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Irmãs criam documentário sobre a avó — agora, fazem isso para os outros

A Filme de Família cria filmes personalizados a partir de histórias reais; a missão é eternizar as memórias dos clientes

Gravação da Filme de Família: produtora faz documentários personalizados de até 40 minutos

Gravação da Filme de Família: produtora faz documentários personalizados de até 40 minutos

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 12 de outubro de 2025 às 06h12.

Última atualização em 29 de outubro de 2025 às 08h17.

O almoço de domingo, a risada alta do tio contando a mesma história pela milésima vez, o cheiro da comida de vó. Algumas memórias queremos guardar para sempre — e duas irmãs de São Paulo já transformaram isso em negócio.

Aberta oficialmente em 2024, a Filme de Família cria documentários cinematográficos a partir de histórias reais. Seja a história das gerações de uma família, uma pessoa específica ou até uma empresa que busca transmitir a missão de marca de outra forma.

As irmãs Cecilia e Marina Engels tem um ticket médio de R$ 12.500 e, oficialmente, já atenderam 14 famílias.

O projeto, porém, começou mais de uma década atrás.

"Eu percebi que não sabia quase nada sobre a história da minha avó, e isso me gerou uma ansiedade. Então, comecei a gravá-la sempre que podia", diz Cecilia, que sempre trabalhou na área do audiovisual.

O filme, feito há mais de dez anos, virou tradição na família e sempre é assistido no Natal. De início, fez a avó "se sentir protagonista" e valorizar a própria história.

"Ela repetia em voz alta as respostas que tinha dado nos vídeos", lembra Cecilia.

Agora, em 2025, é uma forma dos filhos de Marina, de 5 e 3 anos, conhecerem a história da bisavó que não chegaram a conhecer.

"O nome já acabou pegando aí: Filme de Família", diz Cecilia.

Cecilia gostou da ideia e continuou a fazer documentários de outras famílias, mas a empresa não foi criada oficialmente até 2024.

Os clientes chegavam através do boca a boca, e Marina, formada em gestão ambiental, ainda não tinha entrado no projeto.

O primeiro cliente fora do círculo de amizades foi uma família de Araraquara, que desejava registrar a história dos avós libaneses.

A ideia era revisitar as adaptações enfrentadas durante a imigração, as mudanças culturais e como a família preservou as raízes ao longo das gerações.

"Foi aí que percebi que aquilo poderia ser um negócio", diz Cecilia, que convidou a irmã para entrar no negócio.

Como é o processo de criação?

O trabalho, no entanto, não é simples. Em média, cada produção leva dois meses para ser concluída, e envolve desde entrevistas, escaneamento de fotos, levantamento de informações até a gravação e edição do material.

A abordagem cinematográfica, que traz a experiência de Cecilia no cinema, faz com que cada filme seja uma obra única.

"Quando trabalhamos em um filme de família, as pessoas começam a refletir sobre a própria história e se conectam mais profundamente com ela", diz Marina.

O processo começa com uma entrevista detalhada, onde as irmãs descobrem a essência da família e o que ela deseja contar.

Os filmes podem variar em duração, de 10 a 40 minutos, dependendo da história e das preferências da família.

"Pode ser sobre os encontros de domingo, os jogos de baralho ou até uma receita que atravessa gerações. O importante é capturar a essência do que é significativo", explica Cecilia.

O impacto do negócio

Em um dos filmes, o documentário de Luciana, uma senhora de 100 anos, foi exibido em uma sessão privada no cinema para a família.

A ideia era preservar a história de uma mulher que, embora fosse muito reservada, tinha uma vida cheia de histórias de superação e sabedoria.

Luciana não era uma pessoa de muitas palavras, mas, ao ser filmada, se viu diante de uma oportunidade única de relatar o próprio passado e os momentos mais marcantes da vida.

Ela, que costumava ser reticente sobre a própria trajetória, passou a ver o valor em deixar essa memória registrada para seus descendentes.

"Quando a família assistiu ao filme, foi como se estivessem vendo Luciana pela primeira vez. Eles disseram que conheceram um lado dela que nunca tinham percebido antes", conta Marina.

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