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Forever 21, Topshop, Fnac, Sears: as estrangeiras que vieram para o Brasil (e não deram certo)

Varejistas globais como Forever 21, GAP e FNAC não deram certo no Brasil ao enfrentar custos altos, falta de escala e mudanças no consumo

 (Divulgação e reprodução)

(Divulgação e reprodução)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 08h10.

A chegada da sueca H&M, uma das maiores redes de fast fashion do mundo, marca a nova tentativa de uma gigante do varejo global de se firmar no Brasil.

Tentativa essa que foi muito bem sucedida em alguns casos, como C&A e Zara, mas que também encontraram certas dificuldades, como a Forever 21 e a TopShop.

Nesta matéria, a EXAME relembra cinco casos de varejistas que tentaram fazer negócios em terras brasileiras, mas hoje já não têm mais operação por aqui.

Forever 21

Forever 21

Forever 21 (sx70/Getty Images)

A Forever 21 chegou ao Brasil em 2014 com a promessa de trazer moda jovem a preços baixos, em lojas amplas e com alta rotatividade. Mas saiu pressionada por um modelo que não se encaixou no ambiente local.

A operação foi impactada por uma combinação de problemas: desde a crise financeira da matriz nos Estados Unidos, que entrou com pedido de recuperação judicial em 2019, até a dificuldade de adaptar os preços ao mercado brasileiro.

O fast fashion depende de giro rápido e baixo custo – o que se tornou inviável no Brasil.

Impostos altos, custo de importação e aluguéis caros aumentavam o preço final ao consumidor e tornavam a operação pouco competitiva frente a rivais locais e digitais. A concorrência com plataformas como Shein e Shopee apenas agravou o cenário.

Além disso, a marca sofreu com inadimplência, processos por não pagamento de aluguéis e dificuldade para alcançar escala no Brasil.

O público também mudou: o jovem consumidor começou a priorizar compras conscientes e produtos mais duráveis, o que enfraqueceu o apelo da marca.

Topshop

Loja da Topshop na China

Loja da Topshop na China (Bloomberg)

A Topshop apostou no Brasil em 2012, mas a tentativa durou pouco. Em menos de quatro anos, a marca britânica fechou todas as lojas físicas no país, pressionada por dívidas e baixo desempenho.

A operação se concentrou em lojas de alto padrão, como a unidade do Shopping JK Iguatemi, em São Paulo. Mas o custo elevado, somado ao desempenho abaixo do esperado, rapidamente levou à inadimplência com os shoppings.

Além do peso financeiro, a Topshop teve dificuldade de se adaptar às preferências do consumidor local. As peças e os preços não conversavam com o público brasileiro. A marca também não conseguiu competir com o dinamismo das concorrentes fast fashion, que operam com maior agilidade e volume.

Em 2023, a Topshop retornou ao Brasil por meio da Dafiti, agora apenas no digital. A nova aposta é evitar os custos do varejo físico, foco que tende a crescer entre marcas globais.

GAP

A GAP aterrissou no Brasil em 2013 com a proposta de trazer o lifestyle americano para os shoppings premium. Chegou a operar em São Paulo, Rio e Porto Alegre, com planos de abrir 15 lojas. Mas parou em dez.

As vendas decepcionaram. O franqueado local, o grupo GEP, acumulou dívidas de mais de 500 milhões de reais e entrou em recuperação judicial. A operação tornou-se insustentável.

O alto custo de manter lojas físicas em shoppings, somado à concorrência de marcas mais baratas e ao crescimento do e-commerce, acelerou o fim da operação. Ao mesmo tempo, a matriz da GAP passava por um redesenho estratégico, fechando centenas de lojas mundo afora.

A marca perdeu o timing do fast fashion e não conseguiu se reposicionar com agilidade. Com isso, perdeu espaço tanto para gigantes como Zara quanto para novatas digitais.

Fnac

Logo da Fnac é visto em entrada de loja em Paris, na França

Com seu mix de livros, tecnologia e cultura, a FNAC foi um dos nomes mais inovadores do varejo nos anos 2000. Mas a operação no Brasil, iniciada em 1999, nunca atingiu a escala necessária para ser sustentável.

As lojas eram grandes, caras de operar e com estoques de baixo giro.

Mesmo com 12 unidades e presença em sete estados, a Fnac acumulava prejuízos. No cenário pós-2014, com recessão e mudanças no consumo, a situação piorou.

Em 2017, a Fnac vendeu a operação brasileira à Livraria Cultura – e ainda pagou 130 milhões de reais para que a família Herz assumisse a operação e seus passivos. Mas a Cultura também estava em crise e fechou as lojas da Fnac em 2018.

Sears

A Sears foi uma das primeiras gigantes internacionais a operar no Brasil, abrindo sua primeira loja em São Paulo, em 1949. Foi inovadora no modelo de loja de departamentos e criou um vínculo forte com o consumidor nas décadas seguintes.

Mas nos anos 1980, a matriz americana entrou em crise e o modelo começou a dar sinais de esgotamento também no Brasil. A operação foi vendida em 1983 para os grupos Malzoni e Vendex, que não conseguiram reverter a tendência de queda.

A competição com nomes locais como Mappin e Mesbla, somada à transformação do varejo nos anos 1990, culminou na venda das lojas ao próprio Mappin. Assim, a Sears desapareceu do mercado nacional, sem conseguir acompanhar a modernização do setor.

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