André Luiz Gonçalves, da iugu: vamos crescer 80% neste ano (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 7 de novembro de 2023 às 11h28.
Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 14h12.
A fintech iugu levantou R$ 71,25 milhões em recursos a partir de uma captação usando um FIDC, veículo de antecipação de recebíveis.
O novo capital representa a segunda captação da startup com FIDC e servirá para o capital de giro dos clientes.
A captação teve assessoria do Bradesco BBI como coordenador líder, a BEM DTVM como administradora, o Banco Bradesco como custodiante do FIDC, da H2 Kapital S.A. como gestora do FIDC e do Trench Rossi como assessor legal.
Os recursos serão usados para financiar exclusivamente as operações de cartão de crédito dos clientes. A startup oferece uma plataforma de gestão de caixa e automatiza os processos de pagamento, reunindo diversos serviços em um só lugar.
No ano passado, a iugu já tinha levantado o valor de R$ 100 milhões, também com o Bradesco BBI apoiando a operação.
O banco ficou com 95% da cota sênior, tipo que tem preferência no recebimento do valor do resgate e amortização, e a fintech com 5%, na subordinada, classe que funciona como uma garantia adicional de recebimento e rentabilidade para a sênior.
Captado em abril do ano passado, esse primeiro fundo já rodou mais de R$ 1 bilhão em antecipações e continuará ativo.
A startup atua no mercado B2B e as suas soluções são empregadas em mercados diversos como healthtech, educação, logística e energia.
Na lista de serviços, estão as ofertas de meios de pagamento como emissão de boletos, pix e cartão de crédito, e recursos como o split, que permite a divisão do valor entre o prestador de serviço e a plataforma utilizada.
Entre os mais de 4.000 clientes diretos, estão as startups:
São empresas que trazem à plataforma mais de 50.000 clientes indiretos, como escolas (Isaac), cuidadores de cachorros (Dog Hero) e psicólogos (Vittude).
“A iugu é um produto que hoje ainda tem 60% da receita vindo dos meios de pagamento. Cada vez mais, estamos nos desenvolvendo para que a receita venha mais dos serviços de tecnologias e com maior valor adicionado, como o caso do serviço do split”, afirma André Luiz Gonçalves, CFO da iugu.
Os 40% restantes vêm da antecipação de recebíveis, mensalidade cobrada dos clientes, produtos de prevenção à fraude e float (a gestão da aplicação financeira do saldo dos clientes).
O profissional está na startup desde 2020, ano de dois eventos significativos na vida da iugu: a empresa recebeu a autorização do Banco Central para operar como instituição de pagamentos e obteve um aporte de R$ 120 milhões do Grupo Goldman Sachs. A entrada do novo sócio-investidor, hoje com participação de 22%, representou um período de virada.
O negócio ganhou um novo CEO com a chegada de Renato Fairbanks Ribeiro, um conhecido nome do private equity e ex-membro do conselho da BK Brasil, organização que opera os restaurantes Burger King, e da Neoway.
Foi nessa movimentação que Gonçalves entrou para a estrutura, ao lado de outros diretores.
No novo organograma, o fundador Patrick Negri passou a responder como CTO.
A iugu é a sua oitava empresa e foi criada em 2012 na garagem da casa da sua mãe em Dourados, no Mato Grosso do Sul.
Sob nova gestão, a startup tem conseguido avançar rapidamente no mercado.
Entre 2019 e 2022, a receita líquida da iugu saiu de R$ 35 milhões para R$ 146 milhões em 2022, uma expansão de 317%.
Em 2023, a expectativa é de que a startup tenha um novo salto, faturando um valor em torno de R$ 260 milhões.
Os números são acompanhados pela evolução da margem bruta, atualmente na casa de 58% - em 2019, o indicador estava em 36%.
No período, a startup diversificou os serviços, colocou no ar soluções próprias como o boleto, sem precisar de bancos para a emissão, e tem se beneficiado do aumento da presença do pix como meio de pagamento dos clientes.
“No ambiente de pessoa física, o pix é a escolha da população brasileira. No ambiente de pessoa jurídica, o boleto ainda é muito inseminado e uma fonte de pagamento fundamental para as empresas”, afirma Gonçalves. Além disso, em setembro do ano passado, adquiriu a carteira de clientes da Juno, empresa que pertencia ao portfólio da Ebanx.
Para manter a trajetória de expansão, a iugu deve ir ao mercado em busca de uma nova rodada nos próximos meses. Segundo Gonçalves, a startup não tem uma necessidade iminente de caixa e atingiu o break even (ponto de equilíbrio) em ebitda ao longo deste ano.
A demanda por capital é para acelerar a transição da empresa como provedora de tecnologia.
“Diante dos nossos projetos para o ano de 2024, principalmente o desenvolvimento de novos produtos de tecnologia, que é para onde nós estamos mirando estrategicamente, e para a continuidade dos serviços, nós queremos sim acessar o mercado para que isso possa ser feito de forma consistente”.
No momento, a startup está em conversas com fundos locais e internacionais para a captação.