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Irmãs criaram documentário da história da avó — agora, fazem isso para outras famílias

A Filme de Família cria filmes personalizados a partir de histórias reais; a missão é eternizar as memórias dos clientes

Gravação da Filme de Família: produtora faz documentários personalizados de até 40 minutos

Gravação da Filme de Família: produtora faz documentários personalizados de até 40 minutos

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 12 de outubro de 2025 às 06h12.

O almoço de domingo, a risada alta do tio contando a mesma história pela milésima vez, o cheiro da comida de vó. Algumas memórias queremos guardar para sempre — e duas irmãs de São Paulo já transformaram isso em negócio.

Aberta oficialmente em 2024, a Filme de Família cria documentários cinematográficos a partir de histórias reais. Seja a história das gerações de uma família, uma pessoa específica ou até uma empresa que busca transmitir a missão de marca de outra forma.

As irmãs Cecilia e Marina Engels tem um ticket médio de R$ 12.500 e, oficialmente, já atenderam 14 famílias.

O projeto, porém, começou mais de uma década atrás.

"Eu percebi que não sabia quase nada sobre a história da minha avó, e isso me gerou uma ansiedade. Então, comecei a gravá-la sempre que podia", diz Cecilia, que sempre trabalhou na área do audiovisual.

O filme, feito há mais de dez anos, virou tradição na família e sempre é assistido no Natal. De início, fez a avó "se sentir protagonista" e valorizar a própria história.

"Ela repetia em voz alta as respostas que tinha dado nos vídeos", lembra Cecilia.

Agora, em 2025, é uma forma dos filhos de Marina, de 5 e 3 anos, conhecerem a história da bisavó que não chegaram a conhecer.

"O nome já acabou pegando aí: Filme de Família", diz Cecilia.

Cecilia gostou da ideia e continuou a fazer documentários de outras famílias, mas a empresa não foi criada oficialmente até 2024.

Os clientes chegavam através do boca a boca, e Marina, formada em gestão ambiental, ainda não tinha entrado no projeto.

O primeiro cliente fora do círculo de amizades foi uma família de Araraquara, que desejava registrar a história dos avós libaneses.

A ideia era revisitar as dificuldades enfrentadas na imigração, as mudanças culturais e como a família preservou as raízes ao longo das gerações.

"Foi aí que percebi que aquilo poderia ser um negócio", diz Cecilia, que convidou a irmã para entrar no negócio.

Como é o processo de criação?

O trabalho, no entanto, não é simples. Em média, cada produção leva dois meses para ser concluída, e envolve desde entrevistas, escaneamento de fotos, levantamento de informações até a gravação e edição do material.

A abordagem cinematográfica, que traz a experiência de Cecilia no cinema, faz com que cada filme seja uma obra única.

"Quando trabalhamos em um filme de família, as pessoas começam a refletir sobre a própria história e se conectam mais profundamente com ela", diz Marina.

O processo começa com uma entrevista detalhada, onde as irmãs descobrem a essência da família e o que ela deseja contar.

Os filmes podem variar em duração, de 10 a 40 minutos, dependendo da história e das preferências da família.

"Pode ser sobre os encontros de domingo, os jogos de baralho ou até uma receita que atravessa gerações. O importante é capturar a essência do que é significativo", explica Cecilia.

O impacto do negócio

Em um dos filmes, o documentário de uma senhora de 100 anos foi exibido em uma sessão privada no cinema para a família.

A ideia era preservar a história de uma mulher que, embora fosse muito reservada, tinha uma vida cheia de histórias de superação e sabedoria.

Maria não era uma pessoa de muitas palavras, mas, ao ser filmada, se viu diante de uma oportunidade única de relatar o próprio passado e os momentos mais marcantes da vida.

Ela, que costumava ser reticente sobre a própria trajetória, passou a ver o valor em deixar essa memória registrada para seus descendentes.

"Quando a família assistiu ao filme, foi como se estivessem vendo Maria pela primeira vez. Eles disseram que conheceram um lado dela que nunca tinham percebido antes", conta Marina.

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