Com embalagens sustentáveis com papelão ondulado e papel propriamente dito, sustentável, que é transformado principalmente em sacos e sacolas, empresa cresceu 23% nos últimos cinco anos (Irani/Divulgação)
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Publicado em 28 de setembro de 2022 às 10h00.
Última atualização em 28 de setembro de 2022 às 11h36.
Realizado em julho de 2020, o “follow-on” da Irani se traduziu em R$ 405 milhões. Na época, a ação da fabricante de papel e embalagem foi precificada a R$ 4,50. Quanto vale atualmente? Perto de R$ 8. “Tende a crescer muito, porque ainda não representa o valor intrínseco da companhia”, diz Sérgio Ribas, CEO da empresa.
Primeira colocada na categoria Papel e Celulose do Prêmio Melhores e Maiores, de EXAME, (confira aqui o ranking) e única companhia brasileira de capital aberto que é focada em embalagens sustentáveis, a Irani está listada desde 1977. Optou pelo “follow-on” para financiar uma série de investimentos que, somados, chegam a R$ 1 bilhão entre este ano e o próximo — e deixarão a empresa ainda mais competitiva.
As três principais melhorias impulsionadas pelo “follow-on” devem ser concluídas até o ano que vem. A instalação de uma caldeira de recuperação é uma delas. Tornará o principal polo produtor do grupo autossuficiente em geração de energia.
E ainda há a reforma da máquina de papel 2, que contribuirá sobretudo com a produção de sacolas kraft para varejo físico e online, e sacos kraft para delivery e takeaway, graças à ampliação em quase 60% da unidade de embalagens localizada em Santa Catarina.
É preciso registrar que o panorama está extremamente favorável para as embalagens sustentáveis de papel. “No ano passado tivemos o melhor resultado da nossa história, com Ebitda acima dos R$ 500 milhões”, diz o CEO. “Esperamos mais um resultado histórico neste ano”.
A alta se deve à explosão do e-commerce durante a pandemia — que impacta, diretamente, o setor da Irani — e à preferência, cada vez maior, por embalagens sustentáveis. “A substituição de matérias-primas nocivas ao meio ambiente está virando uma exigência da sociedade”, acrescenta o executivo.
Nos últimos cinco anos, a receita líquida da empresa cresceu 23% ao ano. Ela produz embalagens sustentáveis com papelão ondulado e papel propriamente dito, sustentável, que é transformado principalmente em sacos e sacolas. “Nos shoppings, não se avistam mais sacolas de plástico como antes”, observa o executivo.
Produzir papel, todo mundo sabe, custa bem mais do que produzir plástico. Eis uma das principais razões para o primeiro ainda não ter decretado a aposentadoria do segundo. “Há desafios para entrarmos em alguns segmentos”, admite o CEO, lembrando que os canudos de papel ainda não são tão funcionais como os tradicionais.
Cabe ao setor, portanto, desenvolver barreiras superficiais que impeçam a passagem de líquidos – e que não recorram a derivados de petróleo. A Irani aceitou o desafio. “Temos vários projetos de inovação nessa área”, afirma Ribas.
Sustentabilidade é um dos pilares da empresa. Nos últimos 12 meses, ela produziu 287 mil toneladas de papel para embalagens que não agridem o meio ambiente. Mais de 72% da matéria-prima que ela utiliza é reciclada e a chamada fibra virgem vem de base florestal própria com manejos adequados e certificações ambientais. Biodegradável, vale lembrar, o papel pode ser reciclado até sete vezes.
No ano passado, o mercado de embalagens no Brasil movimentou mais de R$ 110 bilhões. Desse total, quase R$ 27 bilhões se devem ao segmento de embalagens sustentáveis.
O mercado de papelão ondulado cresceu 5% em 2020 e mais 5% em 2021. No começo deste ano, é verdade, registrou-se uma pequena queda nas vendas. Em junho, julho e agosto deste ano, no entanto, as expedições da Irani foram maiores que as registradas nos mesmos meses de 2021. “Houve crescimento sobre uma base já muito alta”, Ribas comemora. “E a forte demanda nos permitiu repassar os aumentos provocados pela inflação”.