Ghosn: promotoria de Tóquio acredita que estes custos fariam parte da receita que Ghosn não declarou ao regulador da bolsa japonesa nos últimos 5 anos (Getty/Getty Images)
EFE
Publicado em 20 de novembro de 2018 às 06h31.
Última atualização em 20 de novembro de 2018 às 06h32.
Tóquio - Uma filial da Nissan Motor gastou US$ 17,8 milhões em casas para o seu ainda presidente, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, detido ontem em Tóquio por supostas irregularidades fiscais, informou nesta terça-feira a imprensa japonesa.
As transações teriam sido realizadas através de uma filial holandesa constituída em 2010 integralmente pela montadora japonesa aparentemente com fins de investimento, que teria adquirido imóveis no Rio de Janeiro e em Beirute, segundo disseram fontes ligadas ao caso ao jornal econômico japonês "Nikkei".
Segundo a emissora pública "NHK", também foram compradas casas em Paris e Amsterdã "sem nenhuma razão comercial legítima".
A promotoria de Tóquio, que deteve nesta segunda-feira, 19, o executivo franco-brasileiro de 64 anos, acredita que estes custos fariam parte da receita que Ghosn não declarou ao regulador da bolsa japonesa nos últimos cinco anos, segundo a agência de notícias "Kyodo".
A soma não declarada ascenderia a um total de US$ 44,4 milhões, o que constitui uma violação da legislação de instrumentos financeiros de Japão, castigada com penas de até 10 anos de prisão, uma multa de 10 milhões de ienes ou ambas.
Segundo a lei que rege este crime, uma empresa poderia enfrentar uma multa de até 700 milhões de ienes.
De acordo com a imprensa local, a promotoria e a Nissan teriam assinado um acordo de negociação para que as autoridades não acusem a montadora ou apresentem acusações que acarretem penas menores para os suspeitos ou acusados se cooperarem com a investigação.
A Nissan evitou fazer comentários à Agência Efe a esse respeito por considerar que "é cedo demais", segundo declarou um porta-voz, enquanto esperam que haja mais informação nos próximos dias.
A suposta infração provocará, por enquanto, a saída de Ghosn do cargo de presidente do grupo, uma medida que deve ser confirmada na quinta-feira junto com a destituição como diretor representativo de Greg Kelly, que é apontado como supervisor das transações.