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Fintech Astride levanta R$ 3 milhões para incentivar mais brasileiros a investir no exterior

Empresa ajuda investidores que querem colocar parte de seu capital fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos

Cristina Teixeira, CEO da Astride: meta é expandir operação para novos países (Astride/Divulgação)

Cristina Teixeira, CEO da Astride: meta é expandir operação para novos países (Astride/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de novembro de 2023 às 10h00.

Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 09h21.

Em 2020, com os juros nos seus menores patamares históricos, houve uma corrida de investidores para realocarem seus investimentos em opções mais rentáveis. Foi a época do crescimento acelerado da renda variável. Segundo dados da B3, o número de contas de pessoas físicas cadastradas na Bolsa brasileira praticamente duplicou no primeiro ano da pandemia. Foram 1,5 milhão de novos investidores.

Não foi só para o mercado doméstico que investidores passaram a olhar. O período pandêmico ajudou a acelerar a busca por investimentos fora do país. Outros momentos do país, como as eleições, também influenciaram algumas pessoas a aportarem seu capital em terras estrangeiras.

Foi esse movimento que a fintech Astride olhou para acelerar sua participação no Brasil. Com sede nos Estados Unidos e há 28 anos no mercado, a startup oferece consultoria tributária para quem quer investir fora do Brasil.O serviço é todo digitalizado e por uma plataforma online. Agora, recebe um aporte de 3 milhões de reais, via aporte de familiares, amigos e investidores anjo, para acelerar a tecnologia e expandir as operações no Brasil.

Também está fechando parceria com grandes bancos do Brasil para que eles ofereçam a consultoria da Astride para seus clientes. Na lista de parcerias recém-fechadas estão instituições como Avenue, de conta internacional, o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) e o Bradesco.

Como a Astride funciona

Com 28 anos de mercado, a Astride trabalha dando consultoria, principalmente tributária, a investidores que querem colocar parte do seu dinheiro nos Estados Unidos. Na prática, a empresa ajuda os investidores a criarem e manterem offshores para seus investimentos fora do Brasil.

As offshores são empresas que investidores criam para fazer a gestão de seu dinheiro fora do Brasil. De acordo com a regra atual, o investimento feito como pessoa física requer pagamento de imposto todos os meses, quando houver a recepção de um rendimento, que poderá ser juros, dividendos ou realização de um ganho de capital. Já com a abertura de uma offshore, é possível usar os rendimentos para reinvestir dentro da própria empresa sem tributação. Nesse movimento, ele paga o imposto quando transfere o dinheiro para uma conta pessoa física. "Desde que você reinvista esses ganhos na própria empresa, o imposto só será devido quando o investidor realizar a retirada de recursos da empresa para a pessoa física". 

Essa consultoria e orientação, na Astride, é feita de maneira digital, o que, segundo Cristina Teixeira, CEO da empresa, reduz os custos operacionais. "No passado, investir no exterior era um privilégio de milionários", fala. "Nosso objetivo é desmistificar essa ideia e atender a todos que desejam proteger seu patrimônio, oferecendo uma plataforma que combina tecnologia com taxas competitivas para o investidor comum".

Com esse serviço de consultoria, a startup fechará o ano faturando 1,2 milhões de reais, um crescimento de 409% em comparação com o ano anterior. O valuation (valor de mercado) é de 9,7 milhões de reais.

Quais são os novos desafios

Diferente do cenário de 2020, a taxa básica de juro no país está bem mais elevada do que os 2% daquela época. Investidores mais conservadores voltaram sua atenção para renda fixa.

A fotografia econômica dos Estados Unidos, porém, também mudou. Os juros por lá estão no maior patamar desde 2001, o que, também, atrai investidores focados num rendimento atrelado a uma moeda forte.

A Astride olha para todos esses cenários na estratégia de crescimento, que está muito focada em parceria com instituições financeiras brasileiras. A ideia é que esses bancos ofereçam os serviços da startup para seus clientes que queiram investir no exterior. Na lista de parceiros estão a Avenue e custodiante usada por bancos como BTG Pactual e Bradesco.

"Os bancos serão nosso principal canal de venda", diz Teixeira. "O alto padrão que oferecemos em atendimento e preços reduzidos, por conta da automação, gera muito valor para os bancos frente aos seus clientes".

Para os próximos anos, a meta é expandir a operação para outros países da América Latina. Além disso, a fintech deseja lançar a Astride Portugal, com funcionalidades semelhantes voltadas para consultoria contábil internacional. Inicialmente, o braço lusitano será destinado a brasileiros que residem no país.

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