Para especialista, as proibições nem sempre são a melhor saída para evitar problemas entre funcionários da empresa (.)
Da Redação
Publicado em 30 de julho de 2010 às 16h13.
São Paulo - Trair a esposa pode? Na maioria das culturas, isso é considerado um ato condenável, mas nada que seja da conta de terceiros, muito menos das empresas onde traídos e traidores trabalham. Mas a Foxconn, indústria com sede em Taiwan que fabrica componentes eletrônicos para marcas como Apple e Microsoft, levou a sério o código de conduta social. De acordo com publicações internacionais, a empresa fez um comunicado aos funcionários com uma lista de pecados capitais para a empresa.
De acordo com o documento, é proibido trair a esposa, se envolver em práticas de prostituição, participar de jogos de azar, subornar, atuar no crime organizado e fazer investimentos especulativos. Os funcionários de plantão também são obrigados a comunicar à empresa onde estão durante feriados e em viagens ao exterior. A Foxconn não comunicou como a fiscalização está sendo feita.
A decisão de adentrar na vida pessoal dos empregados foi tomada depois que o periódico "China Times" publicou o caso de um funcionário de 37 anos que deu uma festa em uma boate e, segundo o jornal, foi descoberto pela esposa, que tentou suicídio. O caso foi negado pela empresa.
Contraproducente
A Foxconn já havia passado por problemas com uma onda de suicídios de funcionários neste ano e tentou evitar mais escândalos com a medida. Para a diretora de serviços da SimGoup e psicóloga especializada em comportamento, Sueli Brusco, nenhuma empresa deve proibir atitudes que não influenciam o ambiente de trabalho, como a traição. "O comportamento do funcionário deve ser ético, mas a companhia não deve oprimir ou condenar questões do âmbito pessoal e emocional", afirma.
A especialista alerta que restrições que interferem na vida privada dos funcionários podem causar danos psicológicos, desmotivar os trabalhadores e afetar, inclusive, sua produtividade. Para Sueli, a melhor forma de incentivar que os funcionários sigam as leis e os bons costumes sociais é dar suporte a eles, estimulá-los por meio de uma boa comunicação interna.
Treinamentos, publicações no jornal da empresa, programas de qualidade de vida seriam mais eficazes do que uma simples proibição. Atitudes mais drásticas só devem ser tomadas se a empresa for prejudicada pela atitude do funcionário. Neste caso, a melhor saída é o desligamento do empregado.
Confira as oito regras da Foxconn para seus empregados:
1) Não participe de gangues ou atividades do crime organizado
2) Não tenha ligação com jogos de apostas ilegais, prostituição ou drogas
3) Não tenha ligação com a corrupção, não aceite suborno, nem jantares de cortesia ou presentes
4) Não visite ambientes de entretenimento escuso
5) Não tenha relações "homem-mulher" impróprias, por exemplo, casos extraconjugais
6) Não participe de investimentos especulativos e ilegais
7) Não participe de atividades que são maléficas para a saúde física ou mental
8) Empregados que estão de plantão durante longos feriados públicos, ou em viagem para fora do país, deve assinar um "acordo de segurança do funcionário" e informar à companhia seu paradeiro.