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Fnac: vamos manter os negócios no Brasil com ou sem investidor

Em entrevista exclusiva a EXAME.com, Fnac conta por que busca um novo sócio no Brasil

Subsidiária brasileira: vendas no Brasil correspondem a 2% dos negócios totais (./Divulgação)

Subsidiária brasileira: vendas no Brasil correspondem a 2% dos negócios totais (./Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 1 de março de 2017 às 19h29.

Última atualização em 19 de março de 2017 às 15h09.

São Paulo – Na tarde de terça-feira de Carnaval no Brasil, madrugada na França, Arthur Negri, presidente da Fnac do Brasil há menos de um mês, acompanhava a teleconferência de resultados do grupo francês, sem saber que a empresa cairia na boca do povo no mesmo dia.

Uma notícia divulgada pela agência francesa AFP anunciava a saída da varejista do Brasil. Uma nota divulgada hoje, falava que a empresa ficaria, mas com a condição de ter um novo sócio.

O que isso significa realmente? Negri esclarece na entrevista exclusiva a seguir. Confira:

EXAME.com - Afinal, a Fnac fica ou não no Brasil?

Arthur Negri – Fica. A intenção da companhia global para a subsidiária brasileira é buscar investidores e garantir, assim, a expansão do negócio. Não é uma decisão de saída, ao contrário, é a busca por um investidor para que o negócio cresça.

Por que, então, a operação brasileira foi definida como descontinuada no último balanço?

A Fnac Darty decidiu alocar investimentos diretos apenas para a expansão dos negócios na Europa, enquanto que para negócios internacionais, como o Brasil, o capex virá de investidores externos.

Essa decisão foi demonstrada no balanço como subsidiária descontinuada, respeitando os critérios contábeis definidos pela matriz na França. Não quer dizer que não haverá apoio financeiro, mas que vamos buscar investidores para o desenvolvimento da operação Brasil, que até então crescia apenas por meio de aportes diretos feitos pela controladora.

A subsidiária do Brasil representa 2% dos negócios globais e não se sustentaria sem o capital externo que será captado?

A operação se sustenta na sua necessidade de capital de giro. Porém, para uma expansão, é preciso de mais recursos. A escolha do controlador foi direcionar todos os seus esforços de investimento para a Europa, enquanto cria um braço de internacionalização, com apoio de investidores externos.

Qual o perfil do novo sócio que a Fnac quer encontrar para a operação brasileira?

Não há ainda uma definição neste momento do perfil que queremos. Vamos fazer essa busca de maneira ativa e entendo que pode haver interesse tanto de fundos de private equity quanto de investidores estratégicos, outros negócios do mesmo segmento que operam redes de formato e valores semelhantes.

Chegaram a conversar com as concorrentes Livraria Cultura e Saraiva?

Não, ainda não falamos com ninguém, farei isso daqui para frente.

Há possibilidade de surgir novos formatos de lojas, de tamanhos menores, e franquias?

Sim, novos modelos estão sendo cogitados, não só aqui, no mundo. Na França, por exemplo, já temos lojas de vizinhança, com sortimento de produtos adequados para a região. Em Portugal e também na França, oferecer diversas maneiras de comprar e entregar, de acordo com a escolha do cliente, já é uma realidade e um sucesso.

São opções que podem ser adotadas no Brasil, desde que tenhamos como nos desenvolver.

E em relação ao modelo de franquias?

A Fnac já possui operações assim no Catar, há um ano, e no Marrocos, há dois, são operações menores em vendas e mais recentes. Também tem expandido dentro da França por esse formato, uma alternativa para crescer em localidades menores, onde não é rentável ter uma loja com todo o portfólio.

Por que esse anúncio coincidiu com a troca de comando da empresa? Alguns veículos fizeram uma ligação direta entre os dois fatos...

Foi uma coincidência. A divulgação de resultados de 2016 já estava marcada há tempos.

Qual a sua missão no comando da companhia?

Entrei na companhia há quase um mês para reorganizar e promover a sua expansão. Há espaço para ajustes na operação para que possamos dar melhores resultados, margens e retornos para os investidores. É nisso que estou trabalhando.

Os primeiros sintomas desses ajustes e resultados já começam a aparecer. Tivemos um bom mês de fevereiro, acompanhados pela própria recuperação da economia.

A empresa já havia anunciado mudanças de portfólio e loja online. Que mudanças são essas?

Estamos fazendo uma revisão do que vendemos para acrescentar itens dentro de linhas que já trabalhamos e reforçar a área de papelaria, com uma apresentação melhor de livros e sortimentos, além da adequação de fornecedores. Tudo para melhorar a experiência dos clientes nas lojas e continuar a ter relevância no segmento.

Como pretendem sair da crise global do setor?

Não posso falar pela controladora sobre a estratégia global.

A crise no Brasil atrapalhou a rede?

Sem dúvida nenhuma a crise afetou os negócios. Tivemos um biênio 2015 e 2016 com queda brutal no poder de consumo e inflação alta, que afetaram a Fnac e o varejo como um todo.

A Fnac possui hoje 800 funcionários e 12 lojas no país. O que esperar dela para este ano?

Achamos que o pior já passou e esperamos momentos melhores com a retomada do índice de confiança do consumidor e a possibilidade de capturar o máximo possível para a evolução do negócio no país.

E se o investimento externo não acontecer, como fica a operação no Brasil?

Entendemos que a melhora do cenário macroeconômico pode gerar interesse dos investidores. Se não acontecer, estaremos com nossa operação organizada, estruturada e no modelo que temos hoje, mantendo as 12 lojas e o comércio eletrônico e seguindo com a manutenção dos canais de vendas e logística.

Ou seja, se não houver investimento externo, não haverá expansão da empresa, mas a operação seguirá como é hoje, no formato já estabelecido há quase 20 anos no país.

 

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