LeBron James, do Miami Heat, durante partida da final da NBA contra o San Antonio Spurs (Steve Mitchell/USA TODAY Sports/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2014 às 23h40.
Nova York - Micky Arison, o bilionário dono do Miami Heat, se convenceu de que seu filho tinha a paixão necessária para dirigir a equipe quando sua família estava em San Antonio passeando pelo River Walk antes do All Star Game de 1996 da NBA.
Nick Arison, na época com 14 anos, saiu correndo sem explicação e desapareceu durante uma hora depois de avistar o novato Kevin Garnett em um barco, abrindo caminho pela água.
“Não o encontrávamos”, disse Micky Arison, de volta a San Antonio, onde os Spurs e o Heat estão empatados nos dois primeiros jogos das finais da NBA. “Ele estava buscando o autógrafo do KG”.
Nick Arison, CEO do Heat, que preferiu não comentar essa história, passou a maior parte de seus 32 anos tentando conseguir autógrafos de jogadores de basquete: primeiro em posters e pedaços de papel e agora em contratos de centenas de milhões de dólares, incluindo o que ajudou a assegurar com aquele que por quatro vezes foi considerado o jogador mais valioso do torneio: LeBron James.
Quando a cúpula do Heat, incluindo o presidente da equipe, Pat Riley, fechou com James, só um membro do grupo deu um abraço no agente livre (jogador sem contrato) mais cobiçado da história da liga.
O filho, considerado “muito inteligente e muito aplicado” pelo ex-comissário da NBA, David Stern, sempre foi mais apaixonado por basquete que por barcos, o outro ramo de negócios da família Arison.
O pai de Micky, Ted, transformou um único navio usado na Carnival, a maior empresa de cruzeiros do mundo. Micky Arison é o presidente da companhia.
“Ele sempre teve um gosto, um interesse pelo time, mas não muito pela companhia de cruzeiros”, disse Micky Arison, cujo patrimônio líquido é de US$ 7,4 bilhões, segundo o índice Bloomberg Billionaire.
Esfregando o chão
O garoto então ganhou um emprego no Heat, usando um esfregão e recolhendo toalhas encharcadas de suor.
“Até hoje eu vejo os gandulas e digo ‘Jesus Cristo, ele era um excelente gandula’”, disse Micky Arison sobre Nick, que depois de seu 30º aniversário foi nomeado CEO do Heat, o que o colocou no comando das operações cotidianas do clube.
Por acaso o basquete teve um papel importante quando Nick resolveu estudar na Universidade Duke, uma das que estavam em sua lista. Segundo Micky Arison, sua visita para conhecê-la coincidiu com o jogo contra Carolina do Norte.
Só que Nick Arison não se contentou em assistir aos jogos com os colegas Cameron Crazies, como os estudantes da Duke são conhecidos.
Ele passou quatro temporadas como gerente da equipe sob as ordens do treinador Mike Krzyzewski, presente no hall da fama do esporte e que, segundo o ex-jogador do Blue Devils, Shane Battier, traz para seu programa de treinamentos o mesmo detalhamento e disciplina que aprendeu em West Point, a academia militar dos EUA.
Seleção dos EUA
Quando Jerry Colangelo pediu que Krzyzewski treinasse a seleção nacional dos EUA, ele também chamou sua equipe, incluindo o filho do bilionário, que nunca reclamou por exercer as tarefas mais subalternas.
Nick Arison era tão obediente desempenhando tarefas assim durante as Olimpíadas de 2008 que Krzyzewski disse: “Eu tinha que lembrar a mim mesmo que aquele era o filho de um bilionário”.
Segundo Colangelo, os jogadores dos EUA gostavam do comportamento discreto de Nick Arison.
Abraço de LeBron
Essa afinidade ficou evidente quando o Heat atraiu agentes livres, incluindo James, que chegou a quatro finais seguidas da NBA desde que se juntou a Dwyane Wade e Chris Bosh em Miami.
“Ele era a única pessoa em quem, quando entramos na sala, LeBron deu um abraço e disse, ‘como vai você?’”, disse Micky Arison, relembrando a contratação de James antes da temporada 2010-2011.
E está tudo bem para o pai, que nessa época do ano fala com o filho todos os dias. Eles se sentam juntos durante os jogos, como farão hoje à noite quando a série de melhor de sete do campeonato for retomada, em Miami, onde Micky Arison resume seus respectivos papéis com o time assim:
“Ele é o cara, eu sou o torcedor”.