Matheus Peressoni, Rafael Kader e Mateus Mattos, da Coala: empresa quer triplicar o número de escolas atendidas já no começo de 2024 (Coala/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 08h01.
Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 14h49.
O Brasil tem mais de 9 milhões de alunos em escolas privadas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Educação, um público em que a startup Coala está de olho. A healthtech de saúde escolar entrou no mercado no ano passado e acaba de captar 12,5 milhões de reais em rodada semente.
O investimento foi liderado pela Owl Ventures, fundo global especializado no mercado de edtech e que tem mais de 2,2 bilhões de dólares sob gestão. Na lista de investidores anjos, a startup recebeu capital de alguns nomes importantes no mercado de educação básica no país.
A Coala se propõe a cuidar de uma dor de cabeça gigante na vida dos pais e das escolas. Quando uma criança fica doente ou sofre um acidente em ambiente escolar, os pais e responsáveis precisam sair do trabalho, deixar tudo que estão fazendo e correr ao socorro dos pupilos. Às vezes, a pressa é necessária. Em outros casos, não.
“Hoje, as escolas não têm estrutura para analisar e resolver essas situações. Nós queríamos criar uma solução que desse segurança e integrasse a família neste processo”, afirma Rafael Kader, CEO da Coala Saúde. Médico, ele cofundou a startup com o amigo e também médico Mateus Mattos, COO, e o desenvolvedor de softwares Matheus Peressoni (CTO).
O embrião da startup foi um projeto tocado por Kader e Mattos quando faziam medicina na UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dois levavam ações de promoção de saúde para escolas públicas e começaram a entender os desafios da saúde nesses ambientes. Alguns anos mais tarde, a partir do avanço tecnológico, transformaram o projeto na Coala e colocaram o foco do modelo nas escolas privadas.
O serviço funciona como uma plataforma de telemedicina e, quando acionada, conecta escola, aluno, um representante familiar e o médico da Coala, especialmente pediatras. Uma camada importante nesta história está na qualificação de alguns profissionais das escolas para que sejam os ‘coordenadores de saúde’, são essas pessoas que vão ajudar a estabelecer a ponte.
“Nós atendemos em menos de 1 minuto e meio”, diz Kader. Segundo ele, mais de 95% dos casos são resolvidos pelo atendimento digital e não requerem que as crianças precisem deixar a escola. As exceções são episódios graves como acidentes ou procedimentos clínicos que demandam um nível maior de atenção. Entre as principais queixas, estão doenças respiratórias e infecciosas, dores diversas, traumas, acidentes e questões relacionadas à saúde mental.
O público atual da plataforma está na casa de 20 mil alunos, desde bebês a adolescentes em idade pré-vestibular, oriundos de seis estados e 80 escolas, como os grupos educacionais Raiz Educação, Grupo Salta, Grupo Força Máxima. A expectativa é de conquistar um número bem maior nos próximos meses e começar 2024 com mais de 200 unidades escolares, elevando o volume de estudantes à primeira centena de milhares.
Os novos recursos chegam para apoiar essa estratégia de ganho de escala da plataforma. Dentre os usos, a startup pretende reforçar a equipe, hoje composta por 35 pessoas, além dos médicos que atendem na ferramenta, e desenvolver novas soluções. A primeira a ser lançada será direcionada à saúde mental, uma demanda em alta na população estudantil.
Em paralelo, a startup quer avançar no uso de inteligência artificial para criar uma base de dados que ajude a identificar padrões de sintomas e ainda possa prevenir eventuais surtos, como o da gripe, tão comum nas escolas em determinadas épocas do ano. “Inteligência Artificial faz parte da nossa inteligência de negócio para fazer triagens um pouco mais automatizadas e classificação de risco mais rápido”, diz Kader.
Mais para o médio e longo prazos, o profissional quer atrair a atenção dos governantes e levar a plataforma para a escola pública, onde atualmente estão mais de 38 milhões dos estudantes da educação básica no país.
“A gente sabe que se não prevenir, as crianças vão parar no hospital e vai custar mais caro para o governo. Nós podemos fazer o trabalho que está desenvolvido nas escolas privadas também nas públicas”, afirma. Segundo o cofundador, as conversas ainda são embrionárias, até pelo foco da startup em se consolidar no mercado privado de educação.