Repórter de Negócios
Publicado em 3 de maio de 2025 às 08h14.
Nem toda marca global consegue traduzir seu sucesso no Brasil.
Enquanto redes como McDonald's, Carrefour e Zara se consolidaram, outras como Forever 21, Fnac, Walmart e Lush enfrentaram obstáculos que as levaram a encerrar suas operações no país.
A combinação de desafios estruturais, erros estratégicos e peculiaridades do mercado brasileiro foi determinante para essas saídas. Relembre quatro saídas de marcas que deixaram saudade no consumidor brasileiro.
FOREVER 21: a justiça norte-americana terá que autorizar a venda da empresa. / (Jeenah Moon/Bloomberg)
A rede de vestuário Forever 21 chegou ao Brasil em 2014 prometendo democratizar a moda jovem com preços baixos. Não conseguiu. O modelo que funcionava nos Estados Unidos não se adaptou à realidade brasileira.
Custos de importação, impostos elevados e dificuldades logísticas aumentaram o preço final dos produtos. Na prática, a rede não conseguiu oferecer aqui o principal atrativo dos Estados Unidos, o preço baixo.
Além disso, o fast fashion exige escala e alta rotatividade de estoque, algo que a operação brasileira não sustentou. A concorrência de plataformas asiáticas como Shopee e Shein, com preços mais baixos e logística agressiva, acelerou o declínio.
A crise global também pesou. Em 2019, a matriz entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos e cortou mercados menos rentáveis. No Brasil, a marca acumulou ações judiciais por atrasos em aluguéis,
Logo da Fnac é visto em entrada de loja em Paris, na França 20/06/2013 REUTERS/Charles Platiau (Charles Platiau/Reuters)
A rede francesa de tecnologia, cultura e entretenimento Fnac, por mais que tenha muitos admiradores pelo Brasil, nunca emplacaram como na França.
A operação acumulou anos de prejuízo e não alcançou a escala necessária.
Na prática, a Fnac era boa no conceito, mas ruim de venda. O brasileiro não comprava o suficiente para manter aquele padrão de loja.
Em 2017, a rede foi vendida para a Livraria Cultura, que também passava por dificuldades. Menos de um ano depois, todas as lojas físicas e o e-commerce foram encerrados.
Walmart Brasil: (Diego Herculano/NurPhoto/Getty Images)
O Walmart entrou no Brasil em 1995 com planos de dominar o varejo. Saiu em 2018, vendendo 80% da operação para o fundo Advent. O motivo? A dificuldade de entender o consumidor brasileiro.
A aposta em “preço baixo todo dia” fracassou diante do gosto local por promoções pontuais, como folhetos de liquidação e descontos agressivos em produtos específicos.
Além disso, falhou na integração das marcas que comprou. A operação virou um mosaico confuso de bandeiras e formatos. A burocracia interna travava decisões. E a crise de 2015-2016 piorou tudo.
O fundo Advent reestruturou a empresa como Grupo BIG, que foi vendido ao Carrefour em 2021 por 7,5 bilhões de reais.
Produtos da Lush, empresa britânica de cosméticos que anunciou sua saída do Brasil (Lush/Divulgação)
A Lush tentou, por duas vezes, fazer morada no Brasil.
A marca britânica de cosméticos veganos e artesanais saiu do Brasil pela última vez em 2018.
Apesar do aumento de vendas, a empresa nunca operou no azul. Impostos altos, logística cara e dificuldades regulatórias tornaram a operação insustentável.
A primeira tentativa havia sido encerrada em 2007, também por problemas societários. Na segunda, pesou ainda o cenário político instável e a longa recessão.