Negócios

Funcionários da Foxconn do Brasil ameaçam entrar em greve

Empregados reclamam da falta de condições de trabalho

Sede da Foxconn na China: má fama na gestão de funcionários (Arquivo/AFP)

Sede da Foxconn na China: má fama na gestão de funcionários (Arquivo/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 19h33.

São Paulo – A Foxconn voltou a se destacar no noticiário por problemas com seus empregados. Desta vez, os funcionários da unidade da Foxconn em Jundiaí (SP) ameaçam entrar em greve nas próximas semanas, se as condições de trabalho não melhorarem.

A unidade é conhecida por fabricar iPhones para a Apple e conta com cerca de 2.500 funcionários. Segundo um representante dos empregados, as condições de trabalho começaram a se deteriorar desde a abertura da fábrica.

Ontem, o Sindicato dos Metalúrgicos de Jundiaí entregou uma pauta de reivindicações à direção da empresa. As principais queixas recaem sobre as instalações físicas, que seriam inadequadas para o volume de pessoas que trabalham na fábrica.

Gota d'água

Entre os pontos que devem ser melhorados, segundo a pauta, estão o sistema de transporte de funcionários e a capacidade do refeitório. O estopim para a mobilização, porém, foi a falta de água potável. “A água começou a faltar em alguns dias”, afirma o representante, que pediu para não ser identificado. “Na sexta-feira passada, a água também faltou, e esse foi o limite”, diz.

Os trabalhadores decidiram aguardar uma resposta da Foxconn até 3 de maio. A partir daí, podem promover protestos e, no limite, entrar em greve. “Confiamos em uma solução negociada, mas não descartamos nada”, afirma o representante.

Não é de hoje que a Foxconn ganha destaque na imprensa por problemas trabalhistas. A fabricante de eletroeletrônicos começou a chamar a atenção quando enfrentou uma onda de suicídios na China, onde está sua sede, devido às más condições que oferecia aos funcionários.

Mau histórico

Recentemente, cerca de 300 funcionários subiram para o telhado de uma das fábricas, também na China, e ameaçaram cometer suicídio coletivo, devido à realocação para outra linha de produção, sem treinamento e com horas extras excessivas.

Uma das soluções da Foxconn foi (acredite) colocar uma rede entre as ruas das fábricas para evitar que aqueles que pulem caiam no chão.

Extremamente vinculada à Foxconn, a Apple, que encomenda à chinesa a produção de iPhones e iPads, entre outros, decidiu pressioná-la a adotar condições mais humanas de trabalho. O próprio Tim Cook, presidente da Apple, viajou à China para vistoriar as linhas de produção e encontrar representantes do governo chinês.

Resta saber se o sucessor de Steve Jobs terá de visitar o Brasil também para que a Foxconn local não cometa os mesmos deslizes de sua matriz. Basta lembar que o presidente mundial da Foxconn afirmou que lidar com os funcionários era como lidar com animais.

Nota da Foxconn

No início da noite, a Foxconn do Brasil enviou nota em que se defende das críticas dos trabalhadores. No texto, a empresa atribui a falta de água a um problema de abastecimento da região. Afirma também que "adequou as linhas de transporte fretado para atender a demanda."

Sobre o restaurante dos funcionários, a empresa informou que foram efetuadas melhorias nesta semana, e que um projeto de expansão está em andamento. A Foxconn encerra a nota declarando que "reitera seu compromisso em proporcionar condições de trabalho adequadas para todos os colaboradores."


Atualizada às 19h30, com a posição da Foxconn.

Acompanhe tudo sobre:AppleEmpresasEmpresas americanasEmpresas chinesasempresas-de-tecnologiaFoxconngestao-de-negociosIndústriaIneficiênciaRotatividadesetor-eletroeletronicoTecnologia da informação

Mais de Negócios

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel

Como esta administradora independente já vendeu R$ 1 bilhão em consórcios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é