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Floripa é um destino global de nômades digitais — e já tem até 'concierge' para gringos

A capital catarinense só perde para Dubai em número de empreendedores globais, segundo pesquisa. Pensando em quem vem de fora, a Founder Haus, em Jurerê, virou um hub com apoio para abertura de CNPJ, conexão com negócios locais e até sessões de banho de gelo para um reset mental

Florianópolis: em 2025, a cidade tem 5.666 nômades digitais, uma alta de 224% em seis anos. Evolução coloca a cidade à frente de outros hubs globais conhecidos, como Bali e Cidade do México (Leandro Fonseca /Exame)

Florianópolis: em 2025, a cidade tem 5.666 nômades digitais, uma alta de 224% em seis anos. Evolução coloca a cidade à frente de outros hubs globais conhecidos, como Bali e Cidade do México (Leandro Fonseca /Exame)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 13h44.

Última atualização em 20 de setembro de 2025 às 14h41.

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Florianópolis, a capital de Santa Catarina, tem se consolidado como um dos destinos mais atraentes para nômades digitais

De acordo com um estudo da DashCity, plataforma de inteligência, a cidade ocupa o segundo lugar globalmente, ficando atrás apenas de Dubai em termos de atratividade para empreendedores e trabalhadores remotos. 

O estudo, baseado em uma análise preditiva que usa inteligência artificial e fontes de alta relevância, projeta um crescimento exponencial da população de nômades digitais na cidade, com estimativas que apontam para mais de 13.000 nômades até 2030.

Em 2025, Florianópolis deverá contar com cerca de 5.666 nômades, o que representa um aumento de 224% em relação a 2018. Essa taxa de crescimento coloca a cidade à frente de outros hubs globais conhecidos, como Bali e Cidade do México. 

O aumento da população de nômades digitais também reflete em um impacto econômico significativo, com os gastos médios de cada nômade gerando um efeito direto de R$ 160 milhões na economia local em 2025, cifra que deve crescer para R$ 380 milhões em 2030.

"Florianópolis é um hub em crescimento, com a maior taxa de crescimento entre os destinos para nômades digitais, o que a torna uma escolha cada vez mais atrativa, tanto para os que buscam qualidade de vida quanto para os que buscam inovação", explica Dudu Gentil, co-fundador da DashCity e também morador de Florianópolis.

O que atrai os nômades

A cidade já é reconhecida como a "capital nacional das startups", com um ecossistema tecnológico robusto e em expansão. Florianópolis abriga mais de 6.000 empresas no setor de tecnologia, sendo a densidade de startups na cidade 10 vezes superior à de São Paulo. 

A infraestrutura digital da cidade, com conectividade de internet de alta velocidade e espaços de coworking em grande quantidade, também é um atrativo importante para nômades digitais.

A cidade é, ainda, a sede de importantes instituições de ensino, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que forma mais de 400 engenheiros de software anualmente. 

Além disso, o ecossistema de inovação é fortalecido por iniciativas como a ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) e o Sapiens Parque, que impulsionam o desenvolvimento de startups e atraem cada vez mais investimentos.

Além disso, a cidade oferece o equilíbrio entre um ambiente urbano moderno e belas paisagens naturais, com 42 praias e 27% do seu território protegido ambientalmente. 

Para muitos nômades digitais, a possibilidade de trabalhar com vista para o mar, ao mesmo tempo em que desfrutam de um custo de vida consideravelmente mais baixo do que em outras cidades globais, tem sido um grande atrativo.

Founder Haus: o hub em Jurerê Internacional

Um dos principais pontos de convergência para os nômades digitais em Florianópolis é a Founder Haus, localizada em Jurerê, balneário cujo bom planejamento urbano o coloca como um dos CEPs mais valorizados da cidade. Inaugurada em agosto de 2023, a Founder Haus se apresenta como um hub de inovação voltado para empreendedores e investidores. 

Fundada por Paloma Lecheta e Nima Kaz, a Founder Haus busca ser mais do que um simples coworking: ela oferece um espaço de acolhimento e suporte para fundadores de startups, com foco no "empreendedorismo saudável", conceito que combina bem-estar e produtividade.

"Queremos criar um ambiente onde o empreendedor se sinta em casa, tanto para trabalhar quanto para cuidar da sua saúde mental e física. Acreditamos que um empreendedor saudável é um empreendedor mais eficiente", afirma Paloma Lecheta, co-fundadora da Founder Haus.

O espaço oferece uma agenda diversificada, com eventos como o Jurerê Breakfast Club e o Founder Fridays Floripa, que permitem aos participantes se conectar e trocar ideias. 

A Founder Haus também oferece serviços como a ajuda para abrir um CNPJ, além de proporcionar um ambiente propício para o desenvolvimento de negócios e networking.

Com cerca de 450 membros na comunidade, a Founder Haus se tornou um centro estratégico para empreendedores que buscam desenvolver seus negócios enquanto aproveitam a qualidade de vida que Florianópolis oferece. 

Além disso, o local oferece práticas de bem-estar, como atividades físicas e treinamentos como sessões de banho de piscina com gelo para um 'reset mental' capaz de melhorar as capacidades cognitivas dos empreendedores.

Paloma Lecheta e Nima Kaz, da Founder Haus: apoio ao nômade global na chegada a Floripa (Divulgação/Divulgação)

Os desafios no caminho de Floripa

Embora a cidade tenha mostrado um crescimento impressionante na população de nômades digitais, existem desafios a serem enfrentados para consolidar esse crescimento de maneira sustentável. 

O maior desses desafios é o alto custo da habitação. O mercado imobiliário em Florianópolis já enfrenta dificuldades para atender à demanda crescente de moradia, especialmente durante os períodos de alta temporada. 

A escassez de opções de moradia acessível tem se refletido no aumento do custo de aluguel, particularmente em bairros como a Lagoa da Conceição, o Campeche e Jurerê, áreas mais procuradas por nômades.

Em resposta a esse problema, empresas e imobiliárias locais estão se adaptando, com iniciativas para oferecer moradia acessível e espaços voltados para o público nômade. 

A construtora Modulare, por exemplo, está desenvolvendo um empreendimento em Jurerê focado exclusivamente em nômades digitais, o que deve ajudar a aliviar a pressão sobre o mercado imobiliário local. Além disso, o conceito de “work living” tem ganhado destaque, com espaços de coworking crescendo em número na cidade.

Outro desafio identificado é a barreira linguística. Embora Florianópolis seja um destino popular para estrangeiros, a cidade ainda enfrenta dificuldades em integrar nômades digitais devido à baixa proficiência em inglês da população local. 

Com cerca de 38% da população fluente no idioma, as autoridades locais estão adotando medidas para melhorar a capacitação linguística, oferecendo programas de capacitação em inglês tanto para profissionais da hospitalidade quanto para o público em geral.

O papel das iniciativas privadas

Florianópolis tem se beneficiado de políticas públicas favoráveis ao nômade digital, como o visto VITEM XIV, que facilita a entrada de trabalhadores remotos no Brasil. 

Esse visto permite que nômades digitais permaneçam no país por até dois anos, com uma renovação, desde que cumpram requisitos como uma renda mínima de US$ 1.500 mensais. 

Além disso, a cidade conta com iniciativas como o programa “Floripa Mais Tec” e a lei que declarou Florianópolis como a Capital Nacional das Startups, o que oferece um ambiente favorável à inovação e à atração de novos negócios.

A cidade também vem investindo em infraestrutura, como a criação de zonas “Nomad Friendly” em Jurerê, que contam com coworking 24 horas e internet de alta velocidade, além de uma plataforma digital para centralizar serviços essenciais, como pedidos de alimentação e questões burocráticas, como a obtenção de CPF. 

Essas iniciativas têm o objetivo de tornar a cidade cada vez mais acessível para os nômades digitais, ao mesmo tempo em que fortalecem o ecossistema de inovação local.

Projeções para o futuro

Se o ritmo de crescimento se mantiver, como previsto nas projeções da DashCity, Florianópolis deve atingir a marca de 13.000 nômades digitais até 2030, com um impacto econômico direto de cerca de R$ 380 milhões por ano. 

Isso coloca a cidade no mesmo patamar de hubs internacionais como Dubai, que recebe cerca de 12.000 nômades anualmente, além de Bali e Cidade do México.

O desafio, portanto, será gerenciar esse crescimento de maneira sustentável, com foco na expansão da infraestrutura e na redução dos obstáculos relacionados à habitação e à integração linguística.

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