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Fortunas, polêmicas e desapego – Por que 2020 é o ano dos bilionários

Bilionários ficaram ainda mais ricos na pandemia, acumularam polêmicas e alguns resolveram desapegar de tudo

Luciano Hang, dono das Lojas Havan: tornou-se o 10o mais rico do Brasil, mas acumula polêmicas (Tommaso Rada/Bloomberg/Getty Images)

Luciano Hang, dono das Lojas Havan: tornou-se o 10o mais rico do Brasil, mas acumula polêmicas (Tommaso Rada/Bloomberg/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 25 de outubro de 2020 às 07h00.

Os bilionários do mundo estão presentes como nunca no noticiário. Um dos motivos é que eles ficaram ainda mais ricos em 2020. Um relatório publicado pelo banco UBS mostrou que os super ricos ganharam ainda mais nos últimos meses, com suas fortunas passando de 10 trilhões de dólares, graças ao aumento das bolsas e apesar da crise econômica. Ganha pouco, mas gostaria de começar a guardar dinheiro e investir? Aprenda com a EXAME Academy

Segundo o estudo, a fortuna acumulada dos bilionários atingiu mais de 10,2 trilhões de dólares, um novo recorde desde 2017, ano em que as fortunas dos mais ricos chegaram a 8,9 trilhões de dólares.

No Brasil, os super ricos também se destacaram. A lista de maiores bilionários do país, elaborada pela revista Forbes, ganhou novos nomes na pandemia (veja aqui o ranking).

Fortunas e polêmicas

O empresário Luciano Hang dono da rede varejista Havan é um dos que chegaram ao seleto clube dos dez mais ricos do país. Ele aparece em 10º lugar na lista da Forbes, com patrimônio estimado em 18,7 bilhões de reais.

A ascensão, contudo, não veio sem polêmicas. Hang é investigado sob suspeita de disseminação de notícias falsas na internet. No início de outubro, a inauguração de uma loja da Havan  em Belém, no Pará, provocou aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus. Vídeos postados nas redes sociais mostram uma multidão de pessoas em frente à loja.

Outro nome recém-chegado à lista dos mais ricos é o de Ilson Mateus, fundador do Grupo Mateus, varejista de alimentos forte na região Nordeste. Ex-garimpeiro, ele conseguiu construir uma das maiores fortunas do Brasil em uma das regiões mais pobres do país.

Mateus começou a trabalhar aos 12 anos para ajudar no sustento da família. Aos 17 anos, já produzia cachaça antes de se aventurar na mineração de ouro. Em 1986 abriu uma mercearia que foi a origem do Grupo Mateus. Ele aparece em 9º lugar na lista da Forbes, com patrimônio de 20 bilhões de reais.

Também estreou na lista o investidor Alexandre Behring, apontado como o sexto mais rico do país, com fortuna de 34 bilhões de reais. Behring é sócio da 3G Capital e presidente do conselho de administração da Kraft Heinz.

O ano também teve destaque para o bilionário mais jovem do país, com 30 anos de idade. É Pedro de Godoy Bueno, presidente do grupo Dasa, de medicina diagnóstica. Dono de uma fortuna de 8,5 bilhões de reais segundo a Forbes, Bueno está em 53º lugar entre os 238 bilionários brasileiros contabilizados pela revista Forbes.

A fortuna de Bueno cresceu 193% no último ano, diz a Forbes. Ele assumiu a presidência do grupo Dasa em 2015, aos 24 anos. Dono de 34 laboratórios, como Delboni Auriemo, Lavoisier, Alta, Salomão Zoppi, Sérgio Franco e Bronstein, o grupo Dasa tem 700 unidades de atendimento, 2.000 médicos e realiza mais de 250 milhões de exames todos os anos.

 

 

Seu pai, o cofundador da Amil Edson Bueno, faleceu dois anos depois aos 73 anos. Assim, Pedro e sua irmã, Camilla de Godoy Bueno Grossi, herdaram o império de saúde. Ambos aparecem também na lista global de bilionários da Forbes, com cerca de 1,1 bilhão de dólares cada.

Desapego

Enquanto alguns ganharam destaque pelo crescimento de sua fortuna, outros ficaram conhecidos pelo desapego. A pandemia do novo coronavírus despertou uma onda global de doações pelas pessoas mais ricas do mundo. É um volume recorde de filantropia que chegou a 7,2 bilhões de março a junho, por meio de repasses de 209 bilionários, segundo relatório do banco suíço UBS com a consultoria PwC.

O caso mais emblemático foi o do fundador da Duty Free, Charles “Chuck” Feeney, de 89 anos, que doou toda a sua fortuna enquanto vivo. Inspiração para o cofundador da Microsoft, Bill Gates, e para o megainvestidor Warren Buffett, o filantropo é constantemente citado por ambos como um exemplo para seus projetos de filantropia.

Seu foco era gastar a maior parte de sua fortuna em grandes apostas de caridade em vez de financiar uma fundação após a morte. Movido pelo lema de “você não vai levar nada daqui”, Feeney tem como filosofia abrir mão dos bens e controlar e conferir o resultado das doações enquanto vivo.

Segundo a Forbes, Feeney doou ao menos 8 bilhões de dólares para fundações, fundos de caridade e universidades nas últimas quatro décadas. Dono de um perfil discreto, Feeney vive hoje com sua esposa em um modesto apartamento em São Francisco, na Califórnia (EUA).

 

 

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