Negócios

Fish and chips – o rei das batatas agora vai vender peixe

A Bem Brasil, líder brasileira em batatas fritas pré-congeladas, também lançou a linha de batata doce e prepara expansão internacional para ano que vem

 (Bem Brasil/Divulgação)

(Bem Brasil/Divulgação)

NB

Naiara Bertão

Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2018 às 06h00.

A Bem Brasil, empresa brasileira líder em batata frita pré-congelada, vai entrar em outro segmento de negócios – o peixe. A partir de janeiro já será possível comprar tilápia congelada da marca em grandes redes de supermercados do país. Ao todo, a empresa investiu 300 milhões de reais nos últimos três anos para construção de uma segunda fábrica e desenvolvimento de novos produtos. Também começou a produzir este ano a batata doce assada, de olho no público mais saudável.

“Nosso objetivo é sermos líderes em São Paulo até 2020 e expandir nossa receita com produtos mais saudáveis”, diz João Emílio Rocheto, presidente e sócio da Bem Brasil junto com o irmão, Celso Rocheto. Os irmãos são também donos da maior plantação de batatas do Brasil, com mais de 8 000 hectares de plantações nas fazendas de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso, de onde saem anualmente 260 000 toneladas do tubérculo.

Para 2018, a expectativa da Bem Brasil é fechar o ano com aproximadamente 800 milhões de reais de faturamento, crescimento de 50%, resultado ajudado pelo aumento de produção da nova planta, em Perdizes, em Minas Gerais, que começou a operar em fevereiro de 2017.

Apesar de ser a maior empresa brasileira de batata frita pré-congelada, a Bem Brasil ainda perde em participação para a americana McCain, que, estima-se ter mais de 30% do mercado nacional contra 26% da Bem Brasil. A McCain, a maior produtora mundial da especialidade com 53 fábricas e receitas anuais de 7 bilhões de reais, comprou em março deste ano 49% da fabricante de pães de queijo Forno de Minas.

Segundo a empresa de análise de dados Euromonitor, em 2017 o mercado de batata congelada movimentou 570 milhões de reais, valor que deve saltar 14% este ano, para 649 milhões de reais. A Euromonitor considera as vendas na ponta da cadeia, ao consumidor final. O Brasil é o 21º produtor de batata do mundo, com 3,7 milhões de toneladas colhidas em 2016. Mas o potencial das fritas é alto – segundo a Associação da Batata Brasileira, cerca de 90% do consumo ainda é do produto in natura.

Investimentos

Ao todo, investiu nos últimos três anos 300 milhões de reais, sendo que 200 milhões foram para a implantação de uma nova fábrica em Perdizes, Minas Gerais. Os outros 100 milhões de reais foram usados para desenvolver os novos produtos do portfólio, criar novas embalagens, melhorar a rastreabilidade da matéria-prima e investir na expansão da área comercial.

“Por ora, vamos comprar a tilápia de outro produtor para sentir o mercado. Se der certo, pensaremos em produzir nós mesmos”, diz João Rocheto, que compra o peixe do Riviera Pescados, um vizinho em Perdizes. Para o ano que vem, entra também no cardápio a batata assada pré-congelada (até agora, só comercializava a frita). A Bem Brasil já vende anéis de cebola fritos e congelados e flocos de batata para purê.

Apesar de a fábrica ser hoje a principal responsável pelo faturamento do grupo, a história da empresa remonta o campo, quando os irmãos Rocheto, filhos de um pequeno produtor rural em São João da Boa Vista, interior paulista, se mudaram, em 1994, para Minas Gerais para plantar batatas. Por 10 anos focaram na produção e venda em feiras e supermercados. Em 2004, decidiram partir para a indústria e abriram uma fábrica de batata frita pré-congelada em Araxá, no Triângulo Mineiro.

Hoje, cerca de 70% das 260 000 toneladas por ano que o Grupo Rocheto (como chama a divisão agrícola, separada do Bem Brasil) produz vai para abastecer as duas fábricas da Bem Brasil, a de Araxá e a mais nova, em Perdizes, cidade vizinha, inaugurada em fevereiro de 2017. Juntas, elas têm capacidade de processar 250 mil toneladas por ano, mas não estão em plena capacidade.

Segundo João Rocheto, há flexibilidade para aumentar bem mais a produção caso necessite, o que pode acontecer se a empresa levar adiante o plano de expansão internacional. “Ainda estamos estudando para quais países, mas de olho, por exemplo, no Golfo do México, Ásia e América do Sul”, diz João Rocheto. A empresa não possui centros de distribuição. A partir das duas fábricas, os produtos são comercializados por 100 distribuidores em todo o país.

A estimativa da Bem Brasil é fechar o ano com uma produção de 183,6 mil toneladas de batata frita. A empresa tem entre os clientes as redes de supermercados Pão de Açúcar e Carrefour e os restaurantes Madero, Griletto e Johnny Rockets. A intenção é conquistar mais clientes de fast food, um bom mercado pelo alto giro. As vendas para supermercados, que foram 15% do volume de vendas em 2014, hoje são responsáveis por 35%, acompanhando a tendência dos consumidores brasileiros que tem cozinhado mais em casa para economizar, reflexo da crise econômica. Em termos de crescimento futuro, a expectativa é vender 18% a mais em 2019.

 

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoFábricasInvestimentos de empresas

Mais de Negócios

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel

Como esta administradora independente já vendeu R$ 1 bilhão em consórcios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é