Forever 21 está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos desde setembro de 2019 (Jeenah Moon/Bloomberg)
Agência O Globo
Publicado em 17 de março de 2021 às 08h14.
A rede de lojas Forever 21, em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos desde setembro de 2019, é alvo de ações judiciais movidas por shoppings cobrando o pagamento de aluguel em atraso. A Justiça do Rio acatou pedido do Riosul e deu 30 dias de prazo para que a marca deixe o espaço que ocupa no centro comercial de Botafogo, conforme antecipou o colunista do GLOBO Ancelmo Gois.
Há ao menos mais dois processos por inadimplência no aluguel, movidos pelos Shopping Tijuca e o Plaza Shopping Niterói, ambos da brMalls.
Desde setembro de 2019, o número de lojas da Forever 21 tombou de 36 para 19 no país. Em janeiro deste ano, a empresa fechou um acordo com a Multiplan, que resultou no encerramento das atividades de 11 lojas da marca em shoppings do grupo.
— Sair de uma rede como a Multiplan, com shoppings voltados para classe média e alta, significa perder potência de venda. E o ambiente de consumo da marca se perdeu, não se ouve falar de Forever 21 — diz Ana Paula Tozzi, da AGR Consultores.
Segundo ela, há “um somatório de problemas”:
— A empresa depende de importação e, com o dólar a quase R$ 6, é difícil recompor estoques. Depois, o modelo fast fashion mudou. As novas gerações buscam sustentabilidade — ressalta.
O e-commerce, continua ela, é outro entrave às atividades da Forever 21, que priorizou o varejo físico e entrou com atraso no digital:
— Agora, mesmo focando no digital, o e-commerce soma 25% das vendas como um todo, não compensa a perda do físico.
Quando pediu proteção à Justiça americana, a Forever 21 tinha dívidas que podiam chegar a US$ 10 bilhões e previa ter de fechar ao menos 350 de suas 800 lojas pelo mundo.
No Riosul, o aluguel está atrasado desde abril de 2020. Até agosto, quando o shopping entrou com o processo, a dívida somava quase R$ 700 milhões. No processo, a Forever 21 disse não quitar o pagamento por perdas geradas com o fechamento da loja no início da pandemia.
O shopping, contudo, argumentou que, entre julho e dezembro, a unidade ali localizada gerou R$ 1,85 bilhão em vendas.
— Num cenário de pandemia, o que se recomenda é que as partes sejam razoáveis e renegociem contratos. E isso foi feito sobretudo no momento de fechamento dos shoppings. Não se justifica inadimplência total do lojista nem intransigência total do shopping. A discussão chega à Justiça apenas quando não há acordo. Isso acaba acelerando o encolhimento da rede — avalia Raphael Moreira Espírito Santo, sócio da área de direito imobiliário do Veirano Advogados.
Procuradas, Forever 21 e brMalls não comentaram.