimentos, com cerca de 450 pessoas, para medir a reação dos participantes diante de situações hipotéticas ligadas ao seu país, a contatos de negócios e a empresas. O teste mostrou que pensar na possibilidade de a empresa nunca ter sido fundada ou de ter falido em algum momento do passado, por exemplo, faz com que os indivíduos vejam a companhia de forma mais positiva e se empenhem mais para melhorar seus resultados.
Segundo a pesquisa, esse comprometimento ocorre porque, ao perceberem que poderiam não estar ali, os funcionários se sentem como se fossem “predestinados” a trabalhar naquela empresa. E essa sensação não durou apenas o dia de testes. Duas semanas após a realização do experimento, os pesquisados mantinham a visão positiva da companhia e a disposição para trabalhar.
Momentos difíceis
As empresas podem usar isso a seu favor. Os estudiosos recomendam às organizações comunicar de forma clara aos funcionários os pontos mais difíceis superados na história da companhia, para que eles a vejam como algo que “poderia não ter vingado”. Assim, seu sentimento de pertença pode aumentar, junto com o compromisso para com o empregador e os esforços pelos bons resultados.
No entanto, os autores da pesquisa afirmam que essa estratégia pode ser perigosa, se for aliada a uma confiança cega no desempenho da empresa. Como exemplo, eles citam o caso do ex-presidente-executivo do banco de investimentos Lehman Brothers, Richard Fuld, que afirmou que a empresa estava “predestinada” a se manter firme para sempre, depois de tantas crise pelas quais passou. Quase como um castigo, nenhum sentimento positivo sobre a companhia foi suficiente para evitar o pior. O executivo viu o banco falir com a crise mundial, em 2008.