Daniel Bergman, VP do Bullla: empresa captou R$ 75 milhões para ajudar na cessão de crédito a funcionários de empresas (Bullla/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 11h57.
Última atualização em 5 de janeiro de 2024 às 17h41.
Um ponto-chave na contratação de funcionários está no portfólio de benefícios que uma empresa oferece. Há uns bem “diferentões”, como pagamento de parte da viagem de férias e de contas de luz e de gasolina. Outros são mais tradicionais, como os famosos vale-refeição e vale-alimentação. Mas até esses estão passando por uma revolução.
Nos últimos anos, popularizou-se no mercado de trabalho cartões de benefícios mais flexíveis. Principalmente de startups, estes cartões permitem que o funcionário tenha maior poder de escolha para saber onde colocará o dinheiro que está ganhando.
O assunto, inclusive, deve esquentar mais neste ano. Aprovada em 2023, a portabilidade do vale-refeição (VR) e do vale-alimentação (VA) promete dar ao trabalhador a escolha de onde quer gastar esses recursos. Como ainda não é possível fazer essa transferência, milhões de brasileiros empregados sob o regime CLT andam com o bolso estufado com pelo menos dois cartões: um para o VR e outro para o VA. O saldo de um não pode migrar para outro e, não raro, a compra de mercadorias baratinhas depende de dois cartões.
Uma das empresas que olham para esse setor e pensam em como inová-lo é ao Bullla. A startup oferece um cartão de benefício que tem as partes mais tradicionais, de vale-refeição, por exemplo, mas que busca se diferenciar no fornecimento de crédito.
Isso porque, pelo cartão, os funcionários podem fazer compras sem juros. Já as empresas conseguem antecipar parte do salário para que o funcionário o use no cartão. É a digitalização do conhecido “vale” solicitado por muitos funcionários, principalmente os de renda menor.
Para financiar esse crédito concedido aos funcionários, a empresa acaba de captar R$ 75 milhões via Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). É o segundo aporte via essa modalidade de investimento. O primeiro foi em setembro do ano passado, quando a Bullla captou R$ 106,5 milhões para impulsionar as operações de crédito do Cartão BulllaEne.
O cartão da Bullla se chama BulllaEne. O nome faz referência a expressão “N possibilidades”, ou seja, inúmeras possibilidades com um único cartão. Isso porque ele usa os benefícios de empresas de maneira flexível. Pela mesma conta, o funcionário recebe dinheiro para alimentação e receber antecipação do salário.
Sobre a antecipação do salário, funciona assim: o funcionário tem a opção de antecipar o salário em até 30% por meio da função crédito, que é da bandeira Mastercard. Depois, no fim do mês, a empresa paga esse valor ao Bullla e desconta do salário do funcionário.
Além disso, também pelo aplicativo, é possível solicitar crédito parcelado, o que também pode ser contratado através de caixas eletrônicos da rede 24Horas. Ambos os descontos são feitos em folha de pagamentos.
Com o novo aporte, a empresa irá ampliar a oferta de empréstimos aos funcionários de seus clientes através da função de antecipação salarial sem juros ou do limite de crédito parcelado.
A operação foi realizada com o suporte da Vila Rica Capital e Oliveira Trust. Segundo João Matta, vice-presidente do Bullla, a captação reforça a estratégia da companhia, que já concedeu mais de R$ 1,5 bilhão em créditos.
Hoje, a Bullla já tem mais de 500 empresas como clientes. Entre elas, o gupo Haganá e e a Aegea. “Temos bastante empresas de segurança, de serviço e de limpeza como clientes. São pessoas que precisam de crédito”, diz Matta.
Em 2020, o Bullla adquiriu as atividades da americana WEX no Brasil e passou a comandar a operação de cartões da empresa.
A fintech é pioneira no país e regulamentada pelo Banco Central (Bacen) no modelo de empréstimo pessoal entre pessoas, que promove conexão direta entre investidores e tomadores de crédito por meio de um ambiente organizado, transparente e seguro do ponto de vista tecnológico, jurídico e mercadológico.
Em 2021, o Bullla contabilizou, em média, 14 mil operações mensais por intermédio do cartão, com movimentação financeira superior a R$ 204 milhões no ano passado, entre compras, saques e transferências.