Em relação à inadimplência diante do contexto de pandemia e desemprego, o executivo afirma que a empresa também “pisou no freio” no início da covid-19 para entender melhor o cenário, mas logo retomou o crescimento proposto (Provu/Divulgação)
Karina Souza
Publicado em 17 de novembro de 2021 às 08h00.
A fintech Provu (ex-Lendico), especializada em crédito pessoal e meios de pagamento, anuncia nesta quarta-feira que levantou R$ 1,4 bilhão em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) liderado pelo Goldman Sachs. O formato da operação, apesar de bastante restrito no país, ainda é um dos principais utilizados por algumas fintechs no país -- em janeiro, a Stone levantou R$ 580 milhões em uma operação como essa. No caso da Provu, a companhia não divulga a distribuição de cotas e prazos, mas afirma que os R$ 1,4 bilhão incluem tanto capital de terceiros quanto do investidor próprio.
O montante deve ser investido principalmente na linha de negócio Buy Now, Pay Later (BNPL), ou, em bom português, o crediário digital. No caso da fintech, o produto se chama “Provu parcelado”. A vertical desse modelo de negócios B2B2C foi inaugurada em outubro do ano passado em fase de testes e teve investimentos em marketing reforçados para ela em 2021. O segmento deve movimentar cerca de 1 trilhão de dólares no mundo até 2025 e, é claro, não faltam concorrentes por ele. Outras startuos, como a Meu Crediário, também oferecem o serviço no país.
Os planos estão alinhados ao momento atual da empresa. Em 2021, a Provu obteve a autorização do Banco Central para atuar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), podendo operar com recursos próprios no processo de aprovação de pedidos de empréstimos. Em seis anos de operação, a Provu já emprestou mais de R$ 600 milhões para mais de 80 mil clientes, principalmente na modalidade de crédito pessoal.
Segundo Marcelo Ramalho, CEO e porta-voz da Provu, a expectativa é de que essa vertical se torne maior do que a de empréstimo pessoal já no próximo ano. “Não estamos necessariamente abandonando o crédito pessoal. Mas entendemos que o BNPL atinge uma parcela maior da população, tem uso diferente pela população desbancarizada que não tem acesso ao cartão de crédito. Conseguimos atender a um número muito maior de clientes, que têm um prazo de crédito mais curto e tíquete menor”, diz o executivo.
Para garantir o resultado pretendido, ele afirma que a plataforma já está integrada nos principais e-commerces do país, a fim de que possa ser utilizada por eles sem a necessidade de desenvolvimento de TI adicional. Além disso, como incentivo a esse público, a Provu assume de forma integral todo o risco das operações.
Do lado do cliente final, a principal vantagem é a de não “cair no rotativo” diante de qualquer eventualidade em relação ao cartão de crédito, mas sim de ter previsibilidade de que os pagamentos do carnê terão juros menores caso algo aconteça.
Em relação à inadimplência diante do contexto de pandemia e desemprego, o executivo afirma que a empresa também “pisou no freio” no início da covid-19 para entender melhor o cenário, mas logo retomou o crescimento proposto, depois de “entender o cenário e como reagir a ele”.
Questionado a respeito do uso dos recursos para potenciais aquisições capazes de escalar o crescimento de forma mais ágil, o executivo limita-se a responder que a companhia está sempre de olho no mercado. Não custa lembrar que, em abril deste ano, a fintech já incorporou a startup Apoema, especializada em cobrança.
“É um setor que tem diversos players, eventualmente vão surgir oportunidades para fazer aquisições. Não temos um alvo específico mas estamos constantemente atentos ao que surge e que faz sentido para a estratégia da empresa”, diz Marcelo.
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