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Fortunas das famílias Marinho e Moraes superam a de Eike

Ao contrário de Eike, sete dos membros das famílias Marinho e Moraes nunca apareceram individualmente em rankings internacionais de riqueza


	José Roberto Marinho, Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho: ao todo, a família controla uma fortuna de US$ 20 bilhões
 (Renato Rocha Miranda, Contigo)

José Roberto Marinho, Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho: ao todo, a família controla uma fortuna de US$ 20 bilhões (Renato Rocha Miranda, Contigo)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 19h56.

São Paulo - Por décadas, as famílias Marinho e Moraes formaram a cultura e a indústria do Brasil, acumulando fortunas que ultrapassam a de Eike Batista, o homem mais rico do País.

Os irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho controlam as Organizações Globo, maior grupo de mídia da América Latina. As novelas e o noticiário noturno da empresa de capital fechado os ajudam a dominar cerca de metade do mercado de televisão brasileiro. Ao todo, a família controla uma fortuna de US$ 20 bilhões, segundo o Índice de Bilionários Bloomberg.

O patriarca da família Moraes, Antônio Ermírio, dois irmãos e os herdeiros de seu falecido irmão são donos da Votorantim Participações SA, maior produtora de cimento do Brasil. Eles controlam um patrimônio conjunto de US$ 24,5 bilhões, segundo o índice. Ao contrário de Eike, cuja fortuna soma US$ 19,6 bilhões com suas seis startups de commodity negociadas em bolsa, sete dos membros das famílias Marinho e Moraes nunca apareceram individualmente em rankings internacionais de riqueza.

“Eles têm mais dinheiro que o Eike, mas com certeza não têm a mesma necessidade de fazer propaganda disso”, disse Samy Dana, professor da escola de economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo. “Eles são discretos.”


Tanto a Votorantim quanto a Globo, agora dirigidas pela terceira geração das famílias, prosperaram tanto sob a ditadura quanto na democracia, tanto em períodos de crescimento econômico quanto em tempos de recessão e hiperinflação. Em 2006, quando Eike vendeu ações da MMX, as famílias Marinho e Moraes já estavam entre as mais ricas do País. Com a economia brasileira agora entre as sete maiores do mundo, suas fortunas foram multiplicadas desde então.

Horário Nobre

A avaliação da Bloomberg pode “servir como referência, mas os cálculos são conservadores”, disse a Votorantim por e-mail em 1 de outubro. A família Marinho recusou-se a comentar sobre a estimativa de patrimônio feita pela Bloomberg.

O presidente da Globo, Roberto Irineu Marinho, 65, e seu irmão de 59 anos, João Roberto, diretor editorial, têm fortunas avaliadas em US$ 6,5 bilhões cada, baseado nas fatias de 32,3 por cento que detêm no império de mídia. Com 32 por cento, José Roberto, o herdeiro de 56 anos que lidera a filantropia da família, controla uma fortuna de US$ 6,4 bilhões. Sete de seus filhos detêm o restante da Globo.

A Globo Comunicação & Participações SA teve 53 por cento da audiência do horário nobre, segundo relatório divulgado em março pela empresa. O grupo, que também publica as edições brasileiras das revistas GQ e Vogue, teve no ano passado receita de US$ 4,4 bilhões, US$ 1,4 bilhão em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, US$ 1,1 bilhão de lucro e caixa líquido de US$ 2,6 bilhões, segundo seu balanço. A Globo detém ainda uma participação de 6 por cento na Net Serviços de Comunicação SA, fatia que é avaliada em US$ 270 milhões.


Imigrante português

Antônio Ermírio de Moraes, 84, deixou uma marca diferente no Brasil. Ele, o irmão Ermírio Pereira, 80, e a irmã Maria Helena Moraes Scripilliti, 82, têm um quarto do conglomerado industrial Votorantim cada um, de acordo com documentos entregues à CVM. Essas fatias valem US$ 6,1 bilhões cada, mostra o Índice de Bilionários Bloomberg. Os filhos de seu falecido irmão-- o atual presidente do conselho José Roberto Ermírio de Moraes, José Ermírio de Moraes Neto e Neide Helena de Moraes -- dividem os 25 por cento restantes. Cada um controla uma fortuna de US$ 2,1 bilhões.

As raízes do grupo Votorantim remontam a 1918, quando o imigrante português Antonio Pereira Ignácio comprou uma indústria têxtil na cidade de mesmo nome no interior de São Paulo. José Ermírio de Moraes, que viria a comandar o grupo, entrou na empresa em 1924 após se casar com Helena, filha de Pereira Ignácio. Em 1936, a Votorantim se expandiu para o setor de cimento, hoje seu maior negócio. O grupo também começou a atuar na siderurgia pouco depois, e entrou no setor de alumínio nos anos 50.

No ano passado, a divisão de cimento da Votorantim vendeu 23,6 milhões de toneladas. A empresa teve receita de US$ 4,5 bilhões, US$ 1,4 bilhão em Ebitda e US$ 3 bilhões em dívida líquida. A divisão de metais, gerou US$ 4,5 bilhões em vendas e US$ 950 milhões em Ebitda.

Queda na fortuna

Eike, o controlador de 56 anos do EBX Group Co., viu seu patrimônio perder 43,1 por cento em relação ao pico de US$ 34,5 bilhões no final de março. Em entrevista à Bloomberg no início daquele mês, o magnata -- que tem mais de 1 milhão de seguidores no Twitter -- disse que representa um novo “sonho brasileiro” de sucesso empreendedor.

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