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Forever 21, Fnac, Walmart e Lush: por que essas marcas deixaram o Brasil

Altos custos, erros de estratégia e dificuldades para entender o consumidor brasileiro explicam por que grandes redes internacionais não conseguiram se manter no país

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 3 de maio de 2025 às 08h14.

Nem toda marca global consegue traduzir seu sucesso no Brasil.

Enquanto redes como McDonald's, Carrefour e Zara se consolidaram, outras como Forever 21, Fnac, Walmart e Lush enfrentaram obstáculos que as levaram a encerrar suas operações no país.

A combinação de desafios estruturais, erros estratégicos e peculiaridades do mercado brasileiro foi determinante para essas saídas. Relembre quatro saídas de marcas que deixaram saudade no consumidor brasileiro.

Forever 21

forever21

FOREVER 21: a justiça norte-americana terá que autorizar a venda da empresa. / (Jeenah Moon/Bloomberg)

A rede de vestuário Forever 21 chegou ao Brasil em 2014 prometendo democratizar a moda jovem com preços baixos. Não conseguiu. O modelo que funcionava nos Estados Unidos não se adaptou à realidade brasileira.

Custos de importação, impostos elevados e dificuldades logísticas aumentaram o preço final dos produtos. Na prática, a rede não conseguiu oferecer aqui o principal atrativo dos Estados Unidos, o preço baixo.

Além disso, o fast fashion exige escala e alta rotatividade de estoque, algo que a operação brasileira não sustentou. A concorrência de plataformas asiáticas como Shopee e Shein, com preços mais baixos e logística agressiva, acelerou o declínio.

A crise global também pesou. Em 2019, a matriz entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos e cortou mercados menos rentáveis. No Brasil, a marca acumulou ações judiciais por atrasos em aluguéis,

Fnac

Logo da Fnac é visto em entrada de loja em Paris, na França

Logo da Fnac é visto em entrada de loja em Paris, na França 20/06/2013 REUTERS/Charles Platiau (Charles Platiau/Reuters)

A rede francesa de tecnologia, cultura e entretenimento Fnac, por mais que tenha muitos admiradores pelo Brasil, nunca emplacaram como na França.

A operação acumulou anos de prejuízo e não alcançou a escala necessária.

Na prática, a Fnac era boa no conceito, mas ruim de venda. O brasileiro não comprava o suficiente para manter aquele padrão de loja.

Em 2017, a rede foi vendida para a Livraria Cultura, que também passava por dificuldades. Menos de um ano depois, todas as lojas físicas e o e-commerce foram encerrados.

Walmart

Walmart Brasil

Walmart Brasil: (Diego Herculano/NurPhoto/Getty Images)

O Walmart entrou no Brasil em 1995 com planos de dominar o varejo. Saiu em 2018, vendendo 80% da operação para o fundo Advent. O motivo? A dificuldade de entender o consumidor brasileiro.

A aposta em “preço baixo todo dia” fracassou diante do gosto local por promoções pontuais, como folhetos de liquidação e descontos agressivos em produtos específicos.

Além disso, falhou na integração das marcas que comprou. A operação virou um mosaico confuso de bandeiras e formatos. A burocracia interna travava decisões. E a crise de 2015-2016 piorou tudo.

O fundo Advent reestruturou a empresa como Grupo BIG, que foi vendido ao Carrefour em 2021 por 7,5 bilhões de reais.

Lush

Produtos da Lush, empresa britânica de cosméticos que anunciou sua saída do Brasil

Produtos da Lush, empresa britânica de cosméticos que anunciou sua saída do Brasil (Lush/Divulgação)

A Lush tentou, por duas vezes, fazer morada no Brasil.

A marca britânica de cosméticos veganos e artesanais saiu do Brasil pela última vez em 2018.

Apesar do aumento de vendas, a empresa nunca operou no azul. Impostos altos, logística cara e dificuldades regulatórias tornaram a operação insustentável.

"O Brasil é um mercado muito difícil para a operação uma marca britânica. Apesar do crescente aumento de vendas, a alta carga tributária e a prolongada recessão econômica, somados a instabilidade política, tornou impossível à Lush continuar investindo e lucrar no país", disse a companhia em comunicado na época. 

A primeira tentativa havia sido encerrada em 2007, também por problemas societários. Na segunda, pesou ainda o cenário político instável e a longa recessão.

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