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Frigol mira receita de R$3 bi em 2021 com foco na exportação de carne

Quarto maior frigorífico de bovinos do Brasil, espera atingir pela primeira vez a marca de 3 bilhões de reais em receita líquida em 2021

Frigol: "a empresa está se voltando cada vez mais para o mercado externo" (Chaiyaporn Baokaew/Getty Images)

Frigol: "a empresa está se voltando cada vez mais para o mercado externo" (Chaiyaporn Baokaew/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 19h47.

O Frigol, quarto maior frigorífico de bovinos do Brasil, espera atingir pela primeira vez a marca de 3 bilhões de reais em receita líquida em 2021, com uma estratégia voltada para a expansão de vendas de carnes no mercado externo, que passa tanto pela demanda chinesa quanto pela expectativa de novas habilitações.

Em entrevista à Reuters, o CEO da companhia, Marcos Câmara, disse que as exportações passaram a representar 44% da receita neste ano, uma alta de 10 pontos percentuais em relação a 2019, tendo a Ásia como destino de 80% dos embarques.

"A empresa está se voltando cada vez mais para o mercado externo... atualmente, o principal destino é a Ásia e lá, China e Hong Kong são nossos maiores compradores, mas queremos conquistar ao longo dos próximos meses uma certa diversificação geográfica", afirmou.

Em 2020, a companhia - que em bovinos fica atrás apenas das gigantes JBS, Marfrig e Minerva Foods - deve atingir recorde de 2,4 bilhões de reais em receita, ante 1,85 bilhão faturado no ano anterior, na esteira deste incremento nas exportações.

Das cinco plantas do Frigol espalhadas entre São Paulo, Pará e Goiás, uma atua na área de suínos e quatro em bovinos. Do total, duas unidades são habilitadas para embarcar carne de boi à China e uma terceira, localizada em São Felix do Xingu (PA) está em fase final para aprovação do governo chinês.

"A bola está totalmente no campo da autoridade chinesa. A gente imagina que (nossa planta) estará na próxima rodada de aprovação, que pode acontecer a qualquer momento, talvez nas próximas semanas", estimou Câmara.

Segundo ele, outro destino que pode trazer resultados promissores para a companhia no ano que vem é Israel.

"Começamos em agosto um programa de venda de carne para Israel que deve se intensificar em 2021. Uma carne que atende requisitos judaicos, com abate e preparo diferenciados", disse.

Outras apostas estão na possível abertura de mercado para a carne in natura no Canadá e "em um futuro próximo" habilitação do Brasil para o Japão.

Na última semana, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) destacou que o país negocia acordos para a venda da proteína bovina aos mercados citados pelo presidente do Frigol, dentre outros players.

De olho nestes importadores e em novas habilitações para a China no curto prazo, o Brasil projeta aumento de 6% nos volumes de carne bovina embarcados no ano que vem, que superariam o recorde de 2 milhões de toneladas atingido em 2020, de acordo com a Abiec.

Na área de suínos, onde o Frigol também atua, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) enxerga um cenário igualmente positivo seja em produção ou em exportação da carne de porco, em vista dos impactos da peste suína africana sobre o rebanho chinês que vêm se traduzindo em aumento nas importações daquele país desde 2018.

MERCADO INTERNO E A PANDEMIA

"Exportação é relevante, mas o que manda mesmo (no setor de carnes) é o mercado interno", afirmou Câmara. Ele lembrou que, apesar da firme demanda internacional, a maior parte da produção de carnes do país ainda é comercializada aqui.

Sendo assim, ele disse que isso fez de 2020 um ano extremamente desafiador para que conseguissem atravessar a pandemia do novo coronavírus.

As máximas históricas de preços da arroba bovina, que chegaram a 300 reais, puxadas principalmente pela escassez de animais terminados para abate, levaram a indústria a reajustar os valores do portfólio de produtos, contou Câmara.

"Houve uma pressão forte (de custo) e depois do preço do gado atingir picos, agora o mercado vai se acomodando, o que impede que façamos novos reajustes de preço (da carne)", disse.

"Agora, no final do ano, uma reapreciação do real contribuiu para forçar uma reacomodação no preço do boi", acrescentou. Depois de se aproximar de 6 reais no auge da pandemia, em maio, o dólar é negociado nesta segunda-feira em torno de 5,11 reais.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que na última sexta-feira o Indicador do boi gordo Cepea/B3 fechou em 255,30 reais por arroba, queda de 10,03% na variação mensal.

"Os preços ainda estão em processos de acomodação, a demanda apesar das festas de fim de ano está mais contida e os preços da carne estão caindo. Na minha opinião, isso ainda vai perdurar por mais tempo e também uma escassez de animal", avaliou.

Operacionalmente, o CEO do Frigol disse que houve uma redução de 4% no volume de abates, abaixo da média de 10% vista no mercado, causada pela escassez de oferta, mas nenhuma unidade da empresa teve a produção interrompida ou foi descredenciada por compradores em função da pandemia.

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