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Ford ainda negocia venda da fábrica do ABC

O Grupo Caoa foi o único a ter interesse, mas ainda busca uma forma de fazer a compra, já que não obteve crédito do BNDES

Ford: Com atividades suspensas desde outubro de 2018, unidade no ABC aguarda comprador (Amanda Perobelli/Reuters)

Ford: Com atividades suspensas desde outubro de 2018, unidade no ABC aguarda comprador (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de agosto de 2019 às 10h11.

Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 10h12.

São Paulo — A pouco mais de dois meses de fechar a fábrica de São Bernardo do Campo, o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters, disse manter negociações com um interessado em adquirir a unidade no ABC paulista e espera anunciar um desfecho nas próximas semanas. Ele confirmou, porém, que toda a produção será desativada em outubro.

O grupo Caoa, do empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, único a confirmar interesse, ainda busca a fórmula para bancar a compra, segundo fontes do mercado, pois não obteve crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Sou otimista sobre a possibilidade de surgir um comprador local, mas a janela (de tempo) está se fechando", disse Watters durante evento em São Paulo para confirmar a chegada ao mercado do SUV Territory.

Desde o anúncio do fechamento da fábrica, em fevereiro, há uma busca por um comprador, liderada pelo governador de São Paulo, João Doria. Em agosto, a produção do Fiesta foi interrompida e, em outubro, será a vez da linha de caminhões.

A fábrica tinha 2,8 mil funcionários e hoje emprega cerca de 1,2 mil, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Muitos já aderiram ao pacote de benefícios que a Ford propôs, com pagamento de salários extras. Outros aguardam o desfecho das negociações para tentar manter o emprego. Procurado, o grupo Caoa não comentou o tema.

SUV chinês

Pela primeira vez em 100 anos, a Ford vai importar um veículo feito na China para vender no Brasil e na Argentina. Futuramente, o Territory deve ser produzido na Argentina, embora inicialmente o Brasil tenha sido cotado.

Desenvolvido pelas engenharias da Ford dos EUA e da China, o utilitário-esportivo foi lançado no país asiático no início deste ano e os mercados brasileiro e argentino serão os primeiros a vendê-lo fora da Ásia, a partir de meados de 2020.

O Territory disputará mercado no segmento de SUVs de médio porte, no qual estão modelos como o Jeep Compass, que custa a partir de R$ 114 mil e vendeu 34,2 mil unidades neste ano.

"É um veículo com muita tecnologia e conectividade e marca o começo do futuro para a Ford na América do Sul", disse Watters. Segundo ele, "será um produto economicamente viável".

O Territory tem câmera 360 graus, que permite a visão de todo o entorno do veículo, piloto automático adaptativo, estacionamento automático, alerta de permanência em faixa e monitoramento de ponto cego, entre outros itens.

Rogelio Golfarb, vice-presidente da montadora, disse que o novo SUV "indica a direção para onde a Ford está indo", no sentido de espelhar o consumidor de uma geração conectada, móvel e ativa. O modelo será mostrado no Rock in Rio, que a Ford patrocina pela primeira vez.

A Ford foi pioneira no país no segmento de SUVs com a produção do EcoSport, hoje em 6º lugar em vendas na categoria. A marca é a única entre as seis maiores do país que registrou queda de vendas neste ano, de 4%, num mercado que cresceu 10,9% até julho ante 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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